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08/10/2011 - 11:23

Exportações de commodities em tempos de crise

A balança comercial brasileira vem obtendo saldo positivo desde 2000, sendo que as importações cresceram mais do que as exportações a partir de 2006. Ou seja, o superávit está em trajetória decrescente desde então. Se, de um lado, o fôlego das exportações brasileiras tem sido sustentável, por outro, as importações têm avançado a taxas expressivas. Tendência marcante é que as vendas externas de bens de maior valor agregado vêm perdendo seu dinamismo,enquanto as commodities ganharam espaço.

A ascensão da China como importadora de commodities brasileiras tornou a balança comercial superavitária mesmo em períodos de crise nos Estados Unidos ou na União Europeia. Depois do superávit positivo de US$ 2,4 bilhões em 2003 – que representou 10% do seu superávit total -, o Brasil passou a ter resultados cada vez menores, invertendo-se o saldo a partir de 2007, até chegar a um déficit comercial com a China de US$ 3,5 bilhões em 2008 (início da crise), e um superávit de US$ 5,1 bilhões em 2009 (ano de crise) – representando 20,0% do superávit total. Parecia, portanto, que em períodos de crescimento da economia brasileira, as importações provenientes da China cresciam muito mais rápido do que as exportações destinadas a este país e, em momentos de desaceleração, como o Brasil é exportador de commodities, e num contexto de forte queda do produto industrial, ocorria o contrário, as exportações aumentavam e as importações se retraiam (BARBOSA & TEPASSÊ, 2009). Entretanto, os dados somados até agosto de 2011 mostram que mesmo com a retomada do crescimento econômico brasileiro o superávit com esse país permanece crescendo é já representa 40,6% do total do saldo brasileiro (25,7% em 2010, ano fechado).

A pauta de exportações do Brasil para a China é concentrada em dois produtos básicos, minérios de ferro e grãos de soja. Em 1996 esses dois produtos somados representavam 13,7% da pauta, já em 2009, essa participação chegou a 67,5%.

Existe ainda, um terceiro produto que vem ampliando participação desde 2004. Se, em 2003, óleos brutos de petróleo representava menos de 0,5%, em 2010 sua participação chegou a 13,2%. Ou seja, existe agora a inserção de um novo produto nessa pauta de exportações concentrada.

Juntos, os três produtos, que tinham participação de 13,7% em 1996, chegam a agosto de 2011 representando 79,2% da pauta de exportações para a China (79,7% em 2010, ano fechado).

Se, por um lado, o enorme aumento da presença da China na economia brasileira pode fazer dela a culpada por uma desindustrialização relativa e primarização dapauta de exportações, por outro, a China também poderia estar viabilizando a modernização da indústria de transformação brasileira. De qualquer forma, as duas afirmações devem ser levadas com cautela, pois tudo depende da adaptação do país aos efeitos em cadeia propiciados por esse novo cenário, o que depende da coerência entre as políticas macroeconômicas, industriais e tecnológicas.

.Por: Ângela Cristina Tepassê, economista, mestre em Economia Política pela PUC-SP e professora das Faculdades Integradas Rio Branco.

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