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24/11/2011 - 09:38

Uma história emocionante de quem já passou pela doença do Câncer

Esta é uma das emocionantes histórias contadas no livro 'Fé, Esperança e Cura - A Vida e as Lições Inspiradoras de Pessoas que Enfrentaram o Câncer de Forma Positiva' da Editora Cultrix, escrito por Dr. Bernie Siegel e Jennifer Sander.

Quando eu era pequena, às vezes acordava no meio da noite aterrorizada por um pesadelo recorrente. Eu não conseguia dar nome à coisa assustadora que me despertava; a minha única saída era pular da cama e fugir para um lugar seguro. Correndo no escuro até o quarto dos meus pais, eu gritava: “Mamãe! Papai! Tive um sonho ruim!” Quando isso acontecia, meu pai me levava de volta para a minha cama e ficava perto de mim até que eu voltasse a adormecer. Eu estava segura, o monstro repelido pela presença protetora do meu pai.

Hoje sou uma mulher madura e papai não pode me salvar do pesadelo da vida real, e com nome – câncer. De alguma maneira, preciso dominar o monstro aterrador que habita o meu corpo e acalmar a menininha assustada que mora no meu coração.

Quando o médico diz que o nódulo no meu seio esquerdo é provavelmente câncer, eu entro num vórtice de medo. Pensamentos lúgubres inundam o meu cérebro, invadem o meu coração e arrastam para longe o meu otimismo natural. Deixo a clínica como uma sonâmbula, minha mente envolta em sombras. Nem mesmo o calor do sol de abril consegue penetrar na minha amargura. A minha ansiedade ultrapassa o meu corpo, esgotando toda a alegria de viver. Normalmente me encanto com o saltitar dos pássaros que freqüentam os estacionamentos em busca de alimento, mas mal percebo o pequeno grupo de pardais que se delicia com um pedacinho de bolo ao lado do meu carro. Meus sentidos estão insensíveis aos pequenos prazeres da vida.

Vivo aos tropeços nos dias seguintes, sentindo-me condenada e impotente. Hesito com relação à cirurgia recomendada e sou avessa à radiação. Segundo os padrões da medicina ocidental, ambas são imprescindíveis para eliminar o câncer do seio, mas eu resisto. A minha adolescente interior rebelde quer saber por que não posso me curar com pensamentos positivos e remédios naturais. Pondero sobre essa opção durante algum tempo. Como desconfio de métodos não comprovados, sou impelida para tratamentos recomendados pela medicina convencional. Não obstante, sou uma paciente relutante, vítima dessa doença insidiosa e dos tratamentos prescritos.

Duas semanas antes da cirurgia, recolho-me no meu pequeno escritório, sentindo pena de mim mesma. Sei que os meus pensamentos negativos não me ajudarão a vencer o câncer, mas a minha mente não quer cooperar. Como uma criança malcriada, meu cérebro se recusa a sair do lugar. A luz fluorescente sobre a minha cabeça tremula enquanto tento me concentrar em um memorando. Incapaz disso, deixo meus pensamentos vaguear. Aproximo-me do vaso azul-cobalto no canto da escrivaninha, inalando o perfume das frésias amarelas. O aroma adocicado me desperta como um sonhador tocado pelos raios do sol matinal e os meus medos se dissipam como os sonhos da noite.

Pela primeira vez desde o diagnóstico, consigo pensar com clareza. Reconheço que posso respeitar a minha criança interior assustada sem deixar que ela controle a minha vida. Concluo que a minha negatividade é um inimigo ainda maior que o câncer. O medo é natural diante de uma doença potencialmente fatal, mas não posso permitir que ele me paralise. Vejo que preciso entrar em ação.

Ponho-me diante da situação como diante de um quebra-cabeça , uma peça de cada vez. Primeiro, a cirurgia. “Qual é a minha dúvida?”, pergunto-me. No meu coração, eu sei a resposta. Não tenho um vínculo emocional com meu cirurgião. Preciso de algo mais do que mãos habilidosas e destreza médica; preciso de um coração caloroso.

Finalmente percebo que tenho opções. Posso construir meu próprio caminho. Não é só medo que tenho dentro de mim, mas também sabedoria e intuição. Posso ouvir a minha voz verdadeira. Começo assim a minha jornada para a cura.

Decido buscar orientação e conforto numa irmandade de mulheres que já tiveram um dos seios retirado. Telefono para uma colega que proferiu uma palestra sobre o câncer de mama ao nosso grupo de empregadas alguns anos antes. “Procure um médico que lhe inspire confiança”, diz Dawn. Ela recomenda o dr. Ernie Bodai, o dínamo incansável por trás dos selos sobre pesquisa do câncer de mama vendidos nos correios. Marquei uma consulta para o fim da semana.

