Seminário da Febraban terá Raul Velloso que discute a estrutura do gasto público

Como mudar uma estrutura de governo na qual as chamadas “despesas correntes” (com funcionalismo, por exemplo) têm prioridade sobre os investimentos em infraestrutura (construção de ferrovias, geração de energia, etc.) tão necessários para o crescimento do País? “Este será o grande desafio do presidente Lula em seu segundo mandato: investir mais pesadamente em infraestrutura com o menor custo social possível”, afirma o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. Ele será um dos destaques do 5º Seminário Febraban de Economia, na próxima terça-feira, dia 05, no Hotel Intercontinental.

O especialista aponta que os gastos correntes do governo (folha de pagamento do funcionalismo, mais programas de duração continuada, como os sociais, mais pagamento de juros) representam, hoje, o equivalente a 40% do PIB. Considerando-se que a carga tributária está em torno dos 38% do PIB, conclui-se que, apenas a arrecadação com impostos não dá conta de cobrir esses gastos. Por isso, sobram poucos recursos para a infraestrutura.

Velloso dá um exemplo da queda dos investimentos. Nas décadas de 1960 e 1970, o Ministério dos Transportes, por exemplo, investia, anualmente, o equivalente a 1% do PIB em construção de novas estradas. A partir de 1991, o porcentual caiu para 0,2% do PIB, uma redução de cinco a seis vezes.

“A questão é que, na hora de ‘cortar na carne’, reduzindo os gastos com a máquina pública, a maioria dos governos recua por temer o desgaste político”, aponta o especialista. “Por isso, o governo fica tentado a aceitar a idéia, por exemplo, de que a redução dos gastos correntes como proporção do PIB pode aumentar de outra maneira, por meio do aumento do PIB. Essa equação esbarra na idéia de que, mais uma vez, para aumentar o PIB é preciso, entre outras coisas, diminuir os gastos”, afirma Velloso.

O consultor Raul Velloso participa do Seminário de Economia no painel Discussão sobre Gasto Público, às 09h15. Também participam do painel o economista Fábio Giambiagi, do IPEA e o secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall. Site: www.febraban.org.br/economia