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23/07/2011 - 10:00

A volta por cima


Neste segundo semestre que se inicia, a indústria têxtil e de confecção, dentre outros segmentos geradores de mão de obra intensiva, terá a folha de pagamentos desonerada. Ademais, deverá ser unificada a alíquota do ICMS para mercadorias importadas da cadeia produtiva, na qual a guerra fiscal tem sido um dos empecilhos mais perniciosos. A boa notícia é fruto de um grande esforço de mobilizaçãosetorial, que culminou com o compromisso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, perante dirigentes classistas representantes das empresas e trabalhadores e dos deputados e senadores integrantes da Frente Parlamentar "José Alencar".

Além da adoção das pertinentes medidas, foi instituído grupo técnico, que já está trabalhando, encarregado de analisar e debater numerosas propostas destinadas a ampliar a competitividade setorial: fortalecimento da confecção, intensificação da fiscalização do comércio desleal de importados e criação de linhas de financiamento específicas para o setor. Esse processo sinérgico entre os setores produtivos, no caso representado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o governo e o Poder Legislativo indica caminhos profícuospara a solução de alguns problemas agudos da economia nacional.

Com as medidas anunciadas, o governo demonstrou sensibilidade ante uma questão grave que atinge a indústria têxtil e de confecção, cuja competitividade vem sendo sistematicamente abalada pelo conhecido “Custo Brasil” e o câmbio sobrevalorizado. Estes obstáculos tornam o setor exposto ao ataque internacional ao aquecido mercado brasileiro e a práticas pouco alinhadas às normas civilizadas e éticas do comércio mundial.

O resultado desse cenário se expressa no déficit de US$ 5 bilhões da balança comercial setorial em 2010, sendo US$ 2,17 bilhões referentes apenas às exportações/importações à China. O problema agrava-se, pois o saldo negativo no comércio multilateral nos primeiros cinco meses de 2011 foi de US$ 1,89 bilhão, significando crescimento de 46,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

A despeito de todas essas dificuldades, que nos custaram a criação de 135 milempregos em 2010, a indústria têxtil e de confecção continua investindo (mais de US$ 2 bilhões no ano passado) e priorizando diferenciais competitivos civilizados e politicamente corretos, representados pelo respeito ao ambiente e à sustentabilidade dos recursos naturais, design avançado, tecnologia, inovação, conhecimento, novos materiais e serviços de qualidade.

O Brasil tem a quinta maior indústria têxtil e de confecção. Possivelmente, passaremos ao quarto lugar em 2011. As empresas distribuem-se em todo o território nacional e mesclam uma base produtiva forte, ampla, diversificada e fomentadora de conhecimento e inovação. Temos semanas de moda com importância global, uma cadeia de distribuição com mais de 100 mil pontos de venda e um dos maiores mercados consumidores do mundo.

Assim, a partir das medidas anunciadas pelo governo, o setor agrega condições maisadequadas para se defender no contexto do assédio dos concorrentes estrangeiros ao atrativo mercado brasileiro. Mais do que isso, pode partir para um estratégico contra-ataque, mirando de maneira ousada – e agora mais viável - o universo de consumo das economias com as quais temos hoje desvantagem no comércio bilateral. É o prenúncio de uma volta por cima, viabilizada pelo diálogo e o entendimento entre a sociedade e o governo, elementos dos quais não se pode prescindir nas democracias contemporâneas.

. Por: Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).

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