Companhia Brasileira de Trens Urbanos implantará o primeiro VLT no Brasil

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU lançará no dia 22 de agosto, a concorrência internacional, que visa o fornecimento de sete VLTs - Veículos Leves sobre Trilhos para o sistema de trens urbanos do Recife - Metrorec. O evento, que está marcado para as 10h, será na Estação Recife, capital pernambucana e contará com a presença do ministro das Cidades, Marcio Fortes; Governador do Estado, Eduardo Campos; prefeito da Cidade do Recife, João Paulo; presidente e diretores da CBTU, representantes da Indústria Metroferroviária e demais autoridades.

Os VLTs que irão circular no trecho Cajueiro Seco - Cabo de Santo Agostinho, faz parte do Projeto de modernização da Linha Sul e está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, do Governo Federal. O recebimento do primeiro VLT em Recife está previsto para julho de 2009, com início da operação para dezembro de 2009.

É importante ressaltar que não serão necessárias adaptações nas rampas de acesso nas estações, pois a altura de acesso, estabelecida para os veículos leves, está compatível com a altura das plataformas existentes em Recife (1,10m), não requerendo qualquer tipo de adaptação.

Implemento do VLT nas cidades brasileiras - O novo conceito do VLT brasileiro, denominado como Trem Padrão Nacional, projeto da CBTU, paralelo aos estudos para a implantação dos Trens Regionais de Passageiros desenvolvidos pelo BNDES e COPPE/UFRJ, vem ao encontro a realidade das necessidades quanto a utilização e inserção de um veículo que venha a oferecer um serviço eficiente de transporte de passageiros, dentro das necessidades que a grande maioria das cidades brasileiras carecem, ou seja, em ter um transporte que proporcione a mobilidade da população dentro dos centros urbanos, de uma forma ordenada e capaz de oferecer condições de demanda intermediária aos demais modos de transportes.

A idéia central do desenvolvimento e implemento do VLT nacional, é voltada para ser inserida no meio urbano e regional, proporcionando um sistema de transporte com melhores condições de eficiência e de atendimento à população, proporcionando a reativação dos transportes regionais e, conseqüentemente, o crescimento econômico das cidades; da geração de empregos; na oportunidades de implementação de projetos de desenvolvimento integrado; na evolução tecnológica e de capacitação da indústria nacional, além da efetiva possibilidade de implementação de parcerias público/privadas

VLT no Recife - Serão fornecidos sete VLTs, constituídos de três carros, tendo cada carro a capacidade para transportar em torno de 200 passageiros. O VLT terá, portanto, a capacidade de transportar da ordem de 600 passageiros. O peso máximo por eixo é de 12 toneladas. A velocidade máxima estabelecida é de 80km/h (quando em via segregada) com uma velocidade média de 30km/h. O VLT do Recife será movido por meio de uma mistura que envolve 80% de óleo diesel e 20% de biodiesel. Este veículo a diesel/biodiesel terá equipamento moderno de controle de emissão de poluentes, limitado aos níveis máximos de emissão de poluentes e material particulado estabelecidos na Norma EURO 3 (elaborada em conformidade com o Protocolo de Kyoto). A seguir algumas das principais características do VLT em Recife

Principais características básicas do VLT de Recife: Composição da Unidade Operacional (VLT) três carros | Movimentação Bidirecional | Número de cabines por VLT- 2 (duas) | Material de fabricação da caixa | Aço inoxidável, aço carbono NTU-SAC50 ou alumínio | Bitola da via de 1,00 m | Comprimento x Largura x Altura 18,00 m x 2,85 m x 4,10 m | Tipo de motorização para tração Diesel-hidráulica ou diesel-elétrica | Largura mínima do vão da porta 1,30 m | Raio mínimo de curva horizontal e vertical 90 m e 500m | Rampa máxima 3% | Capacidade média de pass./carro (6 pass/m²) 200 passageiros | Velocidade máxima operacional 80 Km/h.

A visão da indústria ferroviária na implantação do VLT em Recife - O presidente da ABIFER - Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Luiz Cesário, vê com muita animação e satisfação a empreitada " Nós estamos num momento em que está ressurgindo a importância do setor metroferroviário. Então, sempre que se fala em novos projetos, novas linhas, novos trechos, obviamente a ABIFER se interessa. Temos condições de fazer todo o tipo de equipamento ferroviário", salienta.

