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06/08/2011 - 10:03

Rio de Janeiro sedia o I Fórum de Conteúdo Local


O evento discutiu as oportunidades e desafios para fornecedores de produtos e serviços nacionais para a indústria naval e offshore.

A participação nacional no fornecimento de bens e serviços para navios e plataformas foi o tema do I Fórum Conteúdo Local, que aconteceu no dia 05 de agosto (sexta-feira), no Hotel Marriott, em Copacabana. Evento que programado para 150 pessoas, acabou mais que duplicando.

Tendo como pano de fundo o Pré-Sal, o evento permitiu os principais atores da cadeia produtiva naval e offshore um debate aberto sobre o tema com ministros de Estado, e outros representantes de governos, dirigentes de estatais e de bancos de fomento. Dividido em duas mesas: Pré-Sal e o desenvolvimento do Brasil' e 'As oportunidades e os Desafios'. O Fórum foi uma iniciativa do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), instituição que representa os estaleiros brasileiros; e da Fundação Aro, com patrocínio da Transpetro.

Durante o evento foi apresentado um estudo sobre a participação nacional no setor naval e offshore fornecimento de bens e serviços para navios e plataformas que, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, aumentou de 57% para 75% desde 2003. A estimativa é de que só a exploração e produção de petróleo na camada do Pré-Sal demandarão 97 plataformas de produção (FPSO's), 49 navios, 510 barcos de apoio, e 68 sondas para perfuração.

Na ocasião, participaram do evento, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; da Transpetro, Sérgio Machado; Ariovaldo Rocha, do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), do Banco do Brasil,Aldemir Bendine; e o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz. Ainda o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, superintendente nacional da Caixa, José Humberto Pereira, secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, secretário de Fomento para Ações de Transporte, representando o ministro dos Transportes, o secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno. Ainda representantes do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o diretor de Insumos Básicos e Infraestrutura, Roberto Zurli, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee),Humberto Barbato, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam), Carlos Eduardo de Sá Baptista, o primeiro vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso Dias Cardoso, na plateia, representantes de sindicatos como Bruno Lima Rocha, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos De Luca, o diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Agenor César Junqueira leite, demais representantes do Sinaval, como o secretário executivo,Sérgio Leal, Marcelo Carvalho, o vice-presidente executivo e coordenador do evento, Franco Papini, do Fórum Intersindical da Indústria Naval, Joacir Pedro, inúmeros empresários brasileiros e estrangeiros do setor naval e offshore, como Maurizio Terenzio da Enterprise, representantes de consulados, entre outros.

Diante dos elevados investimentos programados pela Petrobras - de US$ 220 bilhões até 2014, incluindo o Pré-Sal - além dos que serão feitos por outras companhias de exploração de petróleo, nacionais e estrangeiras, o governo e as mais de l milhão de empresas fornecedoras de equipamentos, peças e serviços estão atentos para a participação do conteúdo nacional. As encomendas são estimadas em US$ 150 bilhões somente para o Pré-Sal.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, diz que a meta do sindicato é ampliar o conteúdo local na construção dos navios e plataformas, e apoio à indústria de navipeças. "Os estaleiros estão comprometidos com o aumento da participação da indústria brasileira no fornecimento de navipeças", destacou. Em março deste ano o sindicato assinou com o BNDES Convênio de Cooperação e Intercâmbio de Informações e atividades correlatas. A iniciativa visa a aumentar o acesso ao crédito e outros serviços financeiros e o fortalecimento da capacidade empresarial, de acordo com a diretriz do Governo Federal.

"O conteúdo local é mais do que uma exigência da política do Governo Federal e dos contratos de concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É o caminho para aproveitar todo o potência, que a exploração do petróleo abre para conquistar um modelo de desenvolvimento de longo prazo, com incentivo à melhoria da produção, à qualificação dos trabalhadores e à tecnologia nacional", diz Marcos Oliveira, presidente da Fundação ARO.

A ANP exige conteúdo local desde 2005, mas não há exigência para os contratos de exploração mais recentes. O BNDES considera o conteúdo local como um dos indicadores para definir taxas de juros de diversas modalidades de financiamento.

O Fórum apresentou os caminhos e soluções imediatas para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de petróleo e gás, desde fontes de financiamento, atendimento dos prazos estabelecidos, tecnologia e qualidade dos produtos, treinamento e qualificação de mão de obra, fatores determinantes para o sucesso dos negócios.

A ocasião serviu também para desmistificar alguns questionamentos, como a capacidade do empresariado nacional, o Custo Brasil, o câmbio valorizado e os subsídios dados por alguns países, tornando-os mais competitivos. "Diante desse quadro e do crescimento que já está ocorrendo, os fornecedores da indústria naval e offshore precisam aumentar sua competitividade, produtividade e qualidade, a fim de responder aos grandes desafios que se colocam", constata Rocha.

