Tecnologia automotiva além das linhas de montagem

Simea 2007 debate a importância das tecnologias da indústria automobilística para o desenvolvimento econômico do Brasil

Veículos mais confortáveis, seguros, econômicos, com alta qualidade e melhor custo-benefício são a meta de toda a indústria automobilística e o desejo dos consumidores. Desde os primórdios, a cada projeto novas tecnologias são desenvolvidas. O que pouco se discute é o quanto essas tecnologias interferem no crescimento da economia como um todo, e não apenas do setor automotivo. O XV SIMEA (Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva), organizado pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), será o espaço para este debate. Com o tema Tendências Tecnológicas no Transporte, o evento acontece de 2 a 4 de outubro, no Centro de Convenções Milenium, das 8h às 18h.

Dentre os vários assuntos a serem discutidos no SIMEA 2007, destaque para Emissões Veiculares e Combustíveis Alternativos, intrinsecamente ligados. O Brasil, com o pioneirismo dos motores flex, o uso do álcool combustível (etanol) e, mais recentemente, o biodiesel, tornou-se referência mundial nessa área. As emissões provocadas por veículos novos foram reduzidas em 90% e, hoje, poluem 40 vezes menos do que há 20 anos. Ponto para a indústria, ponto para o meio ambiente, sobretudo em uma época em que o aquecimento global é tema constante.

Fora do mundo automotivo, a produção de etanol e de biocombustíveis representa um novo segmento para a economia brasileira: a agroenergia. Segundo dados do Ministério de Relações Exteriores, nas últimas três décadas, o uso do álcool, em substituição à gasolina, gerou economia de mais de um bilhão de barris equivalentes de petróleo, o que corresponde a cerca de 22 meses da produção atual de petróleo no País. Nos últimos oito anos, sua utilização resultou em economia na importação de petróleo, que se elevou a US$ 61 bilhões, aproximadamente o total da dívida externa pública do Brasil.

Na outra ponta da balança comercial, a expansão do álcool no mercado internacional tem impulsionado o comércio exterior. Segundo dados do Departamento de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, no primeiro semestre de 2007 as exportações brasileiras totais de álcool cresceram 70,9% em volume e 98,7% em faturamento, comparado a igual período do ano anterior.

Quanto aos combustíveis convencionais, uma das principais discussões no SIMEA 2007 será em torno da legislação Euro 4 e da qualidade necessária para o óleo diesel a ser comercializado. O Brasil conseguirá atendê-la a partir de 2009? O País tem infra-estrutura de distribuição? Em que fase estão os testes, que são decisivos para promover as adequações necessárias nos veículos? “Em busca das respostas, vamos promover o debate entre governo e indústria”, reforça Henry Joseph Junior, presidente do Comitê Organizador do SIMEA 2007.

Outros setores – Além da agroenergia, a indústria automobilística impulsiona outros setores da economia brasileira. Motivo pelo qual, a abertura do SIMEA contará com a presença do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

Novamente, os números comprovam. Em 2006, segundo dados da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a indústria automobilística, incluindo o setor de autopeças, representou 4,6% do PIB nacional e 18,5% do PIB industrial. Direta e indiretamente, o segmento empregou 1,3 milhão de pessoas.

Outro aspecto que demonstra a importância da evolução da tecnologia automotiva refere-se ao leva-e-traz de cargas e pessoas. Em um país com larga extensão territorial como o Brasil, onde o modal rodoviário responde por cerca de 70% do transporte, é necessário que ônibus e caminhões sejam dotados de tecnologia capaz de suportar as condições das estradas brasileiras, das quais apenas 10% são asfaltadas.

Tal desenvolvimento tecnológico transformou o Brasil de importador a destacado exportador. Em 2006, 47% da produção de ônibus e 36% da de caminhões foram embarcados. Ponto para a balança comercial.

Esses e outros assuntos relacionados à importância da tecnologia automobilística no desenvolvimento econômico e social do País serão debatidos no SIMEA 2007. E não apenas no contexto atual