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27/07/2011 - 12:31

Uma ponte entre a literatura, o jornalismo e as novas mídias

Um dos principais debates da 14ª Jornada Nacional de Literatura traz à tona as convergências entre mídias.

Literatura e jornalismo sempre deram as mãos. Desde a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, na Idade Média, muitos literatos atuaram como repórteres incansáveis, editores, fundadores de órgãos de imprensa. E foram nas páginas de jornais, no caso do Brasil, que surgiram alguns dos clássicos da literatura através dos folhetins. Atualmente, entram em campo as convergências entre a escrita e as diversas plataformas físicas e digitais que a mídia assume. As relações entre essas áreas será o tema do debate “Diálogo, mídias e convergências”, que acontece no dia 25 de agosto, às 14 horas, no Palco de Debates da 14ªJornada Nacional de Literatura. Participam dele os escritores Edney Silvestre, Eliane Brum e João Alegria. Todos, porém, têm um envolvimento com a mídia, de diferentes maneiras.

Edney Silvestre, por exemplo, engrossa o time de escritores e jornalistas. E não consegue ver fronteiras entre as duas áreas. “Eu escrevo. Ponto. Escrever é meu prazer e meu caminho. Os meios é que são diversos. Nunca vi nem conseguirei ver essa separação entre escritas.”

Ele arrebatou público e crítica com a sua estreia no formato romance literário. “Se eu fechar os olhos agora” (Record) ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Romance de 2010 e o Prêmio São Paulo de Literatura Categoria Estreante. Repleto de referências ao cenário político e cultural, o livro transita por diferentes gêneros como o policial e o histórico. Tudo começa quando dois garotos encontram o corpo de uma mulher morta. A partir daí, eles decidem investigar por conta própria – e têm suas vidas transformadas para sempre.

No jornalismo, a carreira de Edney não é menos bombástica: foi correspondente da TV Globo por mais de dez anos em Nova York, e no fatídico 11 de setembro de 2001, foi o primeiro jornalista brasileiro a chegar no World Trade Center. Publicou uma série de livros jornalísticos como “Contestadores” (entrevistas, 2003, Editora Francis); “Outros tempos” (com crônicas e memórias, 2002, Record); “Dias de cachorro louco” (crônicas, 1995, Record); “Grandes entrevistas do Milênio” (Ed. Globo – 2009).

Da literatura da realidade para a ficção -Eliane Brum representa outro exemplo de como literatura e jornalismo se abraçam. Célebre por seu trabalho de jornalismo humanista e literário, ela acaba de lançar o seu primeiro livro de ficção: “Uma Duas” (LeYa), um romance que aborda a relação entre uma mãe e uma filha. “A necessidade de escrever ficção, para mim, se impôs nos últimos anos, especialmente a partir do meu trabalho com a morte no jornalismo. Em 2008 e 2009, praticamente só fiz reportagens sobre a morte”, conta. “Senti que eu precisava de uma outra voz para me expressar, porque só consigo elaborar os conflitos da vida escrevendo. Acho que a literatura sempre vem de uma profunda necessidade interna, assim como a reportagem, mas de um outro jeito.”

Eliane define de modo poético o diálogo existente entre jornalismo e literatura de ficção. “Na reportagem, precisamos fazer o movimento de nos esvaziar (de nossos preconceitos, de nossa visão de mundo e de nossos julgamentos) para sermos preenchidos pela voz do outro, pela história que é do outro. E o nosso desafio é dar ao leitor a complexidade do real. No jornalismo, é a apuração que determina a qualidade do texto, para que ele seja substantivo”, fala.

Já na ficção, acredito que o desafio é o oposto. É preciso ter a coragem de se deixar possuir pela própria voz. É uma escuta dos nossos subterrâneos – e tão desconhecida de nós, apesar de vir de dentro, quanto a história do outro que contamos na reportagem. É, digamos, uma apuração interna, que se dá de outra maneira, mas é uma apuração. O jornalismo é limitado pela realidade de fora, a literatura pela realidade de dentro. Mas ambos são limitados, porque a palavra é sempre insuficiente para dar conta da vida.

Completa o time de debatedores João Alegria, que também faz a curadoria da Jornight – o evento para mil jovens da 14ª Jornada. Ele atua como diretor de programação, jornalismo e engenharia do Canal Futura, carreira que entrelaça com a escrita de livros, como o último, publicado em coautoria com Rodrigo Medeiros pela Casa da Palavra: a ficção infanto-juvenil "Manual do Defensor do Planeta”. Agora, está escrevendo um novo livro para a mesma faixa etária.

Sobre a Jornada de Passo Fundo- A Jornada Literária de Passo Fundo completa 30 anos de existência e chega à sua 14ª edição. O evento ocorrerá entre os dias 22 e 26 de agosto no Circo Literatura, Campus I da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Com o tema “Leitura entre nós: redes, linguagens e mídias”, a programação inclui palestras, conversa com autores, cursos, espetáculos musicais, teatrais e de dança, oficinas, filmes e exposições. Tradicionalmente participam da Jornada Literária escritores de todo o mundo. Neste ano, estão confirmadas as presenças dos portugueses Gonçalo Tavares e Tatiana Salem Lévy; o tunisiano Pierre Lévy; e os argentinos Alberto Manguel e Beatriz Sarlo; além dos brasileiros Maurício de Sousa, Elisa Lucinda, Edney Silvestre, Eliane Brum, entre outros.

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