“A indústria naval no Brasil hoje é do tamanho da descoberta de Petróleo”, frisa o presidente da Transpetro, Sergio Machado. A Transpetro, maior empresa de transporte logística do Brasil, opera 53 navios e uma rede de de 14 mil km de oleodutos e gasodutos, além de 48 terminais aquaviários e terrestres, distribuídos de Norte a Sul do País. O ano de 2011 se constitui em um marco significativo na história da Companhia, com navios sendo lançados ao mar – para os acabamentos finais – e a entrega Transpetro, para o início da operação, das primeiras embarcações que integram o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef).

De acordo com Machado, o programa entra em uma nova fase em 2011, com a entrega das primeiras embarcações à Transpetro para operação. Novos estaleiros, com processos construtivos de última geração, estão sendo implantados, enquanto os já existentes se modernizam. Com o novo cenário criado pelo programa, aumentaram significativamente as encomendas de armadores nacionais e estrangeiros. “O Brasil já tem a quarta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros e a quinta de navios em geral”, recorda Sergio. Criado em 2004, com o objetivo de revitalizar a indústria naval brasileira em bases modernas e competitivas, o Promef é um dos principais projetos estruturantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Dos 49 novos navios previstos pelo programa, 41 já foram contratados e oito estão em fase de licitação. Deste total, 11 serão construídos no Estado do Rio de Janeiro, pelos estaleiros Mauá, Eisa e Superpesa, 30 em Pernambuco, pelos estaleiros Atlântico Sul e Promar. Nos mesmos moldes do programa original, a Transpetro lançou em 2010 o Promef Hidrovia, que prevê a construção de 80 barcaças e 20 empurradores. Serão formados comboios, operados pela Companhia, para o transporte de etanol através da Hidrovia Tietê- Paraná.

Este é o primeiro projeto que usa em larga escala o potencial logístico da hidrovia. A opção pelo modal hidroviário vai aumentar a eficiência logística e melhorar a competitividade do etanol brasileiro. O transporte fluvial de etanol substituirá o equivalente a 40 mil viagens - ida e volta - de caminhão por ano, com ganhos ambientais, econômicos e de segurança. O transporte hidroviário emite um quarto do CO2 e consome vinte vezes menos combustível do que a alternativa rodoviária, para uma mesma carga e distância.

As embarcações serão construídas por um novo estaleiro – o Rio Tietê – em Araçatuba (SP). As barcaças e empurradores serão entregues a partir de 2012 e a operação da frota está prevista para começar em 2013. O projeto prevê o transporte de etanol produzido no Centro- Oeste e em São Paulo até os principais centros consumidores e polos exportadores. Os terminais aquaviários de São Sebastião (SP) e Ilha D’Água (RJ), da Transpetro, serão utilizados para enviar o produto ao exterior.

“No mar e na terra, a Transpetro cresce e se moderniza, antecipando- se aos novos desafios, como os que surgem com a exploração da camada do pré-sal. No momento em que o Brasil emerge como potência, em um cenário mundial multipolarizado, é isso que se exige de uma empresa de logística antenada com o seu tempo”, analisa o presidente da Transpetro.

“Fazemos o dever de casa e hoje temos o selo de qualidade, o mundo vira-se para o Brasil, porque temos o que oferecer, somos ricos”, destaca Sergio Machado.

“Mas ainda com tudo que possuímos, precisamos de logística, a indústria naval vai perdurar como uma cadeia completa se fomos capazes de resolver os gargalos ainda existentes, fortalecendo por exemplo a indústria de navipeças, trabalhando para se ter uma grande logística, e como sempre quis o presidente Lula da Silva e agora a presidenta Dilma Roussef, -o petróleo não deve e não pode ser uma maldição para o povo, mas um grande legado de desenvolvimento social e econômico, promovendo a qualidade de vida dos brasileiros, e uma Marinha Mercante forte que demonstre a nossa soberania perante o mundo”, sustenta Machado.

Sondas - “Em 2008 tínhamos de duas a três sondas com capacidade de perfurar a mais de dois mil metros. Em 2010, já eram 15 sondas. Em 2013, teremos 39 sondas com essa capacidade, mas até 2020 será necessário pelo menos 68 sondas. Caminhamos para um novo tipo de demanda, uma demanda tecnológica. Precisamos especializar as sondas, uma vez que pretendemos perfurar mais de mil poços,” explicou o presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

O crescimento da demanda por derivados de petróleo no Brasil e a posição do país como principal explorador em águas profundas também foram citados pelo presidente da Petrobras como características da mudança pela qual o mundo vem passando. “O Brasil é responsável por cerca de dois terças da exploração em águas profundas. Apenas quatro países (Estados Unidos, China, Índia e Japão) têm um consumo maior que o Brasil”.

