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16/07/2011 - 08:51

O “não” a Abílio Diniz

A polêmica proposta de fusão entre o Carrefour e o Pão de Açúcar parece ter-se inviabilizado ante a negativa do acionista majoritário da grande rede de supermercados brasileira, o Grupo Casino. Para o empresário Abílio Diniz e sua companhia foi um retrocesso, pois, de acordo com estudos efetuados, o ganho seria de R$ 8,4 bilhões.

Como a maior parte das ações ordinárias está nas mãos do Casino desde 1999, com um total de 67,1%, e a família Diniz com 32,8%, o acordo de acionistas, quando da fusão entre Casino e Pão de Açúcar, estabelecia que o empresário brasileiro administraria a empresa até 2011 e que, a partir de 2012, a gestão passaria ao grupo francês.

Na trajetória dos negócios, o Pão de Açúcar recuperou mercado e atualmente tem uma representatividade significativa no comércio varejista, inclusive agregando outros segmentos. Percebendo essa evolução e o encerramento do acordo de acionistas, até o momento mantido pelo Casino, Diniz, através de sua assessoria, buscou diversas alternativas para manutenção da empresa nas mãos da família. O que fica aparente é que tudo foi efetuado de maneira oculta, sem comunicar o acionista majoritário nesse caso.

Para aprovação da operação, o acionista majoritário deveria ser comunicado inclusive das bases da negociação, e isso independentemente da concorrência doméstica na França ou no mundo. Foi exatamente nesse ponto que a situação ficou complicada, gerando o desgaste entre os principais acionistas.

Em uma simulação, sem o aporte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), considerando a posição das demonstrações financeiras encerradas em 31 de março deste ano, o patrimônio líquido ficaria em R$ 7,24 bilhões. Em assembleia, o que dá direito a votos são as ações ordinárias, e a proporcionalidade maior é do Grupo Casino, com 67,1%. Portanto, ele tem a prerrogativa de efetuar qualquer processo de gestão, desde expandir, investir ou finalizar projetos nos quais não haja interesse.

Com a entrada de R$ 4 bilhões do BNDES e a premissa inicial de nenhum acionista colocar um centavo na empresa, o patrimônio líquido seria de R$ 11,24 bilhões e a participação do Grupo Casino em ações ordinárias ficaria em torno de 43,2%, correndo o risco de, em um apoio do BNDES, Diniz continuar na gestão da organização, pois teria, no conjunto, mais de 50% das ações ordinárias. A estratégia definida pela equipe que estudou a proposta de Diniz se manter na gestão dos negócios foi por água abaixo no momento em que o acionista majoritário soube da proposta e estudou o que poderia acontecer. E o Casino, certamente, teria frustrada a possibilidade de gerir os negócios aqui no Brasil.

Cabe saber agora qual é a próxima investida de Diniz, já que o tempo está se esgotando. Acredito que, se mantivesse antes de qualquer atitude uma conversa paralela, poderiam até haver algumas modificações no projeto e viabilizar o negócio, mas tudo o que é feito de modo arbitrário e às escuras gera dúvidas. Certamente, o acionista estrangeiro ficou com a pulga atrás da orelha.

. Por: Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.

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