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28/08/2007 - 08:29

Congresso Moveleiro discute os caminhos para o desenvolvimento setorial

Consultores, especialistas, jornalistas, entidades e empresários debatem as perspectivas e estratégias da indústria moveleira.

As empresas do setor moveleiro precisam estar atentas às mudanças e antenadas com as exigências dos consumidores brasileiros em relação a design, preço, qualidade e com o marketing e a comunicação de sua marca ao mercado. Estas são, em síntese, as conclusões do 2º Congresso Moveleiro Abimóvel/Sebrae, que aconteceu entre os dias 7 e 8 de agosto de 2007 no Novotel Center Norte, em São Paulo, em paralelo à 25ª Feira Internacional da Indústria Moveleira (Fenavem). A segunda edição do Congresso Moveleiro foi extremamente bem-sucedida, com a participação de 678 inscritos de diversos pontos do país, interessados em discutir os rumos do setor e anotar as visões mais inovadoras sobre questões fundamentais ao segmento, como as questões de marketing, da emergência de novos mercados, da necessidade de tecnologia e inovação para o desenvolvimento de novos produtos e do negócio e do foco na sustentabilidade como importante valor corporativo.

O pano de fundo do congresso foi a discussão do que é necessário fazer para elevar o crescimento do setor moveleiro e suas estratégias de desenvolvimento. "Esse é o principal evento anual do setor e neste ano discutiremos questões estratégicas para a indústria e o comércio moveleiros e as alternativas existentes no mercado para incentivar o crescimento do país nesse segmento, que tem faturamento global de mais de R$ 17 bilhões e exporta quase US$ 1 bilhão por ano", afirmou José Luiz Fernandez, presidente da Abimóvel, na abertura do evento. O deputado federal João Dado, presidente da Frente Parlamentar Moveleira, informou aos presentes, também no início do congresso, que há questões em debate pela frente que interessam a todos do setor: "Temas como PIS/Cofins, redução da carga tributária e medidas de apoio à indústria moveleira são os desafios que enfrentaremos, junto com as entidades do setor, na Frente Parlamentar Moveleira", afirmou Dado. O presidente do Sebrae/SP, Milton Dallari, representando o presidente nacional do Sebrae, Paulo Okamoto, disse que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aprovada em dezembro último, é um importante passo para as empresas de pequeno porte, que são maioria no segmento moveleiro. "A Lei Geral traz incentivos às micro e pequenas empresas em itens importantes, como as licitações públicas, por exemplo", afirmou Dallari. Ele explicou ainda que o Sebrae apóia 84 projetos em 24 Estados brasileiros, num total de R$ 96 milhões de investimento.

Marketing e sustentabilidade - No primeiro dia do congresso, o consultor e especialista em marketing Arão Sapiro abriu os debates abordando as mudanças nas estratégias de marketing e a necessidade de o setor estar atento às mudanças, dizendo que estamos vivendo a "era da inovação", após termos passado pelas eras do preço (década de 1960) e da qualidade (décadas de 1970/1980), entre as principais tendências mundiais. "a palavra de ordem hoje é meio ambiente e preservação. Estejam atentos a isso", disse Sapiro.

Na seqüência, um talk show - debate - envolveu a questão da sustentabilidade do setor moveleiro, em todas as suas instâncias - ambiental, social e econômica. Os participantes desse debate foram Helio Seibel, da Leo Madeiras, Rosmary Delboni, da Key Associados, com moderação a cargo da jornalista Ana Luíza Herzog, da revista Exame. Rosmary utilizou sua experiência na área de sustentabilidade para dizer aos presentes que esse conceito não é modismo, mas "veio para ficar". De acordo com ela, as empresas que não prestarem atenção à preservação ambiental e às questões sociais em sua operação correm o risco de perder o principal, "a sustentabilidade econômica do negócio, devido às reações negativas do mercado consumidor". Já Helio Seibel discorreu, de forma bastante coloquial e bem-humorada, sobre as motivações principais que o levaram - e à sua rede de lojas - a investir na questão da sustentabilidade. "Cansado de ser cobrado em casa pelo meu filho, que reclamava da pecha de destruidores da natureza que o setor de madeira e móvel tinha então, procurei o Greenpeace para discutir essa questão", contou ele. À estranheza inicial dos integrantes do movimento, tido por muitos como radical, houve um entendimento muito grande entre as partes, após discutirem a questão, segundo Seibel. "Expliquei a eles que ao nosso setor interessa e muito a preservação ambiental, porque vivemos disso. Eles concordaram e até nos orientaram a abrir a loja com o selo EcoLeo, que visa a distribuir madeira com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), junto com as lojas convencionais da rede, para que ela tivesse sustentabilidade econômica", relatou Seibel.

