Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

22/10/2011 - 10:39

Experiências da emancipação


Coletânea da Selo Negro Edições apresenta artigos sobre personalidades, instituições e movimentos negros que tiveram importância fundamental na construção da sociedade brasileira pós-abolição e lutaram contra o racismo, o preconceito racial e a desigualdade.

Apesar dos avanços observados nas últimas décadas, a historiografia brasileira ainda aborda o tema do negro partindo quase exclusivamente de duas vertentes: a da escravidão e a das relações raciais no país. O resultado é que a população e os estudiosos deixam de conhecer personagens, instituições e movimentos negros que se destacaram depois da abolição, ocorrida em 1888. Com o objetivo de preencher essa lacuna, Flávio Gomes e Petrônio Domingues organizaram a coletânea Experiências da emancipação (Selo Negro Edições, 312 p., R$ 74,90). São 11 artigos escritos por pesquisadores das principais universidades do país e dois produzidos por historiadores norte-americanos. Longe de adotar uma linguagem acadêmica, os textos tornam acessíveis informações imprescindíveis para compreender as lutas pela igualdade no país.

O período estudado - 1890 a 1980 - mostra um Brasil marcado por fortes contrastes e pouco ou nenhum acesso da população afrodescendente a direitos básicos como saúde, moradia e educação. Da consolidação da República ao êxodo rural, das disputas por poder às ditaduras instituídas em 1930 e em 1964, foram muitos os negros que, de forma pública ou anônima, procuraram combater o preconceito e a desigualdade.

No primeiro capítulo, Flávio Gomes aborda a Guarda Negra, espécie de milícia que participou do debate abolicionista e assustou muitos poderosos no final do século XIX. Em seguida, Wlamyra Albuquerque escreve sobre os ecos do abolicionismo no discurso e nos atos de Ruy Barbosa, um dos nossos maiores representantes políticos.

Maria das Graças Leal apresenta a trajetória de Manuel Querino, intelectual envolvido nos círculos literários, nas lides políticas e operárias e também no ambiente das invenções africanas populares. O quarto texto da coletânea, assinado por Paulo Staudt Moreira, reconstrói as vivências e as memórias do também intelectual Aurélio Viríssimo de Bittencourt, destacado abolicionista do Rio Grande do Sul.

Logo a seguir, Beatriz Loner resgata a história peculiar de Antônio Baobad, importante personagem da imprensa negra e militante da defesa dos direitos dos afro-brasileiros. Depois é a vez de Kim Butler analisar as organizações negras nos centros urbanos de Salvador e São Paulo da década de 1930.

O sétimo capítulo, assinado por Petrônio Domingues, retrata a atuação da Federação dos Negros do Brasil, importante organização associativa também surgida nos anos 1930 que lançou bases para outros grupos semelhantes. Na mesma linha, o estudo panorâmico de Michael Mitchell apresenta um painel referente a essas organizações negras no período compreendido entre 1915 e 1964, destacando a Associação de Negros Brasileiros (ANB) e seus manifestos.

O estudo biográfico reaparece no capítulo escrito por Karla Nunes, que examina a vida de Antonieta de Barros - professora precursora da luta de políticos afrodescendentes no parlamento e primeira mulher a participar da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

O décimo capítulo da coletânea, escrito por Joselina da Silva, analisa a criação e as ações da União dos Homens de Cor, que estendeu sua influência por diversas cidades brasileiras e teve papel significativo nos debates com outras organizações negras contemporâneas.

A seguir, Maria do Carmo Gregório apresenta aos leitores as diversas facetas de Solano Trindade, poeta, ator e pintor comunista responsável pela fundação do notório Teatro Popular Brasileiro, com forte atuação no movimento folclórico.

Elizabeth Viana analisa a trajetória de Lélia Gonzalez, que se envolveu em candentes debates teóricos, políticos e parlamentares, e é hoje uma das maiores representantes do movimento de mulheres negras.

A coletânea se encerra com um artigo de Karin Sant’Anna Kössling a respeito dos movimentos sociais negros em plena ditadura militar de 1964, especialmente o Movimento Negro Unificado (MNU) - pioneiro na luta pelos direitos humanos.

"O painel esboçado nesta coletânea abrange personagens, instituições e movimentos que leram o mundo de acordo com diferentes experiências históricas e, a partir daí, cumpriram um papel ativo na construção da cidadania dos negros brasileiros", afirmam os organizadores. Já estava na hora de alguém contar essas histórias.

Os organizadores-Flávio Gomes é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atuando nos programas de pós-graduação em História Comparada e em Arqueologia. Licenciado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em História Social do Trabalho e doutor em História Social pela Universidade Estadual de Campinas. Publicou livros, coletâneas e artigos em periódicos nacionais e estrangeiros. Atualmente desenvolve pesquisas na área de história comparada.

Petrônio Domingues é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Publicou, entre outros trabalhos, o livro A nova abolição (Selo Negro, 2008). Atualmente, desenvolve pesquisas sobre populações da diáspora africana no Brasil e nas Américas, pós-emancipação, movimentos sociais, identidades, biografias, multiculturalismo e diversidade etnorracial.

Título: Experiências da emancipação| Subtítulo: Biografias, instituições e movimentos sociais no pós abolição (1890-1980)|Organizadores: Flávio Gomes e Petrônio Domingues|Editora: Selo Negro Edições|Preço: R$ 74,90|Páginas: 312 (17 x 24)|ISBN: 978-85-87478-50-4|Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890 |Site: www.summus.com.br.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira