“Receita para perdurar efeitos da Copa”

A Grant Thornton da Inglaterra, juntamente com a empresa Ecorys e a Loughborough University prepararam um estudo para o departamento de cultura, Mídia e Esportes (DCMS) do Reino Unido, onde refletem nos efeitos de longo prazo que o governo planeja para as Olimpíadas de 2012. O país, as comunidades e os habitantes do Reino já vêm trabalhando há alguns anos para alcançar os objetivos traçados.

Quando o governo do Reino Unido propôs sediar as Olimpíadas, teve intenção de assegurar a execução de projetos que garantissem resultados antes, durante e depois do evento. Sua estratégia envolveu quatro pontos relevantes. Aumentar a participação de jovens em atividades esportivas, integrar as comunidades, fomentar o crescimento econômico e desenvolver uma região específica: East London. E para isso já vem desenvolvendo ações.

Por exemplo, formaram uma comunidade virtual chamada CompeteFor que permite que as empresas estejam cientes das oportunidades que estão sendo criadas, o parque olímpico vai ser transformado em um parque industrial para empresas de tecnologia avançada, foi criado o programa Inspire que já propiciou 1.300 iniciativas comunitárias e ações sociais, além de propiciar o recrutamento de 70.000 voluntários para o momento das Olimpíadas e estão sendo construídas 2.800 novas casas na Vila dos Atletas, locais para praticar esportes, escolas e hospitais.

Cabe entender se esse planejamento e o compromisso do governo são suficientes para garantir um legado de longo prazo. A principal pergunta é: como o evento está sendo financiado? É de extrema importância que a iniciativa privada esteja presente na captação de recursos para esses eventos, assegurando o sucesso financeiro tanto do próprio evento como para o país sede.

Se analisarmos a atual crise da Grécia, podemos inferir que parte dos problemas da situação econômica daquele país foi o financiamento das Olimpíadas em 2004. Antes das Olimpíadas os gastos com o evento chegaram a 1,4% do PIB grego. Durante as Olimpíadas esse gasto chegou a 3.2% do PIB. Se o PIB chegou a crescer 4% em 2004 *, o déficit governamental quase eliminou o efeito positivo do evento, e deixou uma herança negativa que deve estar impactando a economia grega ainda hoje.

Estudos realizados apontam que Los Angeles (84) foi quase toda financiada por empresas privadas, sendo um grande sucesso financeiro. As Olimpíadas de Barcelona (92) também tiveram sucesso por causa da iniciativa privada investindo na infra-estrutura da cidade.

Muito se fala na necessidade de investimentos e maior comprometimento com resultados para os eventos, mas a iniciativa privada parece não mostrar interesse em fazer a sua parte. O Brasil está atrasado, porém se tanto a iniciativa governamental como a iniciativa privada se conscientizarem que sediar um Mega Evento poderá ter um legado de longo prazo, poderão juntos mobilizar a sociedade para se organizar e se comprometer auxiliando nesses projetos.

.Por: Madeleine Blankenstein – Sócia da Grant Thornton no Brasil |* dados econômicos Olimpíadas Grécia: dados econômicos de Papanikos, G.T., ¨the tourism impact of the 2004 Olympic Games¨ Tourism Research Institute, Athens . | Perfil-A Grant Thornton Brasil é a firma-membro da Grant Thornton International no País e oferece serviços de auditoria, tributos, consultoria e outsourcing. Além de uma equipe de profissionais preparada com uma vasta expertise, a Grant Thornton Brasil trabalha com as mais modernas metodologias de trabalho, utilizando ferramentas desenvolvidas pela organização globalmente.

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