Produto argentino afeta indústria brasileira de aerossóis

Câmbio desfavorável e subsídios internos argentinos para o gás propelente são fatores que estão aniquilando a indústria brasileira de aerossóis. Projeções da Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes (Abas), com base nos dados oficiais de importação, indicam que, até o final de 2007, 85% dos desodorantes em aerossol consumidos no Brasil serão importados já envasados da Argentina. Segundo a Associação, o mesmo cenário desastroso irá se repetir no mercado de inseticidas, onde a penetração do produto importado da Argentina poderá atingir 55% do consumo brasileiro.

Segundo Antonio Carlos Teixeira Álvares, presidente do Sindicato da Indústria de Estamparia de Metais do Estado de São Paulo (Siemesp*), entidade que representa os fabricantes de embalagens de aço e alumínio para aerossóis, o governo brasileiro não tomou medidas efetivas para deter esse processo enquanto que, por muito menos, o governo argentino acionou medidas drásticas contra produtos brasileiros como têxteis, calçados, televisores, e muitos outros, o que levou a indústria nacional a negociar e aceitar o contingenciamento compulsório das exportações. Teixeira afirma que até agora, nas reuniões de monitoramento comercial, conduzidas pelo MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o setor privado argentino de aerossóis tem se demonstrado insensível e tem se recusado a discutir um contingenciamento voluntário das exportações ao Brasil.

“Certamente por não acreditar que o governo brasileiro possa rebater as mesmas medidas adotadas pelo governo argentino, o setor privado argentino agora assume uma atitude de extrema descortesia, negando-se a comparecer na reunião bilateral marcada para sexta-feira passada (10/08) na Secex – Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, no Rio de Janeiro”, ressalta Teixeira.

Face à gravidade do problema, que vem acarretando o fechamento de fábricas brasileiras e a demissão de postos de trabalho, o Siemesp estuda providências de âmbito judicial para impedir o desaparecimento deste setor industrial brasileiro.

Fundado em maio de 1941, o Sindicato da Indústria de Estamparia de Metais do Estado de São Paulo (Siemesp), integrante do Sistema Fiesp, hoje representa a totalidade dos fabricantes de latas para bebidas, aerossóis e bisnagas de alumínio instalados no país. Representa também a quase totalidade dos fabricantes brasileiros de latas de aço e de tambores de aço.