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26/11/2011 - 13:08

Programa Meridianos, da Casa Daros

Traz em novembro seu último encontro do ano, reunindo os artistas Julio Le Parc e Iole de Freitas.

A Casa Daros e o CCBB Rio apresentam no próximo dia 29 de novembro de 2011 (terça-feira), às 18h30, o encontro aberto ao público entre Julio Le Parc [1928, Mendoza, Argentina], um dos expoentes da arte cinética, e Iole Freitas [1945, Belo Horizonte], reconhecida artista brasileira. Ambos têm trabalhos na Coleção Daros Latinamerica, sediada em Zurique, que reúne 1.100 obras, de 106 artistas. O encontro é gratuito.

Isabella Rosado Nunes e Eugênio Valdés Figueroa, diretores da Casa Daros, explicam que o programa Meridianos atende a um dos principais objetivos da instituição, que é “o dar voz ao artista e colocar em debate a conjuntura da sua obra”. “Além disso, o programa traduz a essência da Casa Daros, que reúne arte, educação e comunicação”, afirmam.

Este é o último encontro do ano do programa Meridianos, que já reuniu os artistas Carlos Cruz-Diez e Waltercio Caldas, em maio, Teresa Serrano e Lenora de Barros, em julho, Gonzalo Diaz e José Damasceno, em agosto, e Vik Muniz e Leandro Erlich, em outubro.

Programa de reflexão e memória-Meridianos pretende abranger as áreas de reflexão, registro, memória e pesquisa, e além dos encontros dos artistas com o público, o programa prevê ainda a realização de um DVD e a produção de um livro a serem destinados a bibliotecas e acervos documentais de outras instituições. O DVD irá conter entrevistas com cada um dos artistas, o registro de visitas dos artistas estrangeiros a ateliês de artistas brasileiros, e a cobertura das mesas-redondas realizadas. O livro conterá as falas dos artistas, além de outras informações relacionadas a eles, como biografia e obra. “Meridianos tem como objetivo reunir e disseminar informações valiosas sobre a arte latino-americana”, informa Isabella Rosado Nunes.

Por conta da monumental e detalhada obra de restauro e reforma do casarão de 1866, a Casa Daros vem realizando os encontros públicos em instituições parceiras, como o MAM Rio, Oi Futuro e CCBB. A Casa Daros está com abertura ao público prevista para 2012.

Meridianos-O nome “Meridianos” foi retirado de uma fala do venezuelano Carlos Cruz-Diez durante uma mesa-redonda em 2008, em Zurique, por ocasião da exposição “Face to Face”, no espaço de exibição da Daros Latinamerica. Ele explicava sua decisão de deixar sua cidade para viver e trabalhar em Paris na década de 1960, pois lá era a “cidade pela qual passava um dos meridianos da arte e da experimentação”.

“Desde então pensamos em realizar algo a partir dessa afirmação”, conta Isabella Rosado Nunes, diretora da Casa Daros, à frente do programa junto com o diretor de arte e educação Eugênio Valdes. Eles ressaltam que a própria Daros Latinamerica pode ser percebida dentro deste parâmetro de cruzamento de meridianos, “já que se trata de uma coleção de arte da América Latina baseada na Suíça, com um programa para o continente a partir do Rio de Janeiro”. “Essa conjuntura singular atravessa distintos objetivos e ideias, que estimulam o debate rico em torno da arte no ano que antecede a abertura da Casa Daros”, afirma Eugênio Valdes.

“A noção de meridiano não tem a ver somente com um aspecto espacial, cartográfico. Um meridiano é uma localização que leva em consideração referências espaciais e temporais que cada um decide ‘habitar’”, ressalta.

Biografia de Julio Le Parc e Iole de Freitas: Julio Le Parc inicia seus estudos na Escola de Belas Artes de Buenos Aires. Aluno de Lucio Fontana, adquire especial interesse pela arte concreta.

