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16/08/2011 - 10:48

Megaeventos esportivos e a gestão da segurança no Brasil

A realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, estão abrindo a oportunidade para o Brasil subir de patamar na gestão da segurança pública.

Tanto a Federação Internacional de Futebol (FIFA), como o Comitê Olímpico Internacional (COI) atribuem à segurança um papel de peso para o sucesso dos eventos e orientam as autoridades para que o tema tenha prioridade sobre quaisquer outras considerações na concepção e gestão das estruturas que devem abrigar as competições, independentemente do nível de financiamento disponível.

Dessa maneira, além das exigências específicas para a prevenção de ocorrências nos estádios e arenas olímpicas, tanto a FIFA como o COI estabelecem um marco regulatório que cobra intensa coordenação de esforços, desde as etapas iniciais, do desenho dos projetos, até os planos de gerenciamento durante os dois megaeventos. Neste sentido, a Copa e as Olimpíadas podem deixar um importante legado social, estimulando o amadurecimento da governança compartilhada em segurança.

A criação das bases para uma governança coordenada é importante porque há várias instâncias governamentais envolvidas na organização, em âmbitos federal, estadual e municipal, assim como um grande número de instituições e autoridades de segurança, desde o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil até as polícias Federal, Civil, Rodoviária e Militar. A Secretaria Nacional de Segurança Pública deve se movimentar com o intuito de orquestrar e alinhar iniciativas.

O Brasil está diante de dois grandes desafios relativos à segurança: assegurar um padrão homogêneo nas cidades-sede, a despeito das diferenças regionais; e fazer com que o tema permeie todas as etapas do planejamento antes e durante os jogos.

O sucesso dessas ações dependerá, em grande parte, da capacidade de gerenciar e articular os mais diferentes projetos e planos de atuação, sem fugir à modelagem financeira, nem comprometer a qualidade e a segurança. Um dos pontos mais delicados é criar uma sensação de segurança similar em todas as cidades-sede, fazendo com que assistir a uma partida no Rio, em São Paulo ou em Recife cause a mesma sensação de segurança.

A leitura do caderno de orientações técnicas e exigências da FIFA dá uma ideia do tamanho do trabalho que o País tem pela frente. A Federação quer que todos os aspectos da estrutura dos estádios sejam aprovados e certificados pelas autoridades de segurança a partir de padrões e normas rigorosas. Considerando que as leis mudam de um país para outro, a FIFA também aconselha que as autoridades policiais civis e militares sejam consultadas sobre uma grande variedade de questões.

Já o Rio de Janeiro poderá usufruir de parte do legado da Copa, mas terá de avançar mais nos sistemas de segurança durante os Jogos Olímpicos. A cidade tem desafios específicos, como a atuação do crime organizado, por exemplo. O assunto tem motivado um forte intercâmbio entre o Rio de Janeiro e Londres, a capital britânica que sediará os Jogos de 2012 – principalmente em relação ao tipo de violência predominante em eventos esportivos internacionais.

Também é importante ressaltar que, apesar de sediados no mesmo País, os dois megaeventos têm características bastante distintas. A Copa dura seis semanas, envolve 32 países e as torcidas se distribuem pelas cidades-sede. As Olimpíadas, por sua vez, exigem dois esquemas de segurança diferentes: um para a primeira etapa dos Jogos e outro para as Paraolimpíadas, que atraem um público diferente, além de levarem ao Rio de Janeiro um público muito maior, que ficará concentrado na cidade.

Apesar das diferenças, é bom lembrar que o planejamento da segurança para a Copa e os Jogos Olímpicos envolve, em ambos os casos, desde a implantação e operacionalização de centros de controle e monitoramento, até o alinhamento de conduta dos agentes de segurança e a confecção de planos de ação para conter multidões em caso de emergência. Tudo isso demanda o desenho de processos que respeitem as legislações locais e atendam às exigências da FIFA e do COI, demandando sincronia política, operacional e técnica.

.Por: Fernando Aguirre e Márcio Lutterbach, integrantes do time de Megaeventos Esportivos e sócios da KPMG no Brasil.

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