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27/07/2011 - 12:06

Analfabetismo financeiro eleva inadimplência

São Paulo – O crescimento da inadimplência no Brasil, que já atinge 9% dos empréstimos segundo estimativa do Serasa, pode ser também resultado do analfabetismo financeiro do brasileiro. A observação é do consultor em finanças pessoais Marcelo Maron, que também é professor da UniEuro de Brasília (DF). Segundo Maron, nenhuma escola ensina finanças pessoais aos alunos, sejam eles estudantes do ensino fundamental, médio ou até mesmo universitário:

“O brasileiro sofre com endividamentos porque, na maioria dos casos, desconhece os juros que lhe são cobrados. Pouca gente sabe que ao comprar uma televisão financiada, por exemplo, podemos terminar pagando três aparelhos ao invés de um. Esses juros elevados, associados ao analfabetismo financeiro dos consumidores, leva ao crescimento da inadimplência”, explica o consultor.

Mais do que limitar a prática de juros altos, Maron assinala que a educação financeira precisa começar no ensino fundamental. Segundo ele, nem mesmo em universidades, inclusive em cursos de Administração, os alunos recebem aulas sobre finanças pessoais:

“É como se partíssemos do princípio de que todas as pessoas conhecem o assunto, e portanto, ele não precisa ser ensinado. Como resultado disso vemos muitos jovens, que acabam de entrar na vida profissional, já endividados, precisando, inclusive, trancar matrículas em faculdades em função da falta de dinheiro”, alerta.

Para Maron, a desinformação sobre finanças leva muitas pessoas a terem seus nomes negativados em instituições de análise de crédito, o que as impede de conseguirem melhores opções de crédito para sanear dívidas:

“Todo crédito fácil como cartão de crédito ou cheque especial, que é conseguido sem muita burocracia, é um crédito caro. As pessoas endividadas nesse tipo de crédito precisariam recorrer a créditos mais baratos, que exigem análise mais criteriosa, mas elas simplesmente não conseguem estas opções de financiamento quando têm seus nomes negativados em órgãos de análise de crédito, o que leva muitos a se conformarem e abandonarem as tentativas de solução negociada do problema, o que é a pior solução”, assinala Maron.

De acordo com o consultor, pessoas que devem em cartões de crédito algo próximo a R$ 5.000,00 podem ter a dívida transformada rapidamente em algo como R$ 70.000,00, e depois de algum tempo com nome negativado, recebem ofertas para liquidação desse débito gigantesco por meio de uma pagamento parcelado de R$ 8.000,00 ou R$ 9.000,00:

“O que as pessoas não percebem é que já estão pagando o dobro do que deviam, isso pelo simples fato de que a sobreposição de juros sobre juros torna a dívida impagável”, alerta. “E isto muitas vezes vem disfarçado de um desconto enorme em cima de uma dívida irreal”.

O desconhecimento sobre os mecanismos de endividamento bem como da legislação, leva as pessoas a fazerem cálculos primários para avaliar se um prestação cabe ou não no orçamento:

“A pessoa olha para a prestação e se esquece de avaliar o prazo e a taxa de juros. Quando financiamos aquela televisão dos sonhos, costumamos pagar três televisões pelo preço de uma. O imóvel dos sonhos, quando financiado, pode custar duas vezes e meia o seu valor. Se o brasileiro tivesse mais informação sobre estes mecanismos de crédito e financiamento, resistiria mais a esse tipo de oferta e poderia ajudar a baratear o crédito”, assinala Maron.

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