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13/08/2011 - 12:37

IAC apresenta em evento internacional sobre bioenergia pesquisas com cana, macaúba, mandioca e pinhão-manso

Evento será em Campos do Jordão, de 14 a 18 de agosto (domingo a sexta-feira).

A produção de energia sustentável, limpa e competitiva é um dos desafios atuais, não só do Brasil, mas de todo o mundo. Com o objetivo de discutir o assunto e mostrar os resultados obtidos nas pesquisas para desenvolvimento de variedades com potencial para bioenergia, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, participará do 1st Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference, de 14 a 18 de agosto, em Campos do Jordão. O Instituto levará à conferência os resultados de seus estudos com cana-de-açúcar, macaúba, mandioca e pinhão-manso, estas três últimas como opções complementares ao etanol produzido a partir da cana.

O IAC é referência nas pesquisas para obtenção de novas variedades de cana-de-açúcar e no desenvolvimento de pacotes tecnológicos para a canavicultura. Nos últimos anos, o Instituto lançou 19 novas variedades de cana para o setor sucroalcooleiro.

As mais recentes foram lançadas em setembro de 2010. Os novos materiais — IACSP95-5094, IACSP96-2042 e IACSP96-3060 — apresentam vantagens na produção de biomassa em relação à maioria das variedades em uso, de acordo com o pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell. “Entre produtividade de biomassa e teor de sacarose as novas variedades estão produzindo 10% a mais que as usadas na primeira metade desta década”, diz. Esse ganho pode chegar aos 30% se os produtores explorarem o potencial desses materiais, associando-os aos ambientes de produção adequados.

Os três materiais têm perfil para atender também aos critérios agroambientais e à demanda atual da agroindústria. A IACSP95-5094, IACSP96-2042 e IACSP96-3060 adequam-se ao plantio mecanizado e à colheita mecanizada crua, dispensando a queima. A IACSP95-5094 e IACSP96-2042 têm adaptação muito boa à região de elevado déficit hídrico e trazem a perspectiva de otimizar a produtividade nessas localidades, antes ocupadas por pastagens. A IACSP96-3060 tem longo período de utilização, característica que contribui na logística da cadeia de produção por flexibilizar o período de colheita. Apresenta também excelente resposta em área orgânica. “Os três materiais são excelentes, cada um é otimizado em condições mais específicas, de acordo com o perfil regional”, diz.

“Estas novas variedades serão acrescidas ao arsenal tecnológico já existente e que faz da canavicultura brasileira a mais competitiva do mundo”, avalia o líder do Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

As pesquisas do IAC avançam as fronteiras paulistas e chegam a regiões brasileiras que pouco plantavam cana-de-açúcar, como Goiás e Minas Gerais, por sofrerem com o déficit hídrico. O Brasil tem grande importância no cenário internacional na produção de etanol. Assim, o Instituto Agronômico transfere a tecnologia desenvolvida no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto, para o México, continente africano e países da América Central. Os materiais IAC em campos mexicanos, por exemplo, apresentam o dobro de produtividade agroindustrial em comparação às variedades utilizadas naquele país.

Opções complementares ao etanol da cana-de-açúcar:Macaúba-A palmeira nativa de maior dispersão no território brasileiro é também uma das plantas de maior potencial para produção de biodiesel. Pesquisadores do IAC e da APTA Regional Leste Paulista coletaram dados de produção e de rendimento de óleo de 240 plantas da palmeira macaúba de diversos locais do Estado de São Paulo e Minas Gerais e constataram que, considerando as plantas mais promissoras, a produção anual de óleo pode chegar a 10.902 kg por hectare, considerando uma produção por planta de 4 cachos de 400 frutos e 400 plantas por hectare. Para se ter uma ideia da quantidade, pode-se comparar a produção com a de outras espécies como soja, girassol, mamona e dendê, que geram 420, 890, 1.320 e de 6 mil a 8 mil litros de óleo, respectivamente. A macaúba pode produzir quase 26 vezes mais que a soja, por exemplo.

“Essas 240 plantas que analisamos são nativas e por isso a produção varia. Essa estimativa de 10.902 kg é feita para as melhores plantas que selecionamos. Se considerarmos, porém, as com condições médias de produção nas áreas de ocorrência natural, podemos estimar 4.966 kg de óleo por hectare”, explica o pesquisador do IAC, Carlos Colombo.

O IAC e o Polo APTA Regional Leste Paulista, ambos vinculados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), pesquisam a macaúba há quatro anos. Os estudos estão em fase de seleção de plantas matrizes para iniciar o melhoramento genético. “Já selecionamos plantas muito boas, mas que talvez seus ‘filhos’ não sejam, por isso, é necessário colocar todas as selecionadas para crescer em um mesmo ambiente, para vermos o resultado”, explica Colombo.

