Potencial brasileiro faz com que produtores de flores e plantas invistam no mercado interno

Mesmo produzindo flores de excelente qualidade para competir no mercado internacional e comemorando a expectativa de crescimento do setor em 12% este ano, a floricultura brasileira ainda trabalha intensamente para ampliar o mercado interno que, de acordo com o Ibraflor - Instituto Brasileiro de Floricultura - tem potencial de elevar este crescimento em mais 5% a 10%.

De olho neste potencial, os produtores preferem não enfrentar as oscilações cambiais e destinam, atualmente, mais de 95% da produção para o abastecimento do mercado interno.

Para se ter uma idéia, o consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil ainda não ultrapassa US$ 7,00 por habitante/ano, valor 10 vezes menor do que a média européia de consumo, estimada em US$ 70 por habitante/ano. Na Noruega o consumo é de US$ 143 por habitante/ano e, na Suíça, US$ 170 por habitante/ano. O problema, de acordo com o presidente da Ibraflor, Kees Schoenmaker, é que o consumidor brasileiro ainda tem poucas informações sobre flores, folhagens e plantas ornamentais.

A realização da Expoflora, em Holambra, antecedendo a primavera, tem auxiliado, ao longo dos anos, na promoção e incentivado o consumo de flores. "A Expolfora apresenta a grande quantidade de variedades que os produtores disponibilizam ao mercado, garante visibilidade aos lançamentos e mostra a tendências do mercado de flores", explica Kees.

Este ano a Expoflora realiza a sua 26ª edição no período de 30 de agosto a 23 de setembro, de quinta-feira a domingo, das 9h às 19h. Holambra está localizada a 140 km de São Paulo e a 40 km de Campinas e tornou-se conhecida como a Cidade das Flores por concentrar os mais importantes produtores e comercializadores de flores e plantas ornamentais do país. Sozinha, a cidade responde por 40% do mercado nacional.

"A Expoflora recebe cerca de 300 mil visitantes a cada edição, provenientes das mais diversas regiões do país. Não é uma feira para que as pessoas, simplesmente, conheçam e comprem as novidades. Trata-se de uma exposição realizada para que os visitantes percebam como os ambientes internos e externos ficam muito mais bonitos e alegres com as flores e plantas e, a partir daí, habituem-se a adquiri-las para a ornamentação de suas casas, apartamentos, empresas e jardins", diz o presidente do Ibraflor.

Produção - De acordo com Kees Schoenmaker, a produção brasileira de flores e plantas ornamentais ultrapassa 6,5 mil hectares de área plantada. O principal produtor é o estado de São Paulo, que responde por 70% do cultivo, dos quais 40% estão concentrados em Holambra, onde a maioria dos moradores, estimados em 10 mil habitantes, exerce alguma atividade relacionada ao setor.

O município tornou-se o principal pólo florícola do país e referência para produtores e profissionais do agronegócio da floricultura, tanto do Brasil como de outros países da América Latina, interessados em conhecer as tendências do mercado, trocar experiências e realizar negócios. Em todo o Brasil, estima-se que cerca de 5 mil produtores dedicam-se à floricultura, entre grandes, médios e pequenos. A maior parte da atividade é desenvolvida por pequenas propriedades, com área média de cultivo de 1,5 hectares. Para os produtores, o setor gera um faturamento estimado em U$ 400 milhões por ano. No varejo, o faturamento é estimado em U$ 1,3 bilhão por ano.

A maior parte do cultivo é feita a céu aberto (71% da produção). As estufas representam 26% e as plantações em tela apenas 3%. Do total da área cultivada 50,4% são destinados para mudas; 28,8% para flores de corte; 13,2% para flores em vasos; 3,1% para folhagens em vasos; 2,6% para folhagens de corte e 1,9% para outros produtos da floricultura.

Acredita-se que setor de floricultura brasileira gera atualmente entre 120 mil empregos (entre diretos e indiretos, de acordo com o Sebrae) a 160 mil, caso seja considerada toda a cadeia produtiva que envolve o campo, a distribuição, o comércio varejista e os segmentos de apoio. Segundo a Ibraflor, apenas no campo são 25 mil empregos diretos. Na média nacional, são gerados 3,8 empregos diretos por hectare de produção, sendo 81,3% de funcionários contratados e 18,7% dos empregos preenchidos por familiares dos produtores.

A produção brasileira de flores e plantas ornamentais ainda é muito concentrada no estado de São Paulo (70%), mas tem se expandido para todos os estados brasileiros. Outros 25% da produção estão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Os 5% restantes são registrados nos novos pólos que estão sendo criados nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste (especialmente no Ceará), onde produtores de Holambra utilizam as terras para o cultivo de rosas para a exportação.

Consumo interno incentivado - Até pouco tempo as flores e plantas ornamentais eram encontradas apenas nas floriculturas. Entre as medidas tomadas para fomentar o consumo interno estão a ampliação e a diversificação dos pontos de vendas. Hoje, muitas espécies de flores podem ser adquiridas nos supermercados, que são cada vez mais atuantes neste segmento, e nos gardens centers, espécies de shopping centers de flores que ganharam força no Brasil. v

De acordo com o Ibraflor, registram-se, atualmente, cerca de 18 mil pontos de vendas espalhados pelo Brasil. "A venda de flores e plantas nos supermercados vem contribuindo para melhorar a performance do setor. No entanto, ainda é necessário que os supermercados realizem investimentos para manter a qualidade dos produtos", alerta Kees Schoenmaker.

Além de maior produtor, o Estado de São Paulo é, também, o maior consumidor e exportador de flores e de plantas ornamentais do Brasil. São Paulo responde por 40% do consumo brasileiro. Somente a capital absorve 25% do volume comercializado no Brasil. O restante abastece os demais estados, sendo o Paraná o principal importador. Portanto, ainda há espaço para ampliar o consumo interno, bem como a exportação e a produção, traçando um colorido promissor para a economia brasileira. No entanto, é necessário que estes estabelecimentos invistam mais para manter a qualidade do produto, no treinamento de pessoal e em logística refrigerada para que as flores e plantas mantenham a mesma qualidade obtida quando deixa a nossa produção", explica o presidente do Ibraflor.

26ª Expoflora, de 30 de agosto a 23 de setembro, de quinta-feira a domingo, das 9h às 19h | Tema: Flores, Essência e Sonhos, Holambra, SP 340, rodovia Campinas-Mogi Mirim, saída 140, a 140 km de São Paulo e 40 km de Campinas.Na bilheteria: R$ 22,00 - crianças até 5 anos não pagam. Informações: telefone (19) 3817-2228 ou pelo e-mail [email protected]