Estudos apontam impacto de sistemas de gestão para UTIs

Extração e análise de dados ajuda a reduzir índice de infecções.

Com o aumento da expectativa de vida, o aprimoramento da qualidade assistencial em unidades de terapia intensiva (UTIs) tornou-se fundamental. Por isso, gestores de todo o país começaram a utilizar, a partir da década de 90, sistemas inteligentes para monitorar procedimentos de rotina e mensurar a qualidade e a performance das unidades. Hoje, estudos realizados por médicos em hospitais no Rio de Janeiro apontam o impacto positivo da utilização de softwares específicos para extração e análise de informações clínicas que podem auxiliar os gestores a aplicar medidas corretivas e reduzir os índices de eventos adversos e infecções nas UTIs.

Segundo o Dr. Fernando Rodriguez, médico-rotina do CTI geral do Hospital de Clínicas de Niterói (HCN), “para melhorar a qualidade do atendimento é preciso que o gestor conheça e entenda a realidade de sua área. Com a utilização de um software de gestão para UTI, conseguimos extrair e analisar dados que possibilitaram a aplicação de medidas corretivas e a redução de taxas de infecção na unidade”, explica. Utilizado na UTI Geral do HCN desde 2008, o software criado pela Epimed Solutions — empresa especializada em sistemas de gerenciamento de informações clínicas — serviu como base para um estudo apresentado durante o XIV Congresso de Terapia Intensiva, no Rio de Janeiro.

A meta do HCN era reduzir a incidência de pneumonia no CTI geral. Porém, foi necessário avaliar, entre outros dados, as taxas de pneumonia, infecção urinária e os índices de infecção associada a catéter. A partir da estratificação de dados gerados pelo sistema Epimed Monitor, também foi possível traçar o mapa de eventos adversos e implantar as medidas necessárias para o aprimoramento da qualidade assistencial. A pesquisa permitiu comprovar a eficiência das ações corretivas e foi possível checar os resultados por meio do próprio sistema.

Em outro estudo, o Dr. João Andrade, coordenador clínico da UTI do Hospital Padre Miguel, utilizou o sistema Epimed Monitor como base científica para avaliar a eficácia de um programa de treinamento, adotado pela instituição com o objetivo de reduzir índices de infecções nas unidades de terapia intensiva. De acordo com o médico, “a vigilância constante exercida pelo sistema, associada ao incremento das medidas de treinamento e segurança, permitiu a redução significativa nas taxas de infecção urinária”, revela.

Em sintonia com as necessidades do setor, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, em 2010, a RDC 7, que insere a monitoração contínua da performance e dos indicadores de qualidade das UTIs entre os requisitos obrigatórios para funcionamento das unidades em hospitais públicos e privados de todo o Brasil.