Além do óleo da polpa ter potencial para produção de biodiesel, o óleo da semente da macaúba tem propriedades cosméticas e pode ser utilizado na indústria farmoquímica. As plantas que apresentam os mais altos teores de óleo por fruto podem atingir níveis de produção de 1.226 kg por hectare. “Do processo de extração dos óleos são gerados também co-produtos, como carvão de alta qualidade para siderurgia, torta da polpa com 9% de proteína, que pode ser usada na alimentação animal ou queimada para geração de energia elétrica, e torta da amêndoa, com 32% de proteína que também pode ser usada na alimentação animal”, explica o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Genética, Melhoramento Vegetal e Biotecnologia do IAC, Luiz Henrique Chorfi Berton.

Colombo explica que a macaúba tem causado entusiasmo por ser de ambiente tropical e subtropical, podendo ser plantada em muitas regiões brasileiras e do continente americano em geral. “O dendê, por exemplo, é muito exigente em água e precisa ser irrigado quando plantado em ambientes que fogem do equatorial. Isso vai na contramão da economia de água e da sustentabilidade”, afirma o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

O pesquisador lembra também que embora praticamente todo o estado de São Paulo esteja ocupado por agricultura de alto rendimento, a macaúba ainda é encontrada em grande quantidade em pastos, bordas de matas e áreas acidentadas. “Por estar presente em regiões de relevo acidentado, seria inviável fazer a colheita mecanizada, sendo necessária a utilização de mão de obra humana. A macaúba tem, portanto, apelo social e ecológico muito forte”, afirma Colombo. “Eu acredito nessa planta”, encerra.

Mandioca-A raiz que é consumida em diversas regiões brasileiras e que serve de base para alimentação de populações em muitos países tem grande potencial para produção de energia limpa. A mandioca é uma das plantas estudadas pelo Instituto Agronômico (IAC), desde 1935, com recentes estudos para produção de etanol das raízes e geração de energia a partir de seus resíduos (restos da colheita: parte aérea e “cepas”). O rendimento pode chegar a 12.800 litros de etanol por hectare aos 18 meses em plantios com nível tecnológico alto, que resulta em produtividade de 55 t/ha de raízes e teor de matéria seca de 42% nas raízes. Em plantios com uso de nível médio de tecnologia a produtividade chega a 38 t/ha de raízes e teor de matéria seca de 38% nas raízes, com rendimento de 8 mil litros de etanol por hectare aos 18 meses. Seus resíduos, com 40% de umidade, têm poder calorífico elevado e podem gerar até 124.313 Kw por hora, em plantios com nível tecnológico alto, e 69.063 kw/h, em áreas com nível tecnológico médio.

Outro benefício da raiz para esses fins é a possibilidade de ser cultivada em áreas marginais, em solo de baixa fertilidade e com déficit hídrico. Pequenos e médios produtores, além de agricultores familiares, também podem cultivá-la devido ao baixo custo de produção. Respeito ambiental e subprodutos com valor agregado são outras vantagens.

Pinhão-manso-Outra planta promissora para produção de biodiesel que será apresentada pelo IAC no 1st Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference é o pinhão-manso. O potencial de produção da espécie, que ainda é pouco conhecida, é estimado em 2.400 litros de óleo por hectare. A planta é um desafio para os pesquisadores — não tem ainda variedade melhorada, apresenta frutos com maturidade desuniforme e é tóxica.

Pesquisas do IAC, em parceria com a Petrobras, envolvem a obtenção de variedade com menor porte, atóxica e frutos de maturação uniforme, além do desenvolvimento de tecnologia para o manejo da cultura. Por se tratar de planta perene, programas convencionais de melhoramento dessa espécie poderão durar anos até a obtenção de uma cultivar. Por isso, as pesquisas em andamento, envolvem o uso de ferramentas biotecnológicas visando acelerar esse processo.

O pinhão-manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo e se adapta tanto em clima seco, quanto em úmido, podendo ser produzido do sudeste ao nordeste do País. Pode se adaptar a solos marginais, onde outras culturas não se adequam. A planta é considerada bastante resistente à seca, mas apesar disso tem seu nível de produtividade afetado pela distribuição irregular de chuvas ou pela ação prolongada de ventos na época do florescimento.

Outra vantagem da planta é que não compete com a produção de alimentos, já que, nos dois primeiros anos, pode conviver entre fileiras de culturas alimentícias de ciclo anual, visando à redução dos custos de implantação do pinhão-manso e servindo como fonte adicional de remuneração ao produtor, até que a sua produção se estabilize. Suas flores atraem abelhas e, intercalada com girassol, apresenta elevado potencial de produção de mel. Seus co-produtos são utilizados para produção de glicerina, adubos e, se detoxificados, podem ser usados na alimentação animal. O início de sua produção é aos seis meses e estende-se até os 40 anos.

Evento-O 1st Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference será realizado de 14 a 18 de agosto de 2011, no Convention Center, em Campos do Jordão. O evento terá a participação de 88 palestrantes e 600 participantes de mais de 20 países que discutirão sobre sustentabilidade, ciência e tecnologia para desenvolvimento da bioenergia no mundo. Para mais informações acesse o site: http://www.bbest.org.br.

.[Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference, de 14 a 18 de agosto de 2011 (domingo a sexta-feira),no Convention Center – Campos do Jordão, São Paulo] |.Carla Gomes/ IAC e Fernanda Domiciano

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