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07/10/2011 - 09:54

Preços de Resina Plásticas na contramão do mercado internacional, aponta Abiplast

As empresas brasileiras de transformação de material plástico receberam, nos últimos dias, anúncios de reajustes de preços das matérias-primas plásticas a ser aplicado logo nessas primeiras semanas de outubro, sob o argumento de que estariam ajustando seus preços às recentes mudanças no câmbio.

A Braskem, principal fornecedora de Polietilenos, Polipropileno e de PVC, anunciou aumentos na ordem de R$700/ton e a DOW (que embora esteja localizada na Argentina, também é favorecida pelas altas taxas de importação no Mercosul) soltou comunicado de reajuste de R$600/ton nos preços dos polietilenos comercializados pela empresa no Brasil, reajustes esses que se seguem a um aumento já aplicado em setembro de cerca de 5%.

Essa movimentação de preços de resinas no mercado brasileiro está totalmente fora do contexto internacional, uma vez que não há nenhum sinal no mercado de alta de preços, pois a demanda mantém-se estagnada por uma crise de dimensões ainda não estimadas, e os preços do petróleo e dos insumos utilizados para fabricação das resinas estão em queda.

Quantificando essas movimentações, verifica-se que, no final de setembro, o preço do petróleo BRENT recuou 3,5% em comparação com as quatro semanas anteriores e, nesse mesmo período, o eteno apresentou redução de 10% no mercado europeu, 17% no americano e 4% no asiático, e o polietileno também registrou redução, de 9% na Europa, 6% nos EUA e 3% na Ásia.

Em se tratando do propeno, matéria-prima para o polipropileno e do PVC, os movimentos internacionais de preços foram similares. Somente no Brasil o movimento foi inverso, registrando uma alta média de 5% e anúncios de mais praticamente 15% para outubro.

Os polietilenos, polipropilenos e PVC são matérias-primas utilizadas pela industria de transformação plástica para fabricação de produtos como embalagens de alimentos, bebidas, limpeza, produtos para uso na agroindústria (embalagens, sementes, fertilizantes, lonas, telas etc), produtos de construção civil, embalagens farmacêuticas e aplicações médicas, brinquedos, autopeças, utilidades domesticas e peças para produtos eletrônicos, dentre outras infinidades de itens consumidos no dia-a-dia por toda sociedade.

Essas altas de preços de matérias- primas, em desajuste com a realidade nacional e internacional são reflexos de uma política que favorece unicamente o monopólio de resinas, que já pratica no mercado brasileiro preços cerca de 35% mais altos do que os internacionais, por conta da proteção contra importações dada por uma alíquota de 14%, potencializada por direitos antidumping de PVC e PP, que mantêm cativa a demanda nacional ao monopólio da petroquímica. No longo prazo, essa situação trará enormes efeitos negativos à cadeia produtiva dos plásticos,inclusive na indústrias produtoras de resinas.

Segundo José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, isso pode intensificar a crise econômica – mundial e nacional. "Também pode acarretar outros problemas, como a diminuição da competitividade e o aumento da vulnerabilidade dessa indústria, um importante setor que, além de agregar valor à matéria-prima, é o terceiro maior empregador". No Brasil, há cerca de 12.500 empresas, de acordo com Roriz.

Ampliação do direito antidumping do PVC encarecerá produtos de plástico: impacto da medida é grande na economia, pois os plásticos estão presentes em praticamente toda a indústria e em numerosos bens de consumo- Apesar de estar vigorando há quase 20 anos, o direito antidumping aplicado ao PVC foi aumentado para 16%, sob o argumento de estar sendo restaurada a sua eficácia. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a medida beneficia apenas os poucos produtores nacionais do produto, que podem manter cativo o mercado interno, praticando preços mais elevados do que os vigentes no mercado internacional.

Os produtores de manufaturas e semi-manufaturas produzidas com PVC são inviabilizados de poder se utilizar de fontes alternativas de suprimento a preços mais compatíveis, diminuindo sua competitividade no mercado internacional e aumentando sua vulnerabilidade em relação ao produto importado.

Convém ressaltar que os altos preços do PVC nacional amparados por tal medida resultam de imediato no aumento dos custos dos produtos transformados de plásticos e, consequentemente, geram um componente inflacionário muito importante, obrigando o repasse de preços, pois não há outra alternativa para se manter no mercado”, afirma o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho.

Os segmentos industriais atingidos pela medida, como reconhece o próprio governo, são sensíveis e importantes para o desempenho da economia nacional: construção civil, indústria automotiva, embalagens, irrigação e transportes. São setores que utilizam em larga escala o plástico transformado.

Essa situação comprova que manter um setor industrial altamente protegido e isolado de uma realidade de mercado em nada contribui para o desenvolvimento e crescimento industrial. Após quase 20 anos tendo o mercado nacional fechado, a indústria nacional produtora de PVC continua apresentando a mesma debilidade e utilizando dos mesmos recursos para ter melhores resultados econômicos e financeiros. O que é mais crítico, essa mesma indústria atualmente carece de condições adequadas de suprimento pleno do mercado interno e ela própria recorre à importação para atender a demanda nacional.

"Se queremos ser competitivos, temos de nos estruturar e buscar eficiência, não podemos nos esconder atrás de proteção de mercado eternamente. Proteger monopólios de matéria-prima tira a competitividade da cadeia produtiva como um todo, apenando os setores que mais agregam valor e emprego e, sobretudo, transferindo o custo de proteção para o bolso da sociedade”, finaliza o presidente da Abiplast.

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