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01/11/2011 - 10:36

A Reeleição “Kirchnerista”

A reeleição de Cristina Kirchner à presidência argentina parece representar uma fase de “hiperpresidencialismo”, diante um governo de múltiplos poderes, além da hegemonia “Kirchnerista”, como dizem alguns analistas do país vizinho. Além dos méritos de seu governo, essa vitória deve-se também a umaoposição desarticulada, fragmentada e enfraquecida, permitindo que a candidata se despontasse sem dificuldades.

Baseada na imagem de Evita Perón, Cristina imita o seu discurso enfático e, constantemente, faz alusão ao peronismo. De fato, nos últimos anos, o CasalKirchner construiu uma identificação com o Peronismo, como exemplo, através da realização de amplos programas sociais e a ênfase em temas distintos, como os direitos humanos. Eles realizaram a reabertura dos processos jurisdicionais, contra torturadores da ditadura militar argentina, que foi uma das mais violentas da região.

Uma das grandes realizações do Casal Kirchner, foi o enfrentamento da crise econômica. Em 2003, o país tinha uma dívida externa considerada impagável. Com ajuda do Ministro da Economia, Roberto Lavagña, o governo conseguiu reestruturar o pagamento da dívida, e a partir daí, o país recomeçou a crescer, gerando repercussão positiva em toda sociedade. Ademais, o casal atuou em favor da melhor distribuição de renda, intensificou os gastos públicos com novos programas sociais, além de aumentar os valores da aposentadoria.

No entanto, os Kirchners também enfrentaram dificuldades. Com o aumento dos gastos públicos, a inflação cresceu consideravelmente, cujo índice é controverso. Além disso, eles sofreram oposição do setor agroindustrial, como o aumento dos tributos para exportação. Por fim, o tema mais complicado que atinge o governo atual, é quanto ao monopólio dos meios de comunicação. No primeiro mandato,Cristina Kirchner conseguiu aprovar modificações na regulamentação desse setor. Agora, a estratégia será aplicá-las. Será um jogo difícil, embora os principais instrumentos de poder pertençam ao governo.

Para o novo mandato, Cristina poderá efetuar maior intervenção do Estado na economia, reajustes econômicos e redução dos gastos públicos. Além disso, deverá pressionar as empresas estrangeiras e aumentar o protecionismo comercial, agravando as relações comerciais com o Brasil. Ademais, diante da dificuldade em manter o valor da moeda frente ao dólar, é provável que provoque a desvalorização do peso argentino, significando maior dificuldade à entrada de produtos brasileiros no país. Por fim, já questionam sobre um terceiro mandato. Ela teria que alterar a Constituição, podendo ferir os princípios democráticos, tão necessários à América Latina.

.Por: Regiane Nitsch Bressan, Doutoranda e Mestre em Integração da América Latina (PROLAM-USP) e professora nas Faculdades.

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