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20/08/2011 - 09:03

China: oportunidade ou risco?


A China vem ocupando uma posição de crescente destaque na economia mundial. Todos os jornais e especialistas financeiros fazem suas análises. Alguns avaliam a China como maior parceira econômica do Brasil, portanto é um país que devemos nos aproximar cada vez mais. Outros, mais receosos a vêem como ameaça à nossa economia, por exportarmos matéria prima e importarmos produtos industrializados. As críticas abrangem ainda o sistema político chinês, sua forma de lidar com a suposta democracia e a maneira de aproveitar o melhor de cada um dos sistemas: socialista e capitalista.

É notável a relação econômica entre os países, assim como a interdependência, e que se intensifica na medida em que crescem os números do comércio bilateral entre os dois países: US$ 56,3 bilhões em 2010 (importação e exportação), um crescimento de 52% sobre em relação a 2009. A China, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, já gastou US$ 31 bilhões com produtos brasileiros neste ano.

No campo dos investimentos chineses diretos no Brasil, a anunciada produção de iPads na unidade da taiwanesa Foxxcon em Jundiaí deve consumir US$ 12 bilhões nos próximos cinco anos. Durante a visita da presidente Dilma à China, em abril, empresas chinesas acenaram com investimentos de US$ 1 bilhão em tecnologia e agronegócio no país, além de participação nos empreendimentos de infraestrutura. Os dois países são atores de peso no cenário mundial, mas convém observar alguns aspectos. Embora o Brasil seja um dos poucos países com superávit nos negócios com a China, enquanto nós concentramos as exportações em commodities como minério de ferro e soja, os chineses exportam para o Brasil principalmente produtos de alta tecnologia, como componentes de informática e telefonia. Essa diferença reflete a política oficial chinesa, que privilegia a importação de matéria-prima para alimentar a indústria nacional e gerar empregos.

A viagem que fiz à China me mostrou que a eficiência chinesa deve ser copiada por nós. Nos últimos 10 anos, o PIB da China cresceu 150%, contra 30% do brasileiro, e os chineses têm-se mostrado superiores em termos de formação bruta do capital fixo, poupança doméstica (devido ao nível de consumo ainda baixo), gastos em pesquisa e desenvolvimento e infraestrutura. Apenas para dar um exemplo, a poupança doméstica em relação ao PIB da China é 55%, enquanto no Brasil é de apenas 15%, o que sem dúvida nos limita em relação aos investimentos, sem falar na carga tributária que naquele país é muito menor do que no Brasil.

O país asiático tem crescido em todos os setores vai, por exemplo,  superar o Japão como o maior consumidor de artigos de luxo do mundo em 2012, de acordo com um relatório da Associação Mundial do Luxo (WLA). Atualmente a China já ocupa o segundo lugar no mercado global, com uma participação de 27%, pouco menor que o Japão (29%), e superior aos Estados Unidos (14%) e à Europa (18%).

Da mesma forma, o país vem se tornando um gigante em seguros. Ali, a cultura do seguro está ainda menos consolidada do que no Brasil, mas a baixa securitização também significa uma ampla possibilidade de crescimento. O mercado segurador chinês gerou, em 2010, um volume de prêmios de 1,45 trilhão de yuans (ou 224 bilhões de dólares), 30% maior do que em 2009, com destaque para a participação dos seguros de vida. Estudo recente da Swiss Re aponta que, até 2020, a China deve tornar-se o segundo maior mercado de seguros do mundo. Já o Brasil, com a realização de grandes eventos esportivos no país, nos próximos anos, desenha-se como uma opção extremamente atrativa, gerando oportunidades tanto para empresas que já atuam no nosso mercado, quanto para as que pretendem intensificar sua presença por aqui.

Se, por um lado, a China constitui um mercado ainda pouco explorado que pode significar bons negócios, as seguradoras chinesas que vêm crescendo podem começar a olhar para além do mercado doméstico. Nesse caso, o mercado de seguros, como outros setores da economia do Brasil, certamente estará na mira. Assim, continuam duas possibilidades em aberto, que merecem alguma ponderação. A China que por um lado nos impressiona pelas possibilidades tecnológicas e é um exemplo de como podemos fazer grandes negócios no nosso país, por outro também nos mostra que esse crescimento lá funciona através de um protecionismo e cuidado com o mercado interno, que os sempre receptivos brasileiros devem atentar-se para no futuro não serem engolidos pelos próprios chineses, que já mostraram ao mundo todo que sabem fazer negócio.

Por: Acacio Queiroz, presidente & CEO da Chubb Seguros, esteve, no mês de julho, na China para um intercâmbio de conhecimento com empresários asiáticos. Durante sua visita, o executivo teve a oportunidade de conversar com economistas e outros especialistas do setor de seguros, para compartilhar experiências do mercado brasileiro e vice-versa. Formado em Economia, com especialização em Finanças é também pós-graduado em Business pela Florida International University. Com diversos cursos na área de Seguros e Gestão de Negócios, no Brasil e no exterior, o executivo exerceu os cargos de presidente, CEO e COO localmente e para América Latina em várias companhias de seguro. Em 2005, assumiu a liderança da Chubb do Brasil Cia. de Seguros, uma das maiores operações da Chubb Corporation fora dos EUA e a maior da América Latina. O CEO é ainda o presidente da Resseguradora da Chubb no Brasil, Federal S.A. e faz parte do Conselho Superior da Confederação Nacional das Empresas de Seguro - CNSeg, da Câmara Americana, ANSP, WTC, APTS, ADVB RJ e do Comitê de Inovação do Governo de Minas Gerais. O executivo já ministrou palestras de Liderança e Motivação em Universidades, Associações, Federações e na Conferência Latino-Americana Great Place to Work, considerada uma das mais conceituadas empresas na área de Recursos Humanos.

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