“Os sete saberes necessários à educação do futuro”

Cortez Editora lança em parceria com a Unesco edição revisada da obra de Edgar Morin.

Em dezembro de 2010, em Fortaleza, presidida por Edgar Morin, ocorreu a Conferencia Internacional sobre os Sete Saberes Necessários à Educação do Presente e, na ocasião, a Unesco reeditou o texto que agora será relançado em parceira com a Cortez Editora. O livro mantem uma qualidade incontestável. Deixa claro que decorrido 11 anos, de sua primeira edição, ainda serão necessárias muitas ações e posturas que garantam um futuro sustentável e uma educação verdadeiramente democrática, na qual as pulsões da regeneração prevaleçam definitivamente sobre as forças da desintegração. A obra “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, nasceu em 1999 de uma solicitação da Unesco ao filósofo Edgar Morin - nascido na França, em 1921 e um dos maiores expoentes da cultura francesa no século XX - a sistematização de um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XXI.

As ideias de Edgard Morin são marcadas por uma recursividade exemplar. Basta ter acesso ao conjunto de sua obra para observar como expressões, argumentos e reflexões que aparecem de forma sintética em alguns de seus livros reaparecem em outros de modos renovados, instigante e provocador. Essa característica que expressa o pensamento aberto e complexo de um dos mais expressivos pensadores do nosso tempo permite compreender também como o intelectual pode articular o uno e o múltiplo, a diversidade e a unidade.

Em julho de 1999, Edgard Morin visitou pela segunda vez a cidade de Natal, para receber o título “Honoris causa” que lhe foi concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nessa ocasião foi lançado pela EDUFRN Complexidade e Transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do ensino fundamental, um pequeno livro que teve suas duas edições rapidamente esgotadas.

Complexidade e Transdisciplinaridade continha duas partes: Sobre a reforma universitária, texto originalmente publicado na Revista Trabajo Social da Escuela Nacional de Trabajo Social, em 1997, UNAM, México; e “A articulação dos saberes”, pronunciamento de E. Morin em entrevista coletiva no dia 8 de janeiro de 1998, por ocasião da instalação do Conselho Científico que elaborou a consulta sobre “Que saberes ensinar nas escolas“, iniciativa do então Ministro da Educação Nacional da França, Claude Allegre. Se fosse possível sintetizar o conteúdo e o objetivo dos dois ensaios, poder-se-ia afirmar que ambos se situam no registro do pensamento complexo que investe contra a fragmentação do conhecimento e a disciplinarização excessiva de currículos, departamentos, universidades e dos próprios professores. O texto inicial foi revisado e agregou-se uma terceira parte, “A propósito dos sete saberes, conferência organizada pela Societé Angevine de Philosophie”, em 10 de fevereiro de 2000.

Como tudo que é marcado pela complexidade e pela incerteza, esses três ensaios permitirão ao leitor abrir-se a outras reformas identificadas por ele como urgentes na sua lida cotidiana com educador, dentro da sala de aula e fora dela. Espera-se que as ideias, argumentos, provocações e sugestões esboçadas possam encorajar os professores e alunos brasileiros a fazerem uso da criatividade, essa aptidão fundamental do sapiens-demens sem a qual nenhuma educação, nenhuma antropoética, nenhuma auto formação é possível.