Já segundo Paschoal De Mario, assessor técnico do Simefre - Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamento Ferroviários e Rodoviários, a implantação do VLT no sistema de trens urbanos da CBTU em Recife será o ponto inicial para a construção de outros VLTs em todas as grandes cidades do Brasil. "Os VLTs oferecem grandes vantagens na integração modal. É um transporte que beneficia a saúde do trabalhador, aumentando sua produtividade. Portanto, com o VLT, teremos futuramente, no Brasil, as cidades que todos nós desejamos, e este evento que temos agora (em Recife), vai ser o marco inicial", ressalta.

A origem da sigla VLT - O termo VLT, Veículo Leve sobre Trilhos, decorre da sigla LRV (Light Rail Vehicle) inicialmente utilizada como um eufemismo para caracterizar uma evolução dos "streetcars" (americanos) ou "tramways" (ingleses). Atualmente, a abrangência do termo é muito maior e envolve conceitos como: leveza, que propicia um menor consumo energético e desgaste da via; acessibilidade, através do piso baixo (o piso alto para Recife foi uma opção da operadora) e rampa de acesso para cadeiras de rodas; flexibilidade, com bom desempenho operacional tanto em via segregada (desenvolvendo maiores velocidades) como em meio ao tráfego rodoviário urbano, com cruzamentos ao nível das ruas e operação por marcha a vista, para atender demandas urbanas de média capacidade e custo bastante inferior aos sistemas pesados, no que se refere a implantação, operação e manutenção. Os VLTs, normalmente, apresentam uma distribuição de peso por eixo entre 9 e 12 toneladas, enquanto que os metrôs entre 12 e 18 tons e os TUEs -Trens Unidades Elétricas tem entre 14 e 20 tons. Os VLTs geralmente (mas não necessariamente), são tracionados eletricamente, podendo utilizar a tração diesel, operando em via urbana ou via segregada.

Metrô do Recife no PAC - O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, lançado pelo Governo Federal, contempla, entre os projetos prioritários de investimentos em infra-estrutura, o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos da RMR - Região Metropolitana do Recife, operado pelo Metrorec, uma das unidades regionais da Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU.

O investimento, durante os próximos três anos, trará benefícios que envolvem economia do tempo de viagem e do consumo de derivados de petróleo, diminuição dos índices de poluição do ar, além da melhoria significativa dos níveis de acessibilidade, conforto e segurança nos deslocamentos da população dos quatro municípios atendidos pelo Metrorec.

O sistema de transporte sobre trilhos terá melhorias significativas com o investimento, que incluem a recuperação da Linha Centro (trecho Recife/Jaboatão e Camaragibe) e a ampliação na Linha Sul (trecho Recife/Cabo de Santo Agostinho), além da implantação de um novo sistema de bilhetagem automática e conclusão da revisão geral e climatização de todos os trens de unidades elétricas (TUEs) do Metrorec, proporcionando mais conforto e segurança operacional aos usuários. Está prevista a construção de 12 novas estações, sete novos terminais de integração metrô-ônibus, seis passarelas, dois viadutos rodoviários e duplicadas duas pontes ferroviárias, além da recuperação e melhoria de todas as estações do metrô.

Investimentos no Metrô do Recife de R$295,6 milhões entre 2007 e 2009 - Os investimentos aprovados pelo PAC - Metrô Recife são de R$ 295,6 milhões, distribuídos no decorrer dos anos de 2007 a 2009, representando cerca de R$ 100 milhões por ano. Até 2006 já foram investidos R$ 566,2 milhões na expansão do Metrô do Recife, totalizando R$ 861,8 milhões, até 2010.

Metrô irá transportar 400 mil passageiros por dia - Segundo o projeto de ampliação, recuperação e melhorias do Metrô em Recife, após a sua conclusão a relação benefício/custo demonstra que para cada R$1,00 de custos investidos e operacionais incorridos, o projeto gera cerca de três vezes em benefícios. O sistema que, atualmente, transporta em média 180 mil passageiros por dia, passará a transportar 400 mil passageiros/dia. Outros benefícios serão gerados, como a criação de cerca de 600 novos empregos para operar o sistema e R$ 87,9 milhões de tributos advindos dos investimentos realizados.

A implantação de um novo sistema de bilhetagem automática integrada entre os sistemas do Metrô e dos ônibus na RMR, agregará, entre outros benefícios, mais mobilidade para os usuários e melhor controle das demandas e da arrecadação por parte das operadoras. | www.cbtu.org.br