Seu consultório, localizado no segundo andar do centro médico, dispõe de uma sala de espera bem equipada, com sofás confortáveis, livros inspiradores nas prateleiras e muitas caixas de lenços de papel. O dr. Bodai me cumprimenta com uma abraço afetuoso e um sorriso que enruga os cantos da sua boca. “Me telefone a hora que quiser”, diz ele, estendendo-me um cartão com o número do seu Pager. Quando nos sentamos para discutir o diagnóstico provisório, ele olha diretamente nos meus olhos, sacudindo a cabeça em sinal de compreensão. Meus olhos ficam anuviados, mas me sinto bem com minhas lágrimas, sem constrangimentos. Ele me oferece um lenço e falamos rapidamente sobre as opções cirúrgicas – nodulectomia ou mastectomia. O dr. Bodai me encaminha para o setor de recursos audiovisuais para assistir a DVDs que reproduzem entrevistas e mostram fotografias de mulheres que escolheram uma das duas opções. Fico aliviada por saber o que esperar e por descobrir que não terei deformações permanentes, qualquer que seja a opção da minha preferência.

Antes da cirurgia, procuro formas que preparem o meu corpo e a minha mente para o que há de vir. Recorro à hipnoterapia. Uso visualizações e afirmações. Rezo. Minha querida amiga Margaret tira alguns dias de férias para cuidar de mim depois da operação. O temível bicho-papão da dúvida e da apreensão se dissipou. Estou preparada.

Depois da cirurgia, tenho novas decisões a tomar. Radiação é a próxima etapa do protocolo de tratamento, mas vacilo. “Por que não usar remédios naturais e afirmações?”, penso novamente. A minha tendência é dar suporte ao meu corpo, não agredi-lo. No entanto, quando ouço as recomendações irretorquíveis de vários médicos a favor da radiação, a dúvida me toma por inteiro. “Você tem 60% de chances de sobreviver por bastante tempo só com cirurgia”, diz a Dra. Rosemary, médica holística. “Com radiação, essas chances sobem para mais de 80%.” Avalio as minhas crenças – o que eu realmente penso, não apenas aquilo em que eu gostaria de acreditar. Não tenho a fé inabalável necessária para confiar a minha vida à medicina alternativa, apenas.

Que seja radiação, então, com uma dose liberal de terapias complementares. “Se vou dançar com átomos acrobatas”, penso, “é recomendável poder contar com alguma ajuda.” Retorno ao hipnoterapeuta e telefono para um homeopata que trabalha com uma fórmula de essência floral específica para vítimas do acidente nuclear de Chernobyl. Faço algumas afirmações antes de cada tratamento e depois deles uso óleo de vitamina E para aliviar o meu seio cada vez mais sensível. Acima de tudo, recorro ao humor para repelir todo pensamento sombrio.

As enfermeiras e os técnicos da radiologia são otimistas, compassivos e habilidosos. “Nada como ser torturada por profissionais”, brinco com eles enquanto me deito na mesa, esperando a aplicação. “Assem-me bem”, finalizo, rindo.

Hoje, uma década mais tarde, não me identifico com o câncer ou com os tratamentos. Essa parte da minha vida se assemelha a um sonho meio esquecido. Não sou nem vítima nem sobrevivente.

Sento-me à minha escrivaninha, refletindo sobre a minha jornada. Às vezes, a parte de mim que tem medo, assustada com a doença e com a morte, retoma seu sussurro insidioso. “E se o câncer recorrer? E se formou metástase? E se você precisar de cirurgia, radiação e mesmo quimioterapia?” Como água escorrendo pelo ralo, os meus pensamentos são inexoravelmente arrastados num remoinho de ansiedade.

Aprendi que não posso ignorar ou repelir essa voz. Deixo que ela fale, e então, como uma mãe solícita que acalma a filhinha ansiosa que ensaia os primeiros passos, reconheço: “Você tem medo. Tudo bem. Lembre-se, eu amo você”. Eu imagino abraçando e beijando a menininha dentro de mim. Em seguida volto a atenção para a vida ao meu redor. Olho pela janela, para o capim-púrpura-da-fonte balançando à brisa da manhã, observo um pica-pau procurando equilibrar-se na beirada da fonte do pátio – mergulhando para bebericar e agitando as asas numa dança de penas esvoaçantes. Um esquilo tagarela agacha-se num ramo do grande carvalho, xingando o gato de nove quilos que cochila escarrapachado numa cadeira embaixo. Sou grata por estar viva, pela beleza e pelo milagre da cada dia. E sou especialmente grata pela minha mulher sábia interior, cuja voz me levou para o caminho da esperança e da cura. [www.pensamento-cultrix.com.br].

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