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22/10/2011 - 11:36

SPED para desenvolvedores – O que é? Como começar?

Lembro-me bem da primeira reunião com a equipe de desenvolvimento para o SPED do Grupo Coldwell. Começamos assim, escrevi a palavra “SPED” na lousa e pedi para cada membro da equipe escrever em uma folha de papel o que achava que significava essa sigla, foi no mínimo divertido.

O pessoal escreveu as coisas mais engraçadas do mundo. Tínhamos um consultor funcional que era um contador bastante experiente que escreveu: “Serviço de Procuradoria Especializada em Diagnósticos”, nós rimos muito juntos!

Era 2007, e ninguém havia lido nada sobre o Sistema Público de Escrituração Digital ou SPED. Se um contador com 25 anos na área sabia o que o governo brasileiro queria, imaginem só uma equipe de desenvolvimento na faixa de 20 a 25 anos de idade, mais interessada na nova versão de Microsoft Visual Studio, em discutir se o Linux ia acabar com o Windows e em criar comunidades engraçadas no velho Orkut. Não existia Facebook ainda...Era 2007!

Um projeto SPED supera o conhecimento técnico de ferramentas de Desenvolvimento, seja Java, C#, .NET ou o bom VB, amplia nossa visão de aglutinar dados de áreas complexas como contábil, fiscal e previdenciária, além de lidar com interfaces, integrações de bancos de dados e transferências de arquivos TXT e XML.

É necessário concentrar a atenção em layouts enormes! O do SPED PIS e COFINS podem chegar a mais de 1,8 mil campos que compõem arquivos de alto volume, em alguns casos tendo que ser fracionados devido a ter 1GB ou mais.

Tive a oportunidade de trabalhar em projetos de desenvolvimento de SPED de clientes com dezenas e, em alguns casos, com centenas de filiais e um volume superior a 6 milhões de notas fiscais. Para se ter uma idéia, o arquivo texto desse cliente supera mais de 15 milhões de linhas ou quase 4GB de dados por mês, em uma rotina de geração de 2 horas de processamento numa maquina de quatro processadores, coisa grande mesmo!

O segredo de um projeto SPED, seja Contábil, Fiscal, FCont, PIS e COFINS ou qualquer outro, é manter a aderência e integração entre os dados dos sistemas legados, ERP e outras fontes como planilhas Excel e o arquivo final. Para resolver esse dilema de o que vai para qual arquivo, criamos um índice de DEPARA entre a NFE (Nota Fiscal Eletrônica 2.0) e todos os arquivos SPED.

Fica mais fácil compor uma documentação de qual SPED contêm o que, sim os dados de um SPED se repetem em outro e assim por diante, por exemplo: O SPED EFD Fiscal contêm dados de capa e itens de notas fiscais eletrônicas e manuais que são os mesmos usados no SPED EFD PIS e COFINS - falo dos blocos C170 e C190 do layout. O SPED Contábil detém registros de saldos contábeis mensais de contas de despesa e receita que são os mesmos do SPED FCont, sendo os bloco I200 e outros.

A grande armadilha para uma equipe de desenvolvimento é que os layouts não são fixos ou obrigatórios em sua totalidade. Nem todos os campos e blocos devem ser preenchidos por todos os clientes. Em layouts como o do SPED Fiscal, existem campos para ECF, cupom fiscal. Se sua empresa ou cliente não emitem, então esse campo não deve ser preenchido, no caso do SPED Pis e Cofins, se não houver crédito presumido de impostos, determinados campos também não devem ser preenchidos e por aí vai a “encrenca”.

Esses casos devem seguir um rígido controle de mapeamento e DEPARA, que serão de qualidade superior se a equipe de desenvolvimento dispuser do apoio de um consultor funcional ou contador com “tarimba” em desenvolvimento de softwares para contabilidade e área fiscal.

Outra grande ajuda a um projeto desse tipo são os vários blogs que encontramos na internet, onde destaco já o do Professor Roberto Dias Duarte (www.robertodiasduarte.com.br) e do José Adriano (www.joseadriano.com.br), ambos profissionais muito requisitados e experientes no SPED.

Sempre quando converso com uma equipe de desenvolvimento destaco o valor de ter um código bem comentado, detalhes fazem a diferença em grandes projetos com equipes diversas, às vezes são necessárias mais de uma plataforma. Trabalhei em projetos com até três ambientes diferentes (ABAP4, .NET e JAVA), verdadeiras “saladas técnicas” e a salvação eram bons comentários nos códigos e uma documentação completa de funções, conexões e rotinas de atualização, regras de negócios de validação e geração. Esse parágrafo parece “pregação de professor de lógica”, mas, é isso aí: “Gente, comentem o código!”, vocês já ouviram isso, não é?!

Nenhum projeto SPED é bem sucedido sem ter uma boa equipe de implementação. Esse time tem de ser parceiro do time de desenvolvimento e fazer uma boa interface com o cliente ou área de negócios. Certos detalhes sobre o SPED só podem ser aprendidos na prática, assim a cada novo cliente ou projeto, você e sua equipe aprenderão mais uma lição, mais um “macete” ou modo diferente de implantar e atender o SPED.

Em resumo, nunca vi um projeto de SPED sem um bom trabalho em equipe, todo bom desenvolvedor conhece a diferença entre o herói e o mocinho nos filmes, o herói sempre “morre” no final.

Pra contar o final da minha odisséia com o SPED, posso dizer que apenas começou... Esse ano teremos o novo eLALUR, depois o SPED Social e por aí vai.

.Por: Ricardo Gimenez, sócio-diretor do Grupo Coldwell, especializado em serviços de alta tecnologia. Esse é o primeiro artigo de uma série de sete que irão tratar de cada arquivo SPED, ou seja, como desenvolver um bom projeto, as principais dúvidas e “macetes” para construir bons sistemas para gerar o arquivo.

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