Projeto abre oportunidades para ex catadores de lixo

Ciclus capacita empreendedores para comercialização de produtos sustentáveis. Produção de 2011 já está toda vendida.

Produto feito com material reciclado não precisa ser feio e catadores podem ser empreendedores. É com estas filosofias que um projeto de capacitação de ex-catadores de lixo começou em Seropédica (RJ) no final de novembro. A empresa Ciclus, responsável pelo tratamento e destinação final de todo o resíduo da região metropolitana do Rio de Janeiro, organizou oficinas de criação e confecção com a artista plástica Eli Tosta, do Ateliê Brasil. Além de promover a capacitação de 30 novos designers de produtos sustentáveis, a empresa garantiu a aquisição de produtos como guirlandas e árvores de Natal como brindes de fim de ano.

Os 30 homens e mulheres beneficiados pelo projeto da Ciclus são ex-catadores dos extintos lixões de Seropédica e Itaguaí, erradicados pela empresa para implantação de uma Central de Tratamento de Resíduos na região. Todos eles fazem parte do Plano de Inserção Social dos Catadores (PISCA), projeto assinado pela Ciclus em parceria com a Caixa Econômica Federal e o Banco Mundial.

O atelier onde foi montado o espaço para capacitação dos ex-catadores foi cedido pela Ciclus, que também forneceu todo o material de reforma e produção. Após a conclusão desta oficina, na primeira semana de dezembro, a estrutura onde são realizadas as oficinas será mantida para a continuidade dos trabalhos.

O objetivo é transformar este grupo em um núcleo produtivo e fornecedor dos diversos contratos do Ateliê Brasil. Estes 30 designers também têm a missão de aumentar as oportunidades na região ao conquistarem outros clientes, capacitarem outras pessoas e se tornarem, de fato, uma pequena empresa.

Além do benefício social, o projeto da Ciclus traz ganhos ambientais. Materiais recicláveis e resíduos florestais estão entre as matérias-primas utilizadas na fabricação dos produtos. “O projeto de Natal é a primeira etapa de uma parceria sustentável entre a Ciclus e a empresa Ateliê Brasil, que há 16 anos capacita pessoas e desenvolve produtos de alto padrão. Ele se baseia nos princípios do comércio justo e solidário”, explica Roberta Magalhães, consultora do projeto. [www.ciclusambiental.com.br].

.Roberta Magalhães, consultora do projeto|.Designers formados pelo projeto e que darão continuidade às atividades|.Eli Tosta, artista plástica e fundadora do Ateliê Brasil.

Ciclus-Fundada em 2010, a Ciclus é uma concessão da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) criada com o objetivo de estruturar um sistema de gestão integrada responsável pela transferência, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos domiciliares e de grandes geradores das cidades do Rio de Janeiro, Seropédica e Itaguaí. Formada como Sociedade de Propósito Específico (SPE), a Ciclus une a credibilidade da Júlio Simões em logística à experiência e estrutura da Haztec em gestão de resíduos. A estrutura da Ciclus inclui as operações de uma Central de Tratamento de Resíduos (CTR) e de sete Estações de Transferência de Resíduos (ETRs).

O Ateliê Brasil desenvolve há 16 anos um trabalho com produtos sociais de alto padrão, sob a direção da artista plástica Eli Tosta. A artista foi premiada pela academia de artes, ciência e letras da França, por viabilizar projetos sociais no Brasil, beneficiando comunidades carentes, promovendo educação ambiental e divulgando o país no exterior. O foco principal está na prática do comércio justo, capacitando e desenvolvendo novos produtos que promovem a geração de renda e a sustentabilidade em várias comunidades de todo o Brasil. O Ateliê Brasil desenvolve uma nova ca deia produtiva social, na qual estabelece relações profissionais de longo prazo, entre os diferentes atores independentes envolvidos no processo, tendo como vértice o compromisso mútuo de concretizar um impacto social e ambiental positivo.