Copom surpreende e reduz a taxa Selic para 12% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou no dia 31 de agosto (quarta-feira), a nova taxa Selic - 12% ao ano, correspondendo a uma diminuição de 0,5ponto percentual. Tal resultado surpreendeu uma boa parte do mercado que acreditava na manutenção da taxa ou, na melhor das hipóteses, uma diminuição de0,25 pontos percentuais.

É a primeira vez que a Selic diminui no governo Dilma, depois de cinco altas seguidas. A queda acentuada pode começar a sinalizar uma mudança de postura na condução da política monetária. A pressão inflacionária dá sinais de arrefecimento, o que por si só poderia motivar a diminuição da Selic.

Entretanto,a decisão do BC vai além dos aspectos relacionados à inflação. Oficialmente, o governo credita à crise financeira mundial (principalmente aos últimos acontecimentos nos EUA e Europa) o resultado do Copom. O fato é que pode começar uma maior intervenção do governo federal nas decisões do BC, o que preocupa muito. O BC vem conquistando, ao longo dos últimos anos, uma grande autonomia na execução da política monetária, o que é bem visto pelo mercado, pois tira o peso político das decisões econômicas.

A quedada taxa Selic é sempre bem-vinda, pois estimula a produção e consumo,contribuindo para o crescimento econômico do país, aliada ao menor pagamento de juros da dívida pública. No entanto, não podemos concordar com uma diminuição da taxa por meio de intervenções políticas, ainda que esta decisão seja a mais adequada. Vamos aguardar a ata do Copom, bem como a próxima reunião e torcer para que seja apenas uma suposição errônea da influência do governo no BC.

.Por: Douglas Dias Bastos, professor do curso de Administração da Faculdade Santa Marcelina.