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05/08/2011 - 09:16

Dívidas no cartão podem crescer 75.000% em 4 anos

Você compra uma televisão de 42 polegadas por algo ao redor de R$ 2.000,00 e resolve usar seu cartão de crédito. Se você não conseguir pagar nada em quatro anos, considerando os juros cobrados pelas administradoras de cartões, sua dívida se tornaria espetaculares R$ 1.539.281,00, com uma alta de 75.000%. Segundo Marcelo Maron, consultor em finanças pessoais, professor da UniEuro e Diretor Executivo do Grupo PAR, o crescimento monumental das dívidas com cartões de crédito se explica apenas pela cobrança de juros sobre juros:

“Neste tempo de crédito fácil, tornou-se parte do cotidiano encontrar pessoas do nosso convívio em situações de absoluto desespero por conta de dívidas com cartões de crédito e cheques especiais. Quando se soma os cartões, parcelas de empréstimos e todas as obrigações do nosso dia a dia, a falta de controle pode levar à insolvência, e a situação torna-se muito complicada de resolver”, assinala.

As despesas pagas com cartão de crédito se tornam um monstro impagável em pouco tempo. Prático e seguro, esse meio de pagamento, explica Maron, amplia de maneira considerável a ilusão de aumento de poder de consumo, levando a exageros: “As pessoas se esquecem que cartão não é dinheiro, mas crédito. Toda vez que usamos um cartão estamos, na verdade, obtendo um empréstimo. Quando pagamos com um cartão para quitação da fatura em 30 dias estamos, na verdade, pedindo um empréstimo que precisa ser pago em 30 dias, ou começará a cobrar juros sobre juros. As facilidades dos parcelamentos podem levar o consumidor à insolvência se ele descasar seu nível de gastos de sua renda. Toda vez que você disser a você mesmo que pagou com o cartão e no mês que vem você vê como vai pagar, pode estar praticando um suicídio financeiro”, alerta Maron.

Voltando ao exemplo do endividamento monstro que pode resultar da compra de uma simples TV, Maron assinala que o crescimento de uma dívida de R$ 2.000,00 feita com cartão de crédito alcança crescimento em progressão geométrica no Brasil:

“Uma dívida de R$ 2.000,00 no cartão de crédito, hoje, que não esteja sendo amortizada, transforma-se em R$ 10.534,00 em um ano; R$ 55.485,00 em 2 anos; R$ 292.244,00 em 3 anos e estratosféricos R$ 1.539.281,00 em 4 anos. Esses inocentes R$ 2.000,00, que mal compram uma TV de 42 polegadas, transformam-se, de uma Copa do Mundo para outra, na quantia fantástica de mais de um milhão e meio de reais de dívida, dinheiro suficiente para se comprar uma boa cobertura com piscina”, enfatiza Maron.

Para o consultor, os artifícios dos juros compostos tornam rapidamente uma dívida no cartão impagável, levando seu dono a ter seu nome comprometido na praça. Mas é talvez o absurdo de um endividamento tão exponencial que, segundo Maron, leva os bancos e as administradoras de cartões a oferecerem descontos de 80% ou 90% para aqueles que desejem quitar as dívidas: “O consumidor precisa entender que essa oferta de descontos não é nenhuma demonstração de piedade ou benevolência. Uma dívida de R$ 2.000,00 que se transforma em R$ 11.000,00 no primeiro ano, fica do tamanho de R$ 2.100,00 com um desconto de 80%. Mesmo neste caso, o banco limita consideravelmente sua perda, ainda que oferecendo um desconto aparentemente alto”, explica Maron.

De acordo com o consultor, a negociação sempre é um bom caminho, especialmente quando os endividados percebem que a execução de uma dívida na esfera judicial pode criar um transtorno imenso na vida do cidadão e impedir o crédito por longos anos, ou mesmo décadas, uma vez que a dívida ajuizada não tem prazo para prescrever, ameaçando até mesmo um patrimônio, se houver.

“Por isso, quando o pagamento de uma dívida está se tornando difícil de ser suportado, o melhor caminho é tentar mudar a qualidade dessa dívida”, recomenda Maron.

Cartões de crédito e cheques especiais são uma dívida ruim, de baixa qualidade e verdadeira armadilha para o consumidor, alerta ele. Joias em penhor, por exemplo, são uma dívida de melhor qualidade, que podem proporcionar uma taxa de juros de cerca de 6,5% ao mês ao invés dos 15% do cartão.

“Está longe do ideal, mas já é bem melhor. Além disso, no caso de inadimplência, as joias são a garantia da dívida e, por isso, os juros são mais baixos. Neste caso, a perda se restringirá somente às peças penhoradas. Sem dizer que, antes de se tornar totalmente inadimplente, você ainda tem a opção de vender as cautelas e sair com algum dinheirinho”, orienta. Maron explica que o crédito direto ao consumidor pode, ainda, proporcionar juros ainda mais baixos que o penhor. Mas as pessoas só podem se candidatar a essa modalidade de crédito se estiverem com o nome limpo.|MaxPR

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