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25/10/2011 - 10:19

São Paulo de bem com a Fifa, ou vice-versa

A confirmação pela Fifa, em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 20 de outubro, em Zurique, Suíça, de que São Paulo receberá o jogo de abertura da Copa 2014 é o retrato em cores vivas da situação atual da capital paulista na entidade máxima do futebol mundial. A credibilidade conquistada, a duras penas, diga-se, por São Paulo fez com que a federação mundial do futebol definisse também a realização do Congresso e do Seminário de Árbitros da entidade na capital paulista. O Congresso da Fifa reúne cerca de 2 mil cartolas de todo o mundo, o que dá a medida de sua importância.

Essas definições da Fifa refletem principalmente o avanço nas obras do estádio do Corinthians, mas também os fatores que destacávamos em maio deste ano e que pesaram consideravelmente nessa opção, ou seja, afastado o imbróglio principal, a construção da arena, impôs-se o peso político-econômico e, fundamentalmente, de infraestrutura (hoteleira, transporte público de massa e telecomunicações, entre outros), e capacidade de gestão de grandes eventos de São Paulo, a capital brasileira mais bem-equipada nesses quesitos essenciais à realização de eventos desse porte.

Evidentemente, nem tudo são flores em terras paulistanas. Há ainda muito que realizar em matéria de planejamento, projetos e obras, especialmente de mobilidade urbana, para que paulistanos, paulistas, brasileiros e estrangeiros que vivem ou vêm para São Paulo possam ter qualidade de vida e estadas também de qualidade. Um diferencial da capital paulista em relação à maioria das demais capitais brasileiras e, especialmente, das que serão sedes de chaves da Copa, é que vem sendo desenvolvido há vários anos em São Paulo, pelo governo do Estado e pela prefeitura paulistana, mesmo que de forma paulatina e ainda longe de atender às carências da cidade, um planejamento e execução de obras de infraestrutura urbana bastante consistente. Isto se revela, por exemplo, no fato de que, ao lado da futura arena corintiana, ficam uma linha do metrô e outra de trens urbanos, da CPTM, fatores que permitem o transporte de até 100 mil pessoas/hora por sentido e fazem enorme diferença, comparados aos pouco expressivos serviços de transporte de massa de grande capacidade de outras cidades-sede. Há ainda diversos outros projetos e ações públicas, estaduais e municipais, nas áreas de gestão de eventos, promoção e serviço ao turista, segurança, acessibilidade, saúde e entretenimento que deverão ser colocados em prática a partir de 2012 pelo governo do Estado/prefeitura paulistana.

Esses fatores pesaram inevitavelmente na balança e certamente influenciaram a decisão da Fifa de escalar para São Paulo o jogo de abertura, Congresso e Seminário de Árbitros da entidade. Além desses diferenciais, há algumas evidências de que a capital paulista enfim começa a desenvolver o planejamento de longo prazo, para um horizonte de três décadas adiante, com o projeto batizado de SP2040, Visão e Plano de Longo Prazo para a Cidade de São Paulo. Desenvolvido pela prefeitura paulistana, a meta desse projeto é traçar hoje os rumos da cidade com base em cinco eixos fundamentais: promoção do equilíbrio social, desenvolvimento urbano e sustentável, mobilidade e acessibilidade, melhoria ambiental e oportunidade de negócios. A meta é certamente louvável; resta saber se esse planejamento terá continuidade nas futuras administrações, com as adaptações certamente inevitáveis e necessárias com o passar do tempo, rompendo com outro flagelo brasileiro: a descontinuidade de projetos de governo, quase sempre tomados como projetos de uma administração e abandonados pelo novo governante.

A constituição, pela prefeitura de São Paulo, de um Conselho de Acompanhamento da implementação do programa, composto por representantes da sociedade civil paulistana, seria uma forma segura de garantir a sua eficácia, promover as correções de rota necessárias e a sua permanência pelo prazo proposto. Assim como São Paulo conquistou a credibilidade da Fifa com um trabalho paciente e persistente, as futuras administrações precisarão privilegiar o planejamento e a continuidade de projetos de estado, não de partidos. Afinal, o futuro começa a ser projetado hoje.

.Por: José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco/SP e coordenador para Assuntos da Copa da entidade

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