O resgate da nobreza em pisos e revestimentos centenários

A utilização de ladrilhos hidráulicos gera produções clássicas, nobres e versáteis tornando projetos de arquitetura e decoração em únicos e inconfundíveis.

Os amantes da arte podem observar que há algo comum acontecendo com diversos movimentos: o resgate do passado nunca foi tão valorizado como na atualidade. As produções antigas estão ganhando uma nova roupagem e agora são casadas com opções modernas, que conquistam cada vez mais espaço na mídia, na moda e na arquitetura.

Um exemplo na arquitetura é a procura cada vez maior por ladrinho hidráulico, uma peça artesanal que oferece diferentes possibilidades de utilização em pisos e revestimentos e que dá um ar sofisticado, tornando ambientes como quartos, banheiros, salas, varandas e até espaços comerciais em verdadeiros projetos diferenciados, de arrancar suspiros dos mais simples mortais.

No Brasil e no mundo, o uso dos ladrilhos hidráulicos vem crescendo e caindo no gosto de muitas pessoas. Porém, achar peças originais e em diversos padrões é bem difícil. O processo artesanal necessário para a fabricação dos pisos, que podem durar mais de 100 anos, atrai poucos empresários para este setor. A Dalle Piagge, uma das mais antigas e tradicionais fabricantes de ladrilhos hidráulicos é uma das raras empresas no Brasil que atende com maestria esta rica e especial atividade. O processo é artesanal, o resultado, único.

A Dalle Piagge tem mais de 900 modelos diferentes, fabricados por uma equipe de 16 artesãos com, no mínimo, 20 anos de experiência cada um. O processo de como é feito o ladrilho hidráulico dá a cada peça uma originalidade única.

“Primeiro, coloca-se o cimento pigmentado no molde, que pode ser de ferro, cobre ou outro metal. O formato do molde e as cores utilizadas variam de acordo com o que for solicitado pelo cliente”, explica Marcello.

Na segunda etapa, esse molde é prensado e os artesãos completam o desenho com cimento, deixando secar por 12h. O próximo passo é imergir cada peça em água, em um período que varia de duas e seis horas, de acordo com a pigmentação. “Daí o nome hidráulico, tendo esse processo em substituição ao comum, onde as peças são ‘curadas’ em um forno”, explica Divo. Depois da imersão, o piso é colocado na prateleira por 10 dias, para secagem.

Tanto trabalho não é em vão: a durabilidade de um ladrilho hidráulico é de 100 anos. “Ele não desbota, dificilmente quebra ou trinca e nunca perde seu desenho, uma vez que não é somente uma pintura superficial ou impressão: é um desenho de aproximadamente 5 mm, feito com cimento colorido”, afirma Marcello.

Muitos arquitetos utilizam os padrões florais e geométricos em revestimentos centrais, faixas e contínuos. Há também os chamados “florões”, quando quatro pisos são unidos formando um único desenho. Já outros, preferem utilizar a peça em tosões, deixando o ladrilho como um detalhe na arquitetura.

São muitas opções de cores e padronagens que dão a cada produto uma originalidade única. Os estilos podem ser em art nevau, decô, geométricos, florais, etc. A elaboração de “tapetes” é a forma mais procurada para decorar ambientes, mas as peças podem ser usadas sozinhas ou com detalhes de rodameios, faixas e outras combinações. Além da linha tradicional desenhada ou lisa, a Dalle Piagge oferece também ladrilhos hidráulicos antiderrapantes, que podem ser usadas em calçadas, garagens, piscinas, jardins e outras áreas externas.

Hoje, as peças da Dalle Piagge estão presentes em projetos de casas de campo, praia ou cidade, espaços comerciais como escritórios, lojas, locais de exposição, museus, além de imóveis históricos restaurados como a Pinacoteca, a Escola de Medicina da USP, a faixa do Valongo, no Porto de Santos e o Edifício Martinelli – o primeiro “arranha-céu” de São Paulo. “É emocionante poder restaurar alguns trabalhos que podem ter sido feitos por meu avô ou bisavô há mais de 50 anos”, relata Marcello Ruocco.