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24/08/2007 - 10:02

Agronegócio brasileiro expõe seus gargalos e procura saída única

Evento realizado pela Associação Brasileira de Agribusiness discute o tema “Brasil, um só Agronegócio”, no 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness, nos dias 27 e 28 de agosto, em São Paulo, com a presença de personalidades ligadas ao setor, como Robert L. Thomas (Universidade de Illinois) e Ashok Gulati (International Food Policy Research Institute – Ásia).

O agronegócio se consolida como a principal força da economia brasileira e é responsável por um em cada três reais gerados no país. O campo, em franca modernização, vem atingindo produtividade recorde em várias culturas como a soja (2.840 kg/ha), o milho (3.757 kg/ha) e o algodão (3.392 kg/ha). O agribusiness é responsável hoje por 33% do Produto Interno Bruno (PIB), 42% das exportações e 37% dos empregos gerados em solo nacional. Nos últimos dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial.

Para discutir a potência deste setor e ainda as políticas públicas para o seu desenvolvimento, a Associação Brasileira de Agribusiness reunirá, nos dias 27 e 28 de agosto, no WTC Hotel, em São Paulo, cerca de 600 pessoas participantes de todo Brasil. O evento, neste ano, terá como tema “Brasil, um só Agronegócio”.

Para Carlo Lovatelli, presidente da ABAG, “o agronegócio no país carece de uma estratégia soberana e nacional. Traçar dicotomia na agricultura entre alimentar e energética ou familiar e empresarial representa uma perda de objetivos. Nós defendemos que o Agronegócio deve ter uma política coesa e convergente”.

Gargalos - O setor do agribusiness brasileiro enfrenta uma série de dificuldades como a diferença cambial, uma política de comércio exterior desvantajosa, uma série de barreiras no mercado mundial e dificuldades de infra-estrutura no mercado nacional. Apesar disso, a safra de grãos, neste ano, deve marcar um recorde histórico e a exportação de produtos agroindustriais deve crescer em volume, contribuindo com a balança comercial brasileira.

Transporte e Logística - No Brasil, a logística é um item extremamente preocupante no custeio agropecuário. No caso da soja, por exemplo, este custo chega a ser o dobro do que é nos EUA e na Argentina. “No Brasil, infelizmente, 70% da produção agrícola é transportada por caminhão que é o modal de transporte mais caro”, lamenta Lovatelli. Ainda segundo o presidente da ABAG, o potencial de transporte por rios é muito pouco aproveitado. “Temos basicamente duas rotas que são responsáveis por menos de 5% do total produzido”, arremata Lovatelli.

Para Lovatelli, “novos caminhões estão sendo postos nas estradas para corrigir a ineficiência do sistema e não para aumentar a nossa capacidade de transporte”. Frente à situação precária das rodovias brasileiras, os caminhões trafegam com uma velocidade cerca de 40% menor do que o esperado, “então, temos que colocar mais caminhões para manter a mesma performance e não para aumentá-la”, relata o presidente da ABAG.

Política Externa Brasileira e o Câmbio - A falta de consciência executiva do Governo Federal engessa o setor. Para Lovatelli, o “Brasil é muito permissivo nas suas negociações com os mercados externos. Podemos até dizer que ocorre, hoje, um êxodo de investimentos do setor para a Argentina. É mais barato e eles têm uma folga de 40% no câmbio”, denuncia.

Um exemplo desta permissividade é o caso da soja brasileira. A Argentina já tem feito Dual Back com a soja brasileira. O Brasil exporta grãos para a Argentina que beneficia e manda de volta em forma de óleo ou biodiesel. A taxa de exportação argentina para a matéria-prima bruta é de 27%; para óleo e farelo de soja, o imposto é de 23% e para o biodiesel, 5%. No Brasil, ao contrário, o Governo Federal isenta a exportação de matéria-prima e sobretaxa a de “valor agregado”. Com isso, “São Paulo já perdeu boa parte de seu parque industrial e o Brasil se tornou o maior exportador de matéria-prima, investimentos e empregos do mundo”, argumenta Lovatelli.

A questão cambial é outro problema que o setor tem enfrentado. “A produtividade brasileira é maior que a dos EUA e Argentina, mas o produtor é penalizado com um câmbio desvantajoso”, explica Lovatelli. Para o diretor da ABAG, Luiz Antonio Pinazza, “por sorte, o nosso produto no mercado internacional está valorizado, o que amortiza um pouco a diferença de câmbio”.