Em 1958 ganha uma bolsa e vai para Paris - ponto de encontro dos artistas da época –, onde aprofunda seus experimentos com a luz, as cores e o movimento. Junto com artistas latino-americanos e franceses como Hugo Demarco, François Morellet e Jean-Pierre Yavaral, funda o GRAV (Groupe de Recherche d’Art Visuel), movimento de forte atuação na década de 1960, que tinha como proposta pesquisar e desenvolver a arte cinética, além de incentivar uma maior interação entre as pessoas e as criações artísticas. Acreditavam que a arte deveria ser uma experiência participativa, com o público exercendo um papel ativo e sendo estimulado a interpretar os trabalhos cada um à sua maneira, sem depender da mediação de críticos especializados. Buscando escapar das limitações impostas pelas galerias, os artistas do GRAV costumavam realizar suas exposições em locais públicos.

Em 1966, apenas alguns meses após sua primeira exposição individual em Nova Iorque, Julio Le Parc é premiado na 33ª Bienal de Veneza. Em suas instalações, esculturas, pinturas e móbiles, o artista recorre a variações de luz, cor, movimento, forma e reflexo para provocar ilusões óticas e envolver o espectador, aguçando sua percepção. Ativista da democratização da arte, Julio estimula a visão do público para reverter um quadro em que, segundo ele, “quem tem o poder tem necessidade que as pessoas sejam passivas, obedientes, em todas as categorias, inclusive na artística.”

Le Parc é conhecido também por seu engajamento político, característica que o acompanha desde a juventude marcada por intensa participação em movimentos estudantis.

Realizou exposições na Museo Reina Sofia, na Espanha; Museu d’Art Contemporani de Barcelona; e Centre Pompidou, na França, entre outros. Participou da 2ª Bienal do Mercosul, da 1ª Bienal de Havana, da 3ª Bienal de Paris e da 33ª Bienal de Veneza.

Suas obras fazem parte de coleções como a Daros Latinamerica, em Zurique; MoMA, em Nova Ioque; Tate Gallery, em Londres; e Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Iole de Freitas-Formada em desenho industrial, Iole de Freitas desenvolve há aproximadamente quatro décadas uma intensa produção artística. Na década de 1970, Iole estabeleceu residência em Milão, Itália, onde - paralelamente à profissão de designer que exercia - iniciou seu trabalho no campo da arte. Num primeiro momento produzindo fotografias, filmes super-8 e 16 mm, e algumas instalações, Iole abordava o tema da identidade feminina, especialmente no que se refere à expressão corporal. Valendo-se de sua formação em dança, a artista exercia o papel de protagonista em seus filmes, executando performances que destacavam o movimento do corpo, sob forte influência da body art.

Na década de 1980, de volta ao Brasil, Iole substituiu as formas do corpo pela das esculturas, num trabalho que envolvia experimentações com as cores, translucidez, transparência, volumes vazados e leveza, características que se mantêm quando, na década seguinte, a artista passa a desenvolver esculturas em escalas bem maiores, realizando cada vez mais site specifics.

Esse caráter de experiência única presente no trabalho de Iole existe não somente na relação obra-local, mas também na relação espectador-obra, visto que suas grandes proporções, formas vazadas, cores e torções são percebidas de diferentes maneiras, seja pela angulação da luz em cada ponto de observação, seja pela distância a qual o espectador se encontra, entre outras condições. Compostas atualmente por grandes placas de policarbonato e aço inox, as obras de Iole indicam ao mesmo tempo gigantismo e sutileza, movimento e rigidez, tensão e suavidade. Questões que são as mesmas desde o início de sua carreira, como afirma a artista: “Mudei a técnica e o material, mas minha arte continua representando as dimensões espaço-tempo, a velocidade, o movimento, a transparência e o translúcido.”

Iole de Freitas realizou exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Centro Cultural Banco do Brasil. Foi destaque na 12ª Documenta Kassel, na Alemanha, além de ter participado da 5ª Bienal do Mercosul, da 39ª Bienal de Veneza e da 9ª Bienal de Paris.

.[ Programa Meridianos, dia 29 de novembro (terça-feira), às 18h30CCBB Rio de Janeiro,Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro – CCBB Rio [Encontro com Julio Le Parc e Iole de Freitas].Duração: cerca de duas horas.Entrada franca. De terça a domingo das 9h às 21h. |Telefone (21) 3808-2020].

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