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25/11/2011 - 11:27

Antídoto contra a sino-dependência

O comércio bilateral sino-brasileiro teve três períodos distintos na última década. O primeiro, de 2000 a 2003, caracterizou-se por resultados favoráveis ao nosso país, num ciclo invertido entre 2004 e 2008. A terceira etapa deu-se no biênio encerrado em 2010, quando o saldo voltou a ser amplamente favorável ao Brasil.

Em 2010, exportamos R$ 30,8 bilhões e importamos R$ 25,6 bilhões, obtendo superávit de US$ 5,2 bilhões. Ademais, nosso comércio com Pequim cresceu 2.343% na década, muito acima da expansão de 245% observada no intercâmbio multilateral. Ante tais números, são compreensíveis o susto e a preocupação quanto à notícia de que economia chinesa, impactada pela crise mundial, deverá enfrentar retração.

Contudo, é preciso refletir de modo sereno sobre o real significado das eventuais perdas para a economia brasileira. A primeira análise a ser feita é relativa ao índice de retração estimado para a China. A sua expectativa de crescimento em 2011 gira em torno de 9%. No ano anterior, foi de 10,4%. O recuo, portanto, será de 1,4 ponto percentual, ou cerca de 10%. Se aplicarmos este percentual sobre os US$ 30,2 bilhões que exportamos em 2010, mantendo a proporcionalidade com a expansão do PIB chinês, teríamos uma receita, ainda expressiva, de US$ 27,18 bilhões.

Outra conta a ser feita é o quanto representam US$ 5,2 bilhões (o equivalente ao nosso superávit bilateral em 2010) no PIB brasileiro, estimado em US$ 2,44 trilhões em 2011. Estamos falando de apenas 2,1% do total das riquezas nacionais. Além disso, há um limite para a redução do volume de compras dos chineses em nosso mercado. Com ou sem retração, eles têm de continuar alimentando, vestindo, dando moradia e atendendo a uma demanda mínima de bens de consumo para 1,5 bilhão de habitantes. Por isso, precisam muito das commodities e dos alimentos produzidos no Brasil.

Nosso país caminha para a posição de sexta maior economia, posto que poderá alcançar já em 2011. Apesar de alguns problemas internos não resolvidos, como a necessidade da reforma tributária, da previdenciária e da trabalhista, temos despertado cada vez mais confiança internacional, como atesta o novo degrau ao qual acabamos de alçar na nota de crédito da Standard & Poor’s.

São muito positivas, portanto, as perspectivas para o futuro próximo. Nesse cenário, se cada brasileiro consumir 134,7 dólares a mais por ano, já teríamos a totalidade da receita de nossas exportações para a China em 2010 (US$ 25,6 bilhões). É óbvio que não devemos menosprezar as vendas a esse país e toda oportunidade que houver no comércio exterior. No entanto, é fundamental dimensionarmos de modo mais preciso o significado efetivo do comércio bilateral com a nação asiática. Por isso, os melhores antídotos contra o medo da sino-dependência são o crescente desenvolvimento do mercado interno e autoestima congruente com a avaliação que o mundo tem feito de nosso desempenho econômico.

.Por: Geuma Campos Nascimento e Vagner Jaime Rodrigues são mestres em contabilidade, sócios da Trevisan Outsourcing e professores da Trevisan Escola de Negócios. E-mails: [email protected] e [email protected].

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