Um Só Agronegócio - O Brasil hoje mantém quatro ministérios que lidam diretamente com o Agronegócio: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria da Pesca que tem status de ministério. “Esta colcha de retalhos monta uma estrutura em que as áreas brigam entre si, não formando um discurso único no Governo Federal e isto tem prejudicado muito o setor”, argumenta Lovatelli. Dentro deste contexto, o agronegócio brasileiro sofre com algumas dicotomias conceituais entre agricultura alimentar e energética ou entre produtor familiar e empresarial.

Congresso - O 6º CBA trará dois convidados internacionais, além de outros painelistas brasileiros que vão tratar de assuntos como “Agroenergia”, “Sustentabilidade”, “Investimento em Produção e Comercialização” e “Cooperativismo” em seis painéis.

Entre os convidados que confirmaram a presença estão: o governador do Estado de São Paulo, José Serra, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, , o jornalista Arnaldo Jabor, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan, o professor da Universidade de Illinois Robert L. Thompson (EUA) e o diretor da International Food Policy Research Institute (IFPRI), Ashok Gulati (Índia).

Inscrições - As inscrições estão abertas e podem ser feitas diretamente no site da associação, no endereço: www.abag.com.br. O valor da taxa de inscrição é R$ 350,00 e o prazo limite para inscrever-se é até 22 de agosto. Dúvidas podem ser esclarecidas na Wenter Eventos, telefone 11 5181-2905 ou pelo e-mail: [email protected].

Programação: Na segunda-feira, dia 27, a palestra de abertura, “Brasil: um só Agronegócio”, começa às 16h e será proferida pelo jornalista Arnaldo Jabor.

Em seguida dois painéis completam a programação do primeiro dia de evento: “Investimento em Produção e Comercialização”, com a participação do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan, do moderador Luis Carlos Guedes Pinto (Banco do Brasil) e ainda dos debatedores Jackson Schneider (Anfavea), José Fernandes Jardim Jr. (Cocamar), Manoel Felix Cintra Neto (BM&F) e Sergio Barroso (Cargill). O painel “Cooperativismo” terá a participação do palestrante Roberto Rodrigues (FGV), como moderador o vice-presidente da Abag e presidente da Andef, Cristiano Walter Simon e como debatedores Marcio Lopes de Freitas (OCB), Dilvo Grolli (Coopavel), Carlos Alberto Paulino da Costa (Cooxupé) e o deputado Marcos Montes (CAPADR).

No primeiro dia do evento se encerra com a tradicional entrega da homenagem a Roberto Rodrigues, eleito personalidade do Agronegócio 2007, prêmio que será entregue pelas mãos do homenageado no ano passado, o engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli. Logo após haverá o tradicional jantar para todos os participantes do evento e a imprensa.

Na terça-feira, dia 28, a programação começa às 9h, com o painel “Sustentabilidade”. O palestrante é Ricardo Young Silva, do Instituto Ethos, o moderador Roberto Waack (Amata Brasil) e os debatedores José de Menezes Berenguer Neto (Banco ABN Amro Real), Ocimar Villela (Amaggi), Adalgiso Telles (Du Pont) e a diretora da Abag e Abag Ribeirão Preto, Mônika Bergamaschi.

Em seguida, o tema é “Agroenergia”, com o palestrante Paulo Roberto Costa (Petrobrás). O moderador é Marcos Sawaya Jank (Unica) e os debatedores Luiz Custódio Cotta Martins (Siamig), José Zílio (ALF International), José Carlos Toledo (Udop) e Carlos Roberto Silvestrin (Cogen).

Após o almoço, o 6º CBA traz no painel “Visão Internacional: um só Agronegócio”, dois palestrantes internacionais: Robert L. Thompson, professor da Universidade de Illinois (EUA) e Ashok Gulati (IFPRI – Ásia). Fábio Chaddad, do Ibmec São Paulo, participa da palestra juntamente com eles e a moderação entre os três será feita pelo Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues.

Às 16h, no painel “Brasil: um só Agronegócio”, o economista Eduardo Giannetti (Ibmec São Paulo) encerra a programação do evento, tendo como moderadores o presidente e o vice-presidente da Abag, Carlo Lovatelli e Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

Para a cerimônia de abertura e encerramento do congresso, a Abag convidou também os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Reinhold Stephanes e Miguel Jorge e o governador de São Paulo, José Serra. | Site: www.abag.com.br.

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