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20/09/2011 - 10:54

Festival de Idéias

Quando o objetivo é induzir o desenvolvimento, investir no ambiente social é sempre a melhor solução. Ensejar condições para que as pessoas possam fazer o que querem e não o que queremos que elas façam. Constelar situações que incentivem as pessoas a ter ideias e a tomar iniciativas. Desenhar processos que estimulem as pessoas a polinizar mutuamente suas ideias e a compartilhar suas iniciativas. Nos novos mundos altamente conectados que estão emergindo você é o que você compartilha, não o que você esconde e tranca para acumular para si.

Foi pensando assim que o Centro Ruth Cardoso, em parceria com várias organizações, lançou uma iniciativa inédita: o Festival de Ideias: inovações para o desenvolvimento social.

O processo é inédito porque combina crowdsourcing (interação de muitos para inovar) com polinização em rede, superando aquele espírito competitivo das chamadas centralizadas feitas por empresas hierárquicas, que lançam mão da terceirização para reduzir custos e escondem do público as inovações que obtiveram para levar vantagem. Aqui se faz exatamente o contrário: inovação aberta, exposta à interação e vulnerável ao outro imprevisível. Na plataforma onde as ideias foram inscritas, as pessoas puderam não só propor suas ideias originais, mas também clicar num botão para melhorar uma ideia já apresentada. A novidade, portanto, é a interação.

O festival selecionou três assuntos momentosos no Brasil: mobilidade urbana, violência e catástrofes naturais. Havia dúvidas sobre a responsividade do público. No entanto, em três semanas, surgiram 346 propostas. Ideias simples, porém engenhosas e factíveis, como a do aplicativo para celular que permite compartilhar localização e destino e facilita a carona entre pessoas circulando pela mesma região da cidade. Ou, ainda, como a dos pontos de encontro acionados por luz e som para agregar pedestres que desejem fazer juntos um trajeto pré-definido em áreas perigosas.

Durante o festival, que ocorrerá na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, nos dias 20 e 21 de setembro, vinte ideias selecionadas passarão por um processo de criação coletiva, onde serão melhoradas e formatadas como projetos.

Cada uma das três ideias vencedoras será premiada com 10 mil reais. Os projetos decorrentes destas e de outras ideias selecionadas serão financiados por meio de crowdfunding (apoio a empreendimentos por meio de microfinanciamentos).

Para refletir sobre o significado de tudo isso, três “jovens” - um professor, um poeta e um articulador de redes sociais - comporão uma mesa pública de conversação intitulada – vejam só! – “Viva a Sociedade Interativa”. Um parêntesis: o professor tem 80 anos e já foi presidente da República.

A sociedade alternativa cantada por Raul Seixas será a composição fractal de muitas sociedades interativas. Um novo mundo único não é mais possível, porque os mundos altamente conectados são múltiplos e assim também serão as sociedades que estão brotando agora da interação.

.Por: Augusto de Franco: autor, teórico e analista de redes sociais. Foi coordenador geral da Agência de Educação para o Desenvolvimento do Governo Federal de 2001 a 2005. Seu último conceito é o glocalismo, lançado na sua última obra, "Fluz", este ano. www.festivaldeideias.org.br.]

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