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21/10/2011 - 09:30

Líderes e autoridades apontam caminhos para o crédito no Brasil

Mudanças incluem inovações, como a captação de recursos junto ao público por agências de fomento; Seminário do Crédito teve ênfase na necessidade da redução dos juros.

O setor produtivo brasileiro precisa de uma injeção de crédito a um custo adequado para realizar seu potencial de ser o motor de um crescimento econômico forte e sustentável. Essa é a conclusão a que chegaram economistas e líderes do setor produtivo e financeiro durante o Seminário de Crédito, realizado no dia 11 de outubro, no Hotel Unique, em São Paulo. O evento, realizado pela XYZ Live, reuniu 350 executivos das maiores empresas do país e contou com a presença de autoridades governamentais, líderes do empresariado e alguns dos principais pensadores da economia no Brasil. Com base no conteúdo oferecido por debatedores e palestrantes, os organizadores irão produzir um documento de diretrizes sugeridas para as autoridades do Banco Central.

Bazinho Ferraz, presidente da XYZ Live, acredita que o evento contribuirá para abrir o horizonte dos participantes e também será uma contribuição da sociedade para as decisões do governo no campo do crédito. "A questão do crédito de longo prazo é fundamental e não pode ser subordinada a situações conjunturais", diz ele. "Não podemos reduzir o crédito por conta da incerteza internacional. Esse recurso é o motor de diversos segmentos importantes da economia", afirmou.

Sergio Waib, vice-presidente da XYZ Live, defendeu a democratização do acesso ao crédito. "O crédito, através de seus diferentes canais, é fundamental para garantir um desenvolvimento social e econômico sustentável de longo prazo. Outro ponto é a capilaridade desse acesso. Para que o Brasil cresça de forma democrática, é preciso que os recursos também cheguem a regiões distantes das capitais, que atualmente concentram a maior parte dos recursos captados". Para ele, o resultado do seminário superou as expectativas. "É algo que terá continuidade", disse, referindo-se ao documento com o resumo das preocupações do setor produtivo que será entregue ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "Espero que o BC seja sensível e não perca a oportunidade de refletir sobre as questões levantadas por esse dream team da economia brasileira", ponderou Waib, referindo-se ao grupo de debatedores e palestrantes.

Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo, disse que o Brasil precisa aproveitar o momento de crise mundial para captar poupança externa a ser canalizada para investimentos de longo prazo. Esses recursos poderiam ser, inclusive, utilizados como crédito para o setor produtivo. Segundo ele, fontes internacionais têm apontado para a estagnação na Europa e nos Estados Unidos em um prazo mais longo do que em crises recentes. E por isso o capital internacional está à procura de projetos em países como o Brasil. Afif Domingos defendeu que o caminho para essa captação de recursos passa pelas PPPs (parcerias público-privadas).

Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento, apontou para uma inovação no mercado de crédito. O executivo disse que as restrições aos empréstimos das agências de fomento alijam as pequenas e médias empresas desse mercado. Tais agências não podem, como as demais instituições financeiras, captar recursos junto ao público. "Não faz mais sentido esse impedimento", afirmou Melo Santos, lembrando que a legislação data de um período em que havia o receio de que essas agências desviassem dinheiro para campanhas políticas, a exemplo do que faziam os bancos estaduais que elas substituíram.

Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização do Banco Central, reconheceu que as agências de fomento, que vêm crescendo na última década, têm papel importante na expansão do crédito. "O volume de crédito no Brasil aumentou de 25% para 50% do PIB em dez anos", observou. Sem comentar diretamente a colocação de Melo Santos, Meirelles afirmou que o BC monitora as agências de fomento e que está sempre tentando aperfeiçoar os marcos regulatórios. "Estamos abertos a sugestões como as apresentadas neste seminário", disse.

Para Luiz Aubert Neto, da Abimaq, a política de crédito no Brasil é comprometida pela taxa de juro, a mais alta do mundo. "O custo do capital de giro, para as empresas do setor de máquinas e equipamentos, é equivalente a 9,41% do faturamento líquido. Isso sangra o país", afirmou.

O presidente da Abimaq, no entanto, encerrou sua apresentação com uma nota otimista, louvando a atitude do governo de, recentemente, reduzir em meio ponto percentual a Selic, a taxa básica de juros.

O economista Eduardo Giannetti, por sua vez, disse considerar arriscada a iniciativa do Banco Central. "Os juros altos são mais sintoma do que causa dos problemas econômicos do Brasil. É preciso evitar os riscos simétricos do fatalismo e do voluntarismo", afirmou. Ou seja, deve-se evitar a posição de que nada adianta fazer, mas é importante também não achar que baixar os juros "é uma questão coragem". Giannetti argumentou que os juros são elevados porque o Brasil poupa pouco, menos de 18% do PIB. E poupa pouco porque o governo gasta demais com despesas correntes. "Mantidas essas condições, reduzir os juros é uma ação ousada. Se, em decorrência dessa decisão, a inflação escapar da meta, o resultado será um aperto na política monetária no início do ano que vem, o que significará crescimento econômico mais baixo".

Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências, endossa a análise de Giannetti. Para o ex-ministro da Fazenda, "os juros altos são inaceitáveis, mas trazê-los a um patamar civilizado representa um enorme desafio". Ele não acredita que simplesmente cortar a Selic seja o caminho certo. "É preciso reduzir os juros de forma responsável", afirmou, fazendo alusão à ameaça inflacionária.

O seminário, que contou também com a participação de Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo. O evento teve apresentação da Agência de Fomento Paulista - Nossa Caixa Desenvolvimento e do Governo do Estado de São Paulo. O evento foi patrocinado pela Cielo e pelo Sebrae, com apoio da Serasa Experian e AVSC.

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