De acordo com ele, a crise econômica mundial não vai afetar a capacidade da empresa petrolífera de captar recursos com investidores. Segundo o presidente da estatal, a crise não é uma “crise de falta de recursos” no mundo.

“Não é uma crise de liquidez. Não falta dinheiro. Ao contrário, está sobrando dinheiro. O problema é que a seletividade de projetos é maior. Projetos mais sólidos, mais rentáveis, com mais consistência, têm mais chances de conseguir recursos”, disse Gabrielli, ressaltando que a empresa brasileira se encaixa nesse perfil.

Durante palestra no I Fórum Conteúdo Local, Gabrielli também destacou os investimentos que serão feitos pela Petrobras nos próximos anos. Segundo ele, para explorar o petróleo da camada pré-sal, a empresa precisará, até 2020, de 568 barcos de apoio, 94 plataformas e 68 sondas de perfuração de mais de dois mil metros de profundidade.

Nos próximos dez anos, serão perfurados cerca de mil poços pela estatal, tanto para a exploração de bloco petrolífero quanto para a produção de petróleo no Brasil.

O executivo alertou que é preciso estimular a indústria de navipeças [peças e equipamentos para o setor naval], para que a política de conteúdo local na indústria petrolífera seja plenamente atendida, sem que isso provoque atrasos ou prejuízos. O presidente da Petrobras defendeu ainda o acesso ao crédito por parte de fornecedores dos segundo, terceiro e quarto elos da cadeia produtiva de peças navais.

Oportunidades e Desafios- O diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, participou do painel “Oportunidades e Desafios”, e reafirmou a importância dos projetos da Petrobras na exploração e produção do pré-sal, assegurando a grande demanda por produtos e serviços do setor. “Estamos aqui hoje porque temos mercado. Respondendo o mercado, não há chances de o programa ser paralisado. Os programas na indústria do petróleo são de longa duração”, afirmou. O executivo ainda lembrou que a priorização ao conteúdo nacional não é novidade, já que o mesmo foi feito nas décadas de 1970 e 80 no Mar do Norte, por Reino Unido e Noruega, e também no Golfo do México, através de ação governamental. “Ninguém disse que vai fechar fronteiras, mas vamos cuidar dos interesses da indústria”. “Foi correta a decisão de fazer as coisas aqui”, completou.

Qualificação- Costa frisou ainda a necessidade de qualificação de mão de obra e deu o exemplo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), que já formou 78 mil profissionais, e formará mais 28 mil com o 5º ciclo, que começa este mês. “Até 2013, serão 230 mil pessoas qualificadas”, afirmou.

Rio de Janeiro lança pacote de fomento para atrair a indústria de navipeças -De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, que representou o governador Sérgio Cabral no evento, o pacote criado pelo governo estadual, inclui a cessão de terrenos para instalação de empresas [pensando numa área de 600 mil metros quadrados para o pólo de navipeças], também a redução de tributos [ algo parecido com a Repetro], captação de recursos através de financiamentos oferecidos pela Agência de Fomento do Rio (Investe Rio) e capacitação de mão de obra em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, entre outras.

Ministro Fernando Pimentel-O Brasil está preparado para enfrentar crise econômica mundial, mas precisa ter cautela, disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, durante o I Fórum de Conteúdo Local. Na sua visão, o Brasil é um dos países mais bem preparados para enfrentar a crise econômica mundial. Segundo ele, no entanto, é preciso que o país tenha cautela ao lidar com a situação.

“O ministro Guido [Mantega, da Fazenda] falou bem sobre isso. Não é que não temos nada a temer. Nós estamos preparados. Acho que o Brasil é um dos países do mundo que está mais bem preparado para enfrentar a crise. Agora, crise é crise. A gente tem que ter cautela”, disse Pimentel.

No discurso, Pimentel disse que a atual crise mundial está mostrando uma mudança do eixo geoeconômico dos países do Norte para as nações emergentes.

“Ainda não sabemos o que pode acontecer, mas com certeza o padrão monetário mundial mudará nas próximas décadas. E é certo que este deslocamento para o hemisfério sul, o Brasil tem todas as condições para assumir um papel relevante nessa nova configuração do mundo, porque tem um mercado consumidor interno, recursos naturais e segurança institucional, por se tratar de uma democracia. Onde a população vira um consumidor cidadão, que é qualificado e consciente, com visão de que os recursos naturais explorados devem estar dentro das normas ambientalmente sustentáveis”, prevê.

“Onde aliás, será primordial a boa qualidade da educação, e acesso às tecnologias. Mas acima de tudo, ter a grande segurança institucional, que só poderão encontrar nas democracias, e o Brasil se encaixa neste formato”, continua o ministro.

“Para conseguir o êxito na força produtiva nacional teremos que ser competitivos, o mundo desenvolvido é movido pela tecnologia e inovação”, lembra.

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