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21/10/2011 - 09:25

Sistema BRT: alternativa para a mobilidade urbana em todo o mundo


O 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito reúne até o dia 21 de outubro (sexta-feira), especialistas nacionais e estrangeiros para discutir temas como as iniciativas internacionais da Década Mundial de Segurança Viária, recentes pesquisas sobre mobilidade urbana e qualidade do ar e programas que vêm sendo implementados para mudanças nos padrões de deslocamento da população em todo o mundo.

Os investimentos na mobilidade urbana, particularmente em sistemas de transporte rápido por ônibus (BRT), marcaram presença em boa parte das conferências, painéis e sessões técnicas do evento.

O representante do Banco Mundial, o brasileiro Georges Darido, falou sobre o que o banco vem fazendo para fomentar um novo padrão de mobilidade urbana. Um dos principais requisitos é que o país tenha uma agência que coordene as políticas federal, estadual e municipal de transporte público, dando prioridade a investimentos em projetos que favoreçam a integração modal, com eficiência econômica e sustentabilidade no longo prazo.

A diretora de Mobilidade da África do Sul durante a Copa do Mundo de Futebol de 2010, Luzanda Makidizela, explicou que boa parte dos fundos nacionais para a reestruturação do transporte urbano no país se destinou ao combate ao transporte ilegal, especialmente com investimentos em sistemas BRT.

A vice-presidente da Associação Americana de Transporte Público (APTA), Petra Mollet, apresentou estimativas do órgão, de acordo com as quais cada bilhão de dólares investidos em transporte público gera 30 mil empregos diretos. Segundo ela, o uso dos transportes nos Estados Unidos ainda é pouco racional, o que implica em uso intensivo de energia, com consumo de 29% da produção nacional de energia, prejuízos ao meio ambiente e uso intensivo do solo – no país, o uso maciço de automóveis demanda 32% mais terras que na Europa.

O presidente executivo da Associação Canadense de Transporte Público (CUTA/ACTU), Michael Roschlau, discorreu sobre os planos do país para o transporte urbano nos próximos 30 anos. Ele destacou que a acessibilidade e a informação ao consumidor têm de estar no centro das discussões e iniciativas nacionais e defendeu os sistemas BRT como um meio de “revolucionar” a mobilidade urbana.

A gerente de projetos multilaterais do BanObras (banco de desenvolvimento mexicano semelhante ao BNDES), Liliana Reis, informou que o país está privilegiando projetos de BRT em cidades com mais de 500 mil habitantes, devido ao seu baixo custo e rapidez de implantação. Ela citou os exemplos da Cidade do México, Monterrey e Chihuahua.

Já a gerente da divisão latino-americana da União Internacional de Transportes Públicos (UITP), Eleonora Pazos, foi responsável pela advertência mais grave no primeiro dia do congresso. Ela lembrou que o crescimento da população mundial levará a um aumento ainda maior no número de deslocamentos, particularmente no transporte individual.

A meta da UITP é dobrar o uso do transporte público até 2025, mas a técnica alertou para os riscos que os países correm a se manter a tendência atual: carros particulares, que representavam 47% dos deslocamentos no mundo em 2005, passarão a responder por 54%, enquanto o transporte público e os meios não motorizados terão a participação reduzida.

Pazos citou casos de cidades da China, Coreia do Sul, Emirados Árabes, Etiópia, Irã, Qatar e Taiwan, que estão investindo maciçamente em transporte público, particularmente em sistemas BRT.

Investimentos brasileiros se destacam, só o Rio de Janeiro terá 150km de corredores expressos- O governo federal está destinando cerca de R$ 30 bilhões para melhorar a qualidade do transporte coletivo nas grandes cidades. Os recursos do PAC da Copa para o setor de transporte público (R$ 11,9 bilhões) e do PAC da Mobilidade (R$ 18 bilhões), somados, dariam para construir mais de mil quilômetros de corredores expressos para o sistema de Transporte Rápido por Ônibus (BRT, na sigla em inglês), em 24 cidades brasileiras, beneficiando 47 milhões de pessoas.

A conta foi feita por Renato Boareto, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Segundo seus cálculos, a construção de cada quilômetro de BRT implantado custa cerca de R$ 25 milhões – mais de sete vezes inferior ao custo de cada quilômetro para o metrô, que varia de R$ 170 a 200 milhões. Os projetos contemplados no PAC da Mobilidade serão anunciados em novembro.

A importância dos BRTs como parte da solução para a mobilidade urbana nas grandes cidades foi reforçada por Marcos Bicalho, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), seu homônimo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o presidente do Fórum Nacional de Secretários de Transportes, Waldemar Vasconcellos, e o presidente da Fetranspor, Lélis Marcos Teixiera.

As três entidades foram responsáveis pela criação, em 2010, do Programa BRT Brasil. Bicalho, da NTU, destacou que, dos 47 projetos inscritos no PAC da Mobilidade, 20 diziam respeito a sistemas BRT. Teixeira defendeu que a melhoria do transporte coletivo depende não só de determinação política, mas também de investimentos na recuperação da infraestrutura. Segundo o presidente da Fetranspor, estudos da ONU preveem que a concentração da população nas cidades passará de 84% para 92% nos próximos anos, o que revela a urgência na melhoria da mobilidade urbana.

O Rio de Janeiro investe na construção de quatro BRTs para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas. O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, que apresentou os projetos TransOeste, TransCarioca, TransOlímpica e TransBrasil, afirmou que os quatro projetos consumirão, em cinco anos, um volume de investimentos comparável aos recursos destinados ao transporte urbana nas últimas três décadas.

Transporte público agora tem parlamento jovem-Iniciativa da União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), o programa Y4PT – sigla em inglês para Youth for Public Transport – começa a ser criado no Brasil, com a promoção de um laboratório durante o 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP. Na sessão de encerramento do evento, no dia 21 de outubro, será feita a apresentação do Parlamento Jovem brasileiro, com a presença de universitários que se tornarão embaixadores do transporte público.

O Y4PT tem por propósito chamar a juventude a participar e discutir um transporte público sustentável. Grupos foram formados em países como Alemanha, Canadá, Colômbia, Índia, Líbano, México, Oman e Turquia. A ideia germinou no último congresso da UITP em Dubai, em abril de 2011, quando foram apresentadas ideias como a de aplicativos relacionados com o transporte público para telefones celulares.

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