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06/09/2007 - 09:16

China adota nova estratégia para investir internacionalmente

Não faz muito tempo que a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) fez proposta bilionária para a aquisição da petrolífera californiana UNOCAL. Foram oferecidos US$ 18,4 bilhões pela oitava maior produtora de petróleo e gás dos Estados Unidos. A negociação, porém, terminou em frustração para ambos os lados: a CNOOC foi obrigada a retirar sua proposta após reclamações do congresso norte-americano.

Dois anos se passaram e a estratégia chinesa de inserção no mercado financeiro internacional foi renovada. O banco de fomento China Development Bank (CDB) anunciou investimento de US$ 13,5 bilhões no britânico Barclays, o que foi avaliado como a maior transação além-mar já realizada por uma empresa chinesa. Os ativos chineses serão utilizados para compor a linha de financiamento para a possível compra do banco holandês ABN AMRO.

A tática agora é comprar participações minoritárias ao invés de apostar na aquisição integral de empresas estrangeiras. Esse foi igualmente o caso da compra de participação avaliada em US$ 3 bilhões da consultoria financeira Blackstone pela China State Investment Co, em maio último. Tais negócios são o mais recente reflexo da necessidade chinesa de reciclar o excepcional volume de reservas internacionais, na casa de US$ 1,3 trilhão.

Para a China, o objetivo declarado de internacionalizar seus ativos é aumentar o retorno de seus investimentos e, acima de tudo, diversificar suas reservas, atualmente a maior parte canalizada em títulos do tesouro norte-americano. Os gestores de política monetária do país também precisam encontrar maneiras de gastar dinheiro no exterior a fim de ajudar a manter o renminbi competitivo.

Dado o atual estágio do know-how corporativo chinês, analistas ocidentais acreditam que a ausência de poder decisório nas empresas investidas pode ser benéfica no curto prazo. Muitas empresas chinesas ainda não assimilaram os modernos esquemas de gestão e podem não se adaptar automaticamente à administração de empresas ocidentais.

Também se espera que o envolvimento acionário em bancos e corporações financeiras estrangeiras possa ajudar a China a modernizar suas próprias instituições financeiras, conhecidas pela concessão de empréstimos pouco criteriosos aos clientes nacionais. As aquisições realizadas pela China têm acirrado o debate acerca da soberania dos investimentos no sistema financeiro internacional. Na União Européia, está sendo discutida a criação de um órgão similar ao Comitê sobre Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos, que avalia os investimentos a serem realizados por estrangeiros em instituições norte-americanas. Talvez não seja à toa que o Barclays e o ABN AMRO sejam bancos justamente dos dois países (Inglaterra e Holanda) economicamente mais liberais da Europa. Além do acirramento do nacionalismo econômico, o China Development Bank também enfrenta uma imagem negativa perante a comunidade internacional: o banco é responsável por financiar o projeto da represa de Três Gargantas, ambientalmente questionável, e o fundo de investimento de US$ 5 bilhões na África, um projeto que tem sido firmemente criticado por questões políticas e sociais tanto por governos da Europa quanto pelos Estados Unidos.

Apesar do cenário internacional pouco amigável, a tendência é de que a China continue buscando diversificar suas reservas. O montante investido até agora, no entanto, ainda é muito modesto se comparável ao crescimento das reservas à taxa de US$ 20 bilhões mensais. Caso a China incremente tais investimentos, é bastante possível que críticas à condução econômica do país não remetam exclusivamente à desvalorização de sua moeda, mas abarquem também a utilização de suas expressivas reservas para a compra de empresas no ocidente.| Por: CEBC

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