Apenas 15% dos diabéticos no Brasil têm nível de glicemia bem controlado no Brasil

Pesquisa com 3591 pacientes, em 28 cidades, é a maior já feita no País e mostra que o diagnóstico acontece cada vez mais cedo.Estudo mostra ainda que 42% dos diabéticos tiveram diagnóstico a partir de cetoacidose, complicação que pode matar. Diagnóstico em 71,5% dos casos aconteceu antes dos 15 anos. Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Porto Alegre, Fortaleza e Salvador são destaques.

O estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil, realizado durante dois anos com 3.591 pacientes de 28 cidades brasileiras, de cinco regiões, mostrou que apenas 15% dos diabéticos têm seu nível de glicemia (a taxa de açúcar no sangue) bem controlado. Esse resultado mostra que a maioria corre o risco de ter complicações graves como doenças cardiovasculares, falência dos rins, cegueira, amputações e até risco de morte. E o problema não é a falta de fitas para medir glicemia e insulinas, materiais distribuídos de graça, e sim a pouca conscientização para a doença, cujos índices têm aumentado em todo mundo.

A pesquisa, feita a partir de dados de prontuários e questionários respondidos pelos pacientes, teve início em 2008 e durou até 2010, e se trata da maior análise sobre as condições de saúde dos diabéticos tipo 1 no Brasil e o impacto desta doença na história do País. O levantamento, coordenado pela endocrinologista Marilia de Brito Gomes, tem como objetivo ajudar a melhorar a conscientização sobre a doença, prevenir e tratar os sintomas. No diabetes tipo 1, o próprio organismo ataca e destrói as células beta que produzem o hormônio insulina. Sem esta substância, a glicose não chega às células e elas ficam sem combustível para fabricar energia.

Daí a importância de se fazer o diagnóstico precoce. Os pais, professores e pediatras devem estar atentos quando a criança sente necessidade de urinar várias vezes ao dia, sente fome frequente, sede constante, tem perda de peso, fraqueza, fadiga e irritação.

.O diabetes pode ser controlado, mas o tratamento é complexo e envolve toda a família. Portanto, é preciso seguir a orientação do médico. A nossa pesquisa indicou que 42% dos diabéticos, principalmente crianças, tiveram diagnóstico a partir de cetoacidose, ou acidose metabólica, complicação grave que requer internação e pode matar.

Doença precoce apresenta maior chance de evolução para problemas crônicos - Ainda de acordo com o levantamento, que teve apoio da Fundação Oswaldo Cruz, da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, a maioria dos pacientes, 71,5%, teve o diagnóstico antes dos 15 anos, e cerca de 20% antes dos 5 anos. Isto significa que a doença tem início precoce e, portanto, apresenta uma maior chance de evolução para problemas crônicos, o que implica em maior custo para o Sistema Único de Saúde e a sociedade como um todo, explica Marília de Brito Gomes.