Editora Manati lança livro sobre jardineiro de D. Pedro II

Glaziou projetou jardins que mudaram a nossa paisagem.

Folheando as páginas de “Glaziou e as raízes do paisagismo no Brasil” - lançamento da Editora Manati, com organização de Bia Hetzel e Silvia Negreiros -, nos deparamos com um Rio que o carioca pouco conhece, mas que merece ser visitado e propagado mundo afora tanto quanto outros inúmeros cartões postais da Cidade Maravilhosa. São fotos e textos de um Rio de Janeiro esquecido em jardins e parques abertos, como Campo de Santana, Quinta da Boa Vista, Passeio Público e Museu da República.

O livro, uma caprichada obra bilíngue (português e francês) em capa dura e repleta de belíssimas fotos e documentos do Rio Antigo e de hoje também, apresenta Auguste François Marie-Glaziou. Botânico e paisagista, ele foi personagem fundamental para a história do nosso país ao projetar e reformar tantos desses parques.

Fica claro, ao ver as fotos da autora, editora e fotógrafa Bia Hetzel, a beleza, diversidade e suntuosidade de nossos jardins. No entanto, os registros parecem datar de outra época, uma época em que essas locações eram mais valorizadas e frequentadas pelas famílias cariocas. Triste constatar o avançado estágio de degradação em que muitas delas hoje se encontram, como o Campo de Santana, no Centro, habitado por mendigos e abandonado pelo poder público.

- Este livro não tem a pretensão de ser um registro completo e definitivo sobre o trabalho de Glaziou ao alcance somente de especialistas, mas sim uma aproximação informal e prazerosa desse personagem tão importante da história do paisagismo no Brasil, explica Bia Hetzel.

As fotos, reproduções de época e documentos históricos são entremeados por textos de autores como Machado de Assis, João do Rio e do próprio Auguste Glaziou.

“Os jardins para as grandes cidades são como escapadas da civilização. Entre duas árvores o homem é inteiramente diverso do homem entre duas vitrines.” (João do Rio -1908).

“Que achei eu do nosso século carioca? Achei que será contado como o século dos jardins.” (Machado de Assis - 1895)

Auguste François Marie-Glaziou- Nascido na França, chegou ao Brasil em 1858, e por aqui, depois de ser descoberto por D. Pedro II, ficou quatro décadas se dedicando à nossa flora e jardins públicos, tendo inspirado até nomes como Burle Marx. Seu reconhecimento foi tão grande que o levou a ser chamado de “o jardineiro de Dom Pedro II”.

Glaziou foi um grande colaborador para o estudo da botânica, um intrépido naturalista que buscou em nossas matas, montanhas, restingas e cerrados as espécies mais interessantes e ornamentais para semear nos jardins do Brasil e também da Europa.

Como herança, Glaziou deixou não apenas os principais jardins públicos cariocas, mas também teve influência decisiva sobre Roberto Burle Marx na introdução de plantas nativas em seus projetos de jardins ornamentais.

Mais sobre o livro - Além das imagens dos parques urbanos localizados no Rio, “Glaziou e as raízes do paisagismo no Brasil” passeia também pela Região Serrana do Estado, berço do Brasil Império. Municípios como Petrópolis e Nova Friburgo foram retratados através de espaços públicos como o Parque São Clemente (Friburgo) e a Casa da Ipiranga (Petrópolis).

O livro é recheado de bromélias, sapucaias, oitizeiros, paus-ferros, mangueiras, quaresmeiras e aleluias. Depois de conhecer a obra, não será difícil sair pelas ruas mais atento para a copa das árvores e com um novo olhar para este patrimônio natural e de enorme valor para o país.

- Ao contrário da arquitetura e das artes plásticas, a obra paisagística é uma obra viva e em constante transformação. Daí a importância de sua manutenção e preservação por parte dos órgãos públicos competentes, explica a designer Silvia Negreiros.

.[“Glaziou e as raízes do paisagismo no Brasil” |Organização: Bia Hetzel e Silvia Negreiros| 24cm x 25cm |252 páginas | R$ 120,00].