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05/10/2011 - 10:45

Prioridades e Premissas – Cigarros e Automóveis

As queixas mais recorrentes que ouço em palestras, cursos e consultas são variações da seguinte frase: “Não tenho como investir, não sobra nada no final do mês”. Eu compreendo tal queixa, pois lido com isso há muito tempo, e minha solução para isso é simplesmente mudar a forma de pensar por meio da racionalidade.

Um dos casos mais marcantes que atendi foi o de um casal de alta renda (R$ 50 mil por mês). Ao abrir sua vida financeira, este casal contou que seu maior incômodo era ter acumulado somente R$ 44 mil em um plano de previdência, após doze anos de casados. O sentimento era que ambos trabalhavam para os outros, visto que sempre tinham carnês para pagar. Isso era a mais pura verdade, pois tudo na vida deles era financiado, inclusive aquilo que chamavam de investimento, um imóvel que compraram na planta para vender na entrega das chaves - ou seja, que foi adquirido pagando juros.

Enquanto as premissas não mudarem, nada mudará na vida financeira de quem quer que seja. Para esclarecer, uma premissa é a ideia inicial, a primeira concepção, da qual se parte para formar um raciocínio. Ou seja, se a sua premissa para fazer um pão for usar farinha, você provavelmente terá um pão ao final do processo. Porém, se for usar areia, mesmo que branquinha como a farinha, morrerá de fome.

Ao ter como premissa que investimento é algo para receber juros (e não pagá-los), o investidor se livrará de muitos e péssimos gastos ao longo da vida. No caso que citei, o casal poderia fazer o mesmo investimento imobiliário pagando à vista, em parcelas iguais, usando uma eventual carta de consórcio, mas nunca faria um financiamento convencendo-se de que é “investimento”.

No entanto, adequar apenas as premissas pode não ser suficiente para a maior parte das pessoas. Quando falamos em enriquecer e formar um grande e sólido patrimônio, também as prioridades devem ser mudadas ou realocadas. Prioridade é a preferência, ou o que você quer mais em detrimento de outras alternativas.

Se eu perguntar a uma pessoa adulta: “o que seria mais importante para um jovem de 18 anos, ganhar de seus pais um carro ou ter um pai e uma mãe fumantes?”, tenho certeza que a resposta seria o carro, mesmo dos fumantes. No entanto, a prioridade, ao menos para os pais fumantes, é fumar e não presentear seu filho com um carro. Veja como funciona:

Um maço de cigarros custa R$ 4,00. Em um mês, são transformados em fumaça R$ 240,00 (um maço por dia para o pai e outro para a mãe). Em um ano foram gastos R$ 2.880,00. Com os juros de caderneta de poupança de 0,5% ao mês (sem considerar a TR), o casal acumularia R$ 92.964,77 em 18 anos de investimento. Valor mais do que suficiente para deixar seu filho feliz. São dois filhos? OK, então seriam R$ 46.482,00 para cada filho, o suficiente para o carro e alguns extras.

A mudança na prioridade ocorreria pela simples racionalização e posterior conscientização de que cada maço de cigarros afasta, ao longo dos anos, o outro objetivo que também custa algum dinheiro. Usei os fumantes como exemplo, pois tenho certeza que a maior parte deseja largar o vício.

Por muito tempo, muito mesmo, foi colocado no inconsciente coletivo de que é preciso viver o momento, aproveitar o presente, pois ninguém sabe como será o futuro, se é que um dia chegará. E eu pergunto: Esta premissa é correta? Se for, então, realmente, a prioridade é consumir cigarros agora e não presentear os filhos no futuro.

Ninguém duvida que pai ou mãe algum, fumante ou não, quer o melhor para seus filhos. A questão é qual a prioridade que você dá a tudo que se passa em sua vida? É melhor abdicar de pequenos e passageiros prazeres no presente para ter imensos prazeres no futuro? Essas respostas são muito particulares. Nas finanças pessoais, você só saberá se obteve as melhores respostas e se trilhou o melhor caminho quando chegar à terceira idade com patrimônio suficiente para manter seu status e padrão de consumo sem depender de favores de parentes (filhos ou não) ou da magra aposentadoria governamental. Pense nisso agora, pois o futuro se tornará presente.

.Por: Mauro Calil, palestrante, educador financeiro e autor do livro “A Receita do Bolo” – www.calilecalil.com.br

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