Tecnologia e inovação -Fazer inovação em pequenas empresas é diferente de desenvolver essa mesma questão em grandes companhias, explicou Paulo Alvim, gerente da Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae. Inovação, disse ele, é uma das 12 prioridades do Sebrae e recebe atualmente 15,3% do orçamento de R$ 130 milhões/ano da instituição. A meta do Sebrae é atingir 20% do seu orçamento anual em investimentos em tecnologia e inovação até 2011, disse Alvim. Ele apresentou diversas ações do Sebrae em pólos moveleiros pelo Brasil, discorreu sobre as ações da chamada escada da inovação do serviço e disse que o Sebrae disponibiliza, gratuitamente, em seu site o SRT-Serviço de Respostas Técnicas, que tem como meta atingir 10 mil respostas em 2007. Ele também divulgou que o Sebrae tem novo edital, que entraria no ar na terça-feira, 13 de agosto, para um programa que fornece recursos não-reembolsáveis às empresas que desejam investir em inovação. "A nossa meta é levar a inovação e o desenvolvimento tecnológico também às empresas moveleiras de todo o país", afirmou Alvim.

Mercado e suas questões - O mercado brasileiro atual, como conquistar novos e fidelizar os clientes antigos, além de incorporar em seu planejamento estratégico os novos formatos de família no Brasil e as inovações na maneira de pequenos lojistas atuarem em conjunto foi o tema central do talk-show moderado pelo jornalista Heródoto Barbeiro, da TV Cultura e da rádio CBN, e que contou com a participação de Stela Susskind, diretora de Planejamento da TNS Interscience, de José Francisco Vieira, do Grupo de Loja Móbile, de Minas Gerais, e do arquiteto e pesquisador da USP, Guto Requena. Stela explicou que, para manter ou fidelizar um cliente, é necessário que as empresas estejam superatentas às necessidades desse comprador, respondendo adequadamente às suas exigências e prestando atenção em detalhes, como a própria abordagem e o retorno às suas solicitações. Vieira mostrou a interessante experiência do Grupo de Loja Móbile, de Belo Horizonte, que começou como uma associação de três lojas, em 1996, e hoje tem 17 associados, com 71 lojas, 600 funcionários, logística e estratégias de marketing e divulgação próprias. "O associativismo funciona e muito bem. O Grupo Móbile é prova disso", disse Vieira.

O formato da família brasileira vem mudando e trazendo novos modelos, completamente diferentes do tradicional pai, mãe e filhos. Há hoje muitas mulheres chefiando sozinhas famílias, casais do mesmo sexo, pessoas morando só, entre diversos outros modelos. Tudo isso, explicou Guto Requena, influencia a forma de morar e, como não poderia deixar de ser, o formato, dimensão e outros detalhes dos móveis. Ao final, Heródoto Barbeiro indagou aos palestrantes sobre questões como a influência desses fatores (atendimento, distribuição, formato familiar) no negócio moveleiro. A resposta foi de que eles influenciam sem dúvida esse mercado e que os fabricantes precisam ficar atentos a essas questões.

O design criando valor: pesquisa revelará importância do design - Os principais dados da pesquisa realizada no setor moveleiro - visando a medir a influência do design na vida das empresas - pela Fundação Getúlio Vargas, sob encomenda da Associação de Designers de Produto (ADP) e Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic), foi apresentada por Renato Harsi, presidente da ADP. Ele mostrou algumas questões que muitos intuíam, mas não tinham certeza.

A pesquisa, realizada com 130 empresas moveleiras de diversos portes, em vários estados brasileiros, revelou que uma pequena maioria (24%) dos empresários tem a noção correta do que é design - "projeto e aparência do produto (forma e acabamento)" -, enquanto 23% têm noção bastante aproximada do que seja design: "projeto do produto, inclusive materiais, prazos de produção e adequação ao mercado". Mas cerca de metade dos entrevistados tem uma imagem deturpada do que é design: imaginam que essa especialidade profissional é apenas projeto de embalagem ou ainda ergonomia do produto. Porém, 87% dos pesquisados responderam que utilizam design em suas empresas, mesmo percentual que o considera como investimento e não custo.

A maioria (58%) das empresas entrevistadas considerou design item estratégico e 79% delas consideraram que ele tem papel relevante no faturamento, enquanto 82% responderam que o design ajuda a aumentar o faturamento e melhora a percepção da empresa pelo mercado. Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas em www.adp.org.br/pesquisamov.pps.

Mercado popular - Virar de cabeça para baixo seus conceitos em relação ao consumidor popular foi o principal conselho dado aos presentes por Renato Meirelles, diretor do Instituto DataPopular, que pesquisa esse segmento de consumidores para grandes corporações, como Pão de Açúcar, Carrefour, entre outros. "No segmento popular, que movimenta R$ 512 bilhões ao ano no Brasil, é necessário repensar a lógica que orienta o pensamento corporativo, até então focado no topo da pirâmide", afiançou Meirelles. Na receita do que fazer, Meirelles disse que é necessário ser simples e direto, respeitar o repertório desse público, trabalhar com referências próximas e aprender com a tradição oral, apostando na repetição. "A cultura popular brasileira é que move esse consumidor. É inspirado nas festas nordestinas, nas feiras, na literatura de cordel, nas músicas regionais, entre outros itens", disse ele.

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