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23/07/2011 - 09:44

Desaquecimento da indústria se agrava no segundo trimestre, diz CNI

Brasília – Com a produção registrando 48,1 pontos e a utilização da capacidade instalada (UCI) aquém do usual, com 44,7 pontos em junho, a indústria brasileira registrou uma “evidente queda” na demanda no segundo trimestre do ano, sofrendo forte impacto. O diagnóstico é da Sondagem Industrial, divulgada no dia 22 de julho (sexta-feira), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os indicadores variam de zero a cem. Valores acima de 50 mostram evolução positiva, estoque acima do planejado ou UCI acima do usual.

“A atividade industrial está perdendo força. Os sinais de desaquecimento existentes no primeiro trimestre se tornaram mais evidentes durante o segundo trimestre, sobretudo em junho”, assinala a pesquisa, que ouviu 1.692 empresas entre 1º e 15 de julho, das quais 915 pequenas, 535 médias e 242 grandes.

Os empresários informaram que os estoques efetivos em relação ao planejado atingiram 53 pontos, o maior valor desde 2009. “Diferentemente do primeiro trimestre, as empresas acumularam estoques durante todo o segundo trimestre”, registra a Sondagem Industrial, lembrando que tal acúmulo resultou de vendas menores do que as pretendidas.

O gerente-executivo da Unidade de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, atribuiu a desaceleração da produção industrial a dois fatores principais – o aperto no crédito e a alta dos juros promovidos pelo Banco Central e a maior competição dos produtos importados, pela valorização do câmbio. “Estes dois fatores, que refletem diretamente na demanda e na concorrência com o produto nacional, levaram à perda de dinamismo da indústria”, acrescentou.

Insatisfação – A CNI detectou insatisfação do empresariado da indústria com a margem de lucro operacional e constatou que apesar de continuar positiva, a satisfação com a situação financeira da empresa recuou. “A contínua moderação da atividade industrial e um câmbio que favorece cada vez mais os produtos importados prejudicam as condições financeiras das empresas. Os industriais encontram-se insatisfeitos com suas margens de lucro e a satisfação com a situação financeira é cada vez menor”, atesta a pesquisa.

A Sondagem Industrial apontou novo recuo no índice de satisfação com a margem de lucro, que caiu de 46,6 pontos nos três meses iniciais do ano para 45,7 pontos no segundo trimestre. “Ao se afastar ainda mais da linha divisória de 50 pontos, o indicador registra aumento da insatisfação”, sublinha a pesquisa. Apesar de permanecer positiva, com 51,5 pontos, a satisfação com a situação financeira caiu de 46,6 pontos no primeiro trimestre para 45,7 pontos entre abril e junho. “A satisfação diminuiu pelo terceiro trimestre consecutivo e o índice é o menor desde o terceiro trimestre de 2009”, pontua o levantamento.

A CNI informa que o aperto monetário promovido pelo Banco Central tornou o acesso das empresas ao crédito mais difícil. O índice de acesso ao crédito atingiu 43,8 pontos no segundo trimestre, o menor valor desde o quarto trimestre de 2009.

A falta de demanda ganhou no segundo trimestre maior importância entre os principais problemas listados pelo empresário industrial. “. Entre as pequenas empresas, esse item passou da sexta para a quarta posição entre os principais problemas. Nas médias empresas, o registro subiu de 26,4% para 29,9% das empresas, mantendo-se na terceira posição. O problema ganhou importância também entre as grandes empresas, passando da sétima para a sexta posição. A maior importância do problema explicita o desaquecimento da demanda por produtos industriais domésticos”, relata a pesquisa.

Regiões e setores - De acordo com o levantamento, estão na região sul os sinais mais claros de desaquecimento da atividade industrial. A UCI nas empresas do sul ficou em 43,7 pontos em relação ao normal e o índice de estoques atingiu 55,4 pontos, enquanto a produção registrou 45,7 pontos, decrescendo na comparação com maio. A região foi a única que em junho reduziu o número de empregados, índice que marcou 48,5 pontos.

Após constatar que a desaceleração da indústria está mais disseminada entre os setores, com a UCI abaixo do usual em junho em 24 dos 26 segmentos abrangidos pela pesquisa, a CNI se declara preocupada especialmente com o setor têxtil.

“A produção está caindo na comparação com o mês anterior desde novembro de 2010. O número de empregados também se reduz desde janeiro. A utilização da capacidade instalada do setor têxtil está abaixo do usual para o mês desde setembro de 2010. Mesmo reduzindo sua produção mês a mês, a demanda é insuficiente para absorver a produção”, analisa a Sondagem Industrial.

Apesar das avaliações negativas, os empresários da indústria mostram-se otimistas nas expectativas sobre a contratação de empregados e compras de matérias-primas. Estes índices assinalaram, em julho, 54,2 pontos e 58,2 pontos, respectivamente, mantendo praticamente os mesmos patamares de junho (54 pontos e 58 pontos).

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