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08/12/2011 - 10:49

Pró-Cardíaco tem cirurgia pioneira no Brasil para tratamento de aneurisma cerebral

Técnica foi realizada pelo Neurointervencionista Dr. Eduardo Wajnberg.

Depois de três dias consecutivos sentindo fortes dores de cabeça, o brasileiro Wilian da Silva Santos, de 24 anos, que está no Sri Lanka há três estudando inglês no British Council, se submeteu a uma ressonância magnética, que diagnosticou um aneurisma cerebral gigante com 2,5 cm de diâmetro. “O Sri Lanka não oferecia meios para me operar. Fui para Cingapura, onde também não foi possível realizar a cirurgia. A opção era Brasil ou Europa. Optei pelo Brasil”. Chegando aqui, Wilian procurou o neurologista Paulo Niemeyer Filho, que indicou que o estudante realizasse uma nova modalidade de cirurgia para tratamento de aneurisma cerebral, ainda não utilizada até então no Brasil: o dispositivo diversor de fluxo, um novo tipo de stent.

O procedimento, que promove a reconstrução das artérias do cérebro, é minimamente invasivo, e foi realizado pela primeira vez em Wilian na sexta-feira, dia 29 de outubro, no Hospital Pró-Cardíaco, pelo Dr. Eduardo Wajnberg, Neurointervencionista do Pró-Cardíaco. O pós-operatório foi satisfatório e, três dias após ter se submetido à cirurgia, o paciente recebeu alta. E cerca de dez dias após o procedimento, o paciente poderá voltar a suas atividades normais, com exames de controle aos 180 e 360 dias.

Segundo o Dr. Eduardo Wajnberg, “a nova técnica é considerada um novo marco no tratamento do aneurisma cerebral, uma vez que aumenta as chances de tratamento e cura da doença. O conceito está no redirecionamento de fluxo dentro dos vasos do cérebro, de modo que impede a entrada de sangue dentro do aneurisma”. No caso de Wilian, qualquer outra técnica teria altíssimas chances de complicação.

O dispositivo diversor de fluxo é um stent feito de uma liga composta de 75% de cromocobalto e 25% de platina e tungstênio, e composto por 48 fios densamente trançados. Sua malha de metal é até 14 vezes mais densa do que os stents convencionais. Além disso, ele é "customizável", de forma que vários dispositivos podem ser posicionados juntos, um dentro do outro, ou um seguido do outro, para a reconstrução de acordo com a anatomia de cada paciente. Imediatamente após sua colocação, já ocorre o re-direcionamento do fluxo, sendo reduzido para o interior do aneurisma e direcionado apenas para os vasos normais. Esta redução de fluxo inicial é estimada em cerca de 85%, e vai progressivamente aumentando, até que o sangue pare totalmente de entrar no interior do aneurisma. Com a ajuda da própria capacidade de cicatrização do organismo, o aneurisma reduz seu tamanho.

A evolução no tratamento dos aneurismas cerebrais é relativamente recente e, apenas há alguns anos, passou a contar com a técnica de tratamento por cateterismo, com a embolização do aneurisma, feita com o uso de micro-molas, que são colocadas através da virilha do paciente. Antes disso, a única opção era a clipagem cirúrgica, na qual era necessária a abertura do crânio do paciente. Até então, em ambas as modalidades, o foco do tratamento era o aneurisma em si. Agora o foco é “consertar” a artéria que o originou. Ou seja, o objetivo da cirurgia que antes era o de ocluir a protuberância anormal do aneurisma, passou a ser a reconstrução da origem do problema, a própria artéria debilitada. Isso permitirá tratar aneurismas com paredes muito finas e frágeis, pois com a nova técnica, o aneurisma nem mesmo é manipulado.

A trama metálica destes stents é muito mais densa do que qualquer outra já utilizada para tratamentos médicos desta natureza. Ela serve de suporte para o crescimento de células da parte interna dos vasos sanguíneos, o que promove uma “re-pavimentação” do vaso sanguíneo.

De acordo o Dr. Wajnberg, outro ponto revolucionário da nova técnica é a capacidade de preservar o fluxo para as artérias que se originam próximas ao aneurisma e que são cobertas pelo dispositivo: onde houver demanda por oxigênio, o fluxo sanguíneo será preservado.

“O tratamento dos aneurismas com micro-molas ainda não vai terminar, mas a utilização desta nova modalidade de stents vai possibilitar o tratamento de um grupo de pacientes com aneurismas considerados até então inoperáveis”, diz o Dr. Eduardo Wajnberg.

O dispositivo de diversor de fluxo recebeu a aprovação do FDA, a agência regulatória de saúde americana, em abril de 2011, depois de completar um importante estudo clínico, no qual foram incluídos 108 pacientes com aneurismas sem outras possibilidades de tratamento, ou com falha na terapêutica anterior. Mesmo neste grupo de pacientes de difícil abordagem, a técnica de reconstrução arterial demonstrou uma eficácia acima de 85% após um ano de seguimento dos pacientes.

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