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05/09/2007 - 10:53

Projetos educacionais e informação contra as drogas

Quando o tema é "uso de drogas", a primeira reação é o medo. Uma profusão de receios vem à cabeça dos pais. Não é para menos: as drogas e os muitos males associados, como o sexo irresponsável, a Aids e a hepatite, constituem um dos maiores problemas da saúde em todo o mundo. Banalizados, difundidos por uma contravenção cada vez mais estruturada e difícil de combater, os psicotrópicos são hoje facilmente encontrados nas cidades.

Até bem pouco tempo, escolas, educadores e especialistas trabalhavam sob a falsa idéia de que o caminho da prevenção restringia-se à informação dos jovens sobre os perigos das drogas e à advertência quanto às possíveis conseqüências. As pesquisas mais recentes sobre o tema comprovaram que 95% dos adolescentes usuários conhecem os efeitos nocivos do uso de drogas. Alguns pesquisadores até afirmam que a informação dos efeitos das drogas leva os adolescentes a terem curiosidade e a experimentar.

Da mesma forma, as campanhas revelaram um fator de suma importância, que são as características próprias do mundo do adolescente: a necessidade de transgressão de regras, de aceitação em um grupo social e a imitação de exemplos eleitos. Da mesma forma, o traço de onipotência, tão próprio da juventude, leva a certezas ingênuas como "eu paro de consumir na hora em que eu quiser".

De fato, é preciso estabelecer distinções. Muitos experimentadores podem nunca mais repetir a incursão no mundo das drogas ou passar a fazê-lo esporadicamente, sem conseqüências graves. Mas uma pequena porcentagem certamente passará a usar drogas de forma regular: no início todo, fim de semana, até chegar ao consumo diário – aí, há conseqüências gravíssimas, tais como abandono escolar, isolamento social, sexo irresponsável, risco de doenças sexualmente transmissíveis, entre elas a Aids e a Hepatite C, e morte prematura.

O grande problema é justamente que ninguém (e muito menos os adolescentes) sabe quem entre os experimentadores serão apenas usuários ocasionais ou quem se tornará dependente. Há indicações claras de que, quanto mais cedo ocorre o primeiro contato, maiores são as chances de chegar à dependência.

Há também uma certeza cada vez mais sedimentada entre os grandes estudiosos do tema que diz respeito diretamente à ação dos pais e da Escola.

Uma forma eficaz de prevenção é oferecer, desde muito cedo, alternativas de prazer e felicidade às crianças e aos jovens. O consumo de drogas está diretamente ligado à busca do prazer, à ilusão de felicidade em um mundo difícil e competitivo.

O combate às drogas não é a informação (ainda que informar seja de fato imprescindível), mas o amor à vida. Fugir das drogas não é abster-se dos prazeres da existência, mas saber escolhê-los, é saber torná-los orgânicos em projetos sólidos de vida, é saber que não há felicidade sem frustração, pois a vida tem frustrações cotidianas; fugir das drogas é construir a percepção de que cada um é inescapavelmente responsável pelo próprio destino.

Ora, se partimos dessa premissa, que largo campo de ação se abre para todos nós. Podemos oferecer fontes de experiências saudáveis e de qualidade de vida, como a arte, o esporte, o lazer rico e diversificado, a ação social (por exemplo, de voluntariado), a vivência ambiental, a formação de grupos equilibrados de amigos.

Enfim, por muitos caminhos, estratégias e instrumentos, educadores e pais devem se orientar para a formação de crianças e jovens que tenham amor à vida, que possam construir projetos, que aprendam a resistir, com segurança e sem desespero, às frustrações, que tenham auto-estima e, sim, que conheçam detalhadamente os enormes riscos associados ao consumo de drogas.

. Por: Maria Helena Bresser, doutora em psicologia e diretora geral do Colégio Móbile em São Paulo

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