Pele de tilápia vira jóia

A designer Priscila Valente surpreende mais uma vez. Em uma de suas inúmeras pesquisas por materiais ecológicos e sustentáveis, descobriu que a pele da Tilápia, peixe de água doce, é uma matéria-prima com extremo potencial, inclusive para trazer um tempero a mais ao mundo fashion.

Durante sua pesquisa, Priscila descobriu que o peixe nativo da África tem muitas utilizações. A espécie foi descoberta pela sua riqueza nutricional e, recentemente, o Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos, no Quênia (África), percebeu que o apetite da Tilápia por larvas de insetos conseguiu reduzir em 94% a quantidade de mosquitos transmissores do parasita causador da Malária – doença endêmica nos Continentes Asiáticos, Africanos e no Norte do Brasil.

A Tilápia tem outros benefícios como a possibilidade de ser fonte de renda às comunidades de alta vulnerabilidade social. Sua pele serve de matéria-prima para confecção de bolsas, jóias e acessório no geral. E é aqui que entra o trabalho da designer Priscila Valente.

Preocupada em resgatar culturas brasileiras, materiais ecológicos e promover o trabalho nessas comunidades, Priscila foi buscar no Amazonas formas de criar peças com a pele de Tilápia.

A designer pesquisou o aproveitamento desse peixe, englobando, em seu estudo, os quatros tipos existentes no Brasil. A do Nilo, que chega até cinco quilos, a zanzibar, rendali e a Saint-Peters.

Não deu outra, desta pesquisa nasceu sua coleção Primavera-Verão 2008, com muita Tilápia, texturas e cores. Tudo estruturado em madeira de reflorestamento - marca registrada de Priscila - e materiais reaproveitados como fibras naturais. A designer conseguiu mesclar com maestria recursos naturais e apresentar peças únicas - verdadeiras obras de arte para se usar e acreditar. Moda, agora, é ser consciente.

Mais informações sobre a designer: Priscila Valente trabalha há oito anos com materiais recicláveis e de demolição, trazendo sempre inovações que consigam explorar ainda mais o tema, preservar e mostrar aos seus clientes que o luxo pode vir do reaproveitamento.

A produção de Priscila é realizada pelo núcleo Serafina, criado pela própria designer. Composto por artesões e bordadeiras residentes em comunidades de alta vulnerabilidade social, eles trabalham e, ao mesmo tempo, aprendem o que é a sustentabilidade e como poder transformar elementos inutilizáveis em soluções cotidianas.