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17/08/2007 - 10:02

A polêmica da sustentabilidade

Engenharia mundial defende soluções para energia sustentável adequadas ao nível de desenvolvimento de cada país.

A reunião da XV Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (CDS – 15), que ocorreu este ano, em Nova York, deixou clara a falta de consenso entre as soluções apresentadas em energias sustentáveis para países em desenvolvimento e países desenvolvidos. Cientes desse gargalo, a Federação Mundial de Organizações de Engenheiros (FMOI) e a Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae) decidiram organizar uma Conferência Internacional sobre "Engenharia para Energia Sustentável em Países em Desenvolvimento”, que começou dia 15 e se estende até o dia 18 de agosto, no Centro de Convenções Rio CidadeNova, no Rio de Janeiro. O evento tem o patrocínio do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e está sendo realizado na seqüência da 64ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (Soeaa).

Para o vice-presidente da FMOI e diretor da Febrae, Jorge Spitalnik, o objetivo é discutir as soluções sustentáveis aplicáveis aos países em desenvolvimento. "Não podemos adotar as mesmas soluções de sustentabilidade energética adotadas pelos países desenvolvidos, pois nossa condição é de país em desenvolvimento. Por exemplo, um país desenvolvido pode adotar energias renováveis, como a eólica, com capacidades reduzidas, já que sua taxa de crescimento anual é relativamente baixa. Já em um país como Brasil, onde a taxa de crescimento da demanda pode atingir 4% ao ano, essas soluções não bastam", afirma.

Spitalnik observa ainda que soluções mais adequadas no caso de um país do porte do Brasil seria o investimento em unidades com grande capacidade de geração, utilizando linhas de transmissão, como a opção hidrelétrica. "A energia e a preservação do meio ambiente são assuntos extremamente técnicos, e as soluções deveriam estar embasadas em fundamentos científicos e princípios de engenharia. Com base nestas considerações técnicas, a sociedade civil evitaria ter que advogar por soluções baseadas somente em crenças, doutrina, ou desejos subjetivos", observa.

Um grande exemplo dado pelo vice-presidente da FMOI das divergências de interesses e modelos quando o assunto é energia sustentável é a polêmica que gira em torno da proposta do corte radical da utilização de combustíveis fósseis. Para atender essa exigência, muitos países em desenvolvimento teriam de cortar seus níveis de crescimento. Spitalnik aponta então para a necessidade de se equacionar alternativas viáveis e desenvolver novas tecnologias para atingir esse objetivo, como está sendo feito pelos engenheiros aqui e no resto do mundo. Ou seja, o objetivo é a busca pela diminuição da emissão dos gases de efeito estufa, reduzindo a dependência de combustíveis como petróleo e carvão, porém sem a utopia de eliminar o seu uso de forma radical.

O vice-presidente da FMOI adianta que não se pode falar em uma solução única para países em desenvolvimento. Cada caso precisa ser analisado de forma particular. "O Brasil, por exemplo, por suas condições geopolíticas, com distribuição populacional concentrada em grandes cidades, precisa de poucas plantas, mas com grande capacidade instalada para suprir essa demanda concentrada. Dentro de um contexto de necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa, e tendo em vista as características citadas, as soluções mais adequadas para nosso país seriam a hidrelétrica e a nuclear. Já em países de população rural, com populações mais espalhadas, a geração com capacidades unitárias bem menores – como a energia eólica ou a solar – poderiam ser boas opções. Mas é preciso sempre tentar produzir soluções mais econômicas, visto que são países em desenvolvimento", afirma.

Jorge Spitalnik nota que, independentemente da concentração populacional de cada país em desenvolvimento, uma questão crítica a ser enfrentada é a do transporte. Ainda hoje a maior parte dos meios de transporte são movidos com combustíveis fósseis, o que é problemático quando se pensa nas conseqüências do efeito estufa e quando se fala em sustentabilidade ambiental. "No caso do transporte, buscar o caminho dos biocombustíveis e do uso da eletricidade seria uma solução mais sustentável", completa.

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