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19/08/2011 - 10:36

Rock in Rio: plataforma para o sucesso dos Paralamas

1984 ficou mais conhecido como o ano profetizado no livro homônimo de George Orwell, onde o mundo controlado pelo "Grande Irmão" seria monótono, sem cor e emoção. Mas a cena musical do recém renascido rock brasileiro neste ano, mostrava exatamente o contrário. Desde fins de 1982, um grande numero de artistas e bandas despontava na ribalta, provenientes do movimento musical do lendário Circo Voador, no Rio de Janeiro, ainda montado na praia do Arpoador, ou das ondas de rádio malditas da saudosa Fluminense FM. Ou de São Paulo, com seus punks do ABC e danceterias new wave. Ou na revolução do "faça você mesmo" que se iniciava com alguns garotos classe média e suas guitarras em Brasília... Nomes que entraram para a História da música brasileira despontavam naqueles primeiros anos da década de 80: Blitz, Lulu Santos, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, Barão Vermelho, Gang 90 e As Absurdetes, Magazine, Ultraje a Rigor, Ira!, Titãs do Iê Iê Iê, Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial e muitos outros...

A demanda de shows destas bandas e artistas aumentava com o redescoberto interesse pela nova "música jovem" por parte das gravadoras, rádios e na tv, numa trajetória que passava pelo programa do Chacrinha, pelas danceterias e demais espeluncas adaptadas para shows, até crescer em direção a lugares de médio porte, como ginásios e cinemas transformados em casas de espetáculo. Era inevitável reconhecer que havia um público ávido para consumir esta música e seus representantes.

Foi então que no segundo semestre de 84, anunciaram a realização do Rock in Rio, um mega festival de rock que transcendia os limites da tribo roqueira, prometendo uma reunião impressionante de expressões musicais estrangeiras e nacionais, tão surreal naquela época que muitos até duvidavam se realmente aconteceria no Brasil. E aconteceu! Janeiro de 1985 foi o momento em que o Brasil entrou definitivamente na rota mundial dos grandes eventos musicais. Quis o destino - com uma pequena insistência do nosso novato empresário - que nós, Os Paralamas do Sucesso, entrássemos no fechar das portas para o elenco do mega festival. A nossa participação no Rock in Rio teve desdobramentos que contabilizamos até os dias de hoje na nossa história.

Éramos os "café com leite" da escalação do festival, perdidos entre mega artistas do naipe do Yes, AC/DC, Rod Stewart, Gilberto Gil, Queen, Iron Maiden, Alceu Valença, George Benson, B-52, Ozzy Osborne e James Taylor... Até as bandas nacionais escaladas para os shows, como Barão Vermelho e Kid Abelha, já eram grandes vendedores de discos na época.

Uma certa atmosfera romântica acompanha as lembranças desses tempos, quando aparentemente estávamos todos "testando" a tão esperada "liberdade de expressão", anunciada com a abertura política da época. Não imaginávamos quão longe poderíamos chegar com a nossa música apenas participando do Rock in Rio, numa época em que telefone celular, computadores, cd players e tv a cabo ainda eram coisas de ficção científica...

Nossas duas apresentações ficaram marcadas em nossa memória. Poder vê-las hoje ainda nos impressiona. Éramos jovens, com os hormônios em profusão, pura adrenalina impelindo nossa música em ritmo acelerado. Tínhamos toda a urgência do mundo, em cada nota, cada batida, cada palavra, eletrizadas através daqueles milhares de watts de um gigantesco sistema de som nunca antes visto no país, tudo funcionando sob um calor saariano... Tivemos uma oportunidade sem igual de mostrar nossa música numa vitrine sem tamanho e aproveitamos essa deixa até o último fôlego, até a última gota de suor... Poder nos apresentar no Rock in Rio foi o "tudo ou nada" para uma banda conhecida apenas no eixo Rio-São Paulo, lembrada pela pitoresca história de um certo "Vital e Sua Moto", acabando de lançar um segundo "lp" com uma música ainda desconhecida chamada "Óculos". Entramos por baixo da roleta no ônibus do showbizz tupiniquin e saímos consagrados pela porta da frente. Via satélite, ao vivo em cadeia nacional...

Coincidentemente, durante a realização do Rock in Rio, foi escolhido o novo presidente do Brasil, eleito pelo voto indireto de um colégio eleitoral. Era o primeiro civil na presidência depois de 21 anos de ditadura militar. Assim, bandeiras do Brasil, camisas verde-amarelo e caras pintadas eram vistas por todos os lados durante o festival, na platéia de milhares ou em cima do palco gigantesco da Cidade do Rock...

Apesar da euforia com a escolha de Tancredo Neves, no fundo o clima era de "a gente não sabemos escolher presidente", como dizia um dos versos de "Inútil", do Ultraje a Rigor, música que estava no repertório dos Paralamas para o show do Rock in Rio. Foi uma forma de protesto contra o governo que se fez de cego e surdo ao movimento "Diretas Já". Enquanto não viesse o voto direto para presidente, valia o que dizia a música do Ultraje: "agente somos inútil".

Aproveitando aquela mega tribuna, Os Paralamas estavam com o discurso afiado: fizemos questão de lembrar das novas bandas e artistas do cenário musical brasileiro naquele momento, em muito responsáveis por terem criado as condições para um evento daquele porte acontecer. E ainda demos aos mais exaltados da platéia uma receita para realizar um sonho: ao invés de hostilizarem as atrações que não vieram ver, que ficassem em casa aprendendo a tocar guitarra para quem sabe um dia subir num palco como aquele...

O Rock in Rio I foi como uma espécie de "big bang" para nós. Uma grande explosão que projetou Os Paralamas do Sucesso aos mais longínquos rincões do país, até mesmo nos países vizinhos, onde começamos a freqüentar as paradas de sucessos de rádios e lançamentos fonográficos. Durante muito tempo, Os Paralamas foram lembrados como "a-banda-revelação-do-Rock in Rio", mesmo anos depois do acontecimento do festival, o que para nós é até hoje motivo de grande orgulho.

Nossa participação no Rock in Rio foi memorável e é lembrada até hoje por todos que testemunharam aqueles loucos anos 80. Em cima do palco imenso, quando nos entreolhávamos durante os shows, sorriamos em cumplicidade. Em alguns momentos, era difícil de acreditar que estávamos ali, na frente de uma platéia gigantesca... Então, transbordando de alegria, nos entregávamos de corpo e alma aos nossos instrumentos, cantando e tocando como se não houvesse amanhã... O Rock in Rio nos marcou com uma sensação de extrema felicidade, impressa para sempre em nossas almas durante aqueles dias, naqueles momentos intensos, os quais de alguma forma desfrutamos até hoje, quando subimos num palco qualquer, vinte e dois anos depois do nosso "Big Bang".

Os Paralamas do Sucesso: Microservice -Fundada há mais de 40 anos, a Microservice possui 1.000 funcionários e instalações em Barueri/São Paulo (SP), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ). Atua em nove áreas de negócios que vão desde injetados plásticos para embalagens de CDs, DVDs e BDs, extrusados plásticos para indústria alimentícia e eletro-eletrônicos, serviços logísticos e distribuição. Insumos para indústria gráfica, materiais de escritório e informática além de supply chain completo em mídias ópticas – da fabricação até a entrega nos pontos de venda.

Perfil-O Rock in Rio é o maior festival de música e entretenimento do mundo, que é feito para todas as tribos que movimenta a indústria fonográfica, o turismo e a economia. A ideia vem do empresário brasileiro Roberto Medina, que realizou no mês de janeiro de 1985 sua primeira edição, em plena transição da ditadura para a democracia: o Rock in Rio convidou o Brasil a comemorar a liberdade.

Com o mote Por um Mundo Melhor, o Rock in Rio visa uma atuação sustentável e socialmente responsável. Essa atitude vai desde a compensação das emissões de carbono até a escolha de parceiros com atuação socioambiental. O festival procura o apoio direto a diversos projetos de sustentabilidade - ao longo dos últimos 10 anos, foram 4.803.357,00 de euros destinados a ações de educação e conscientização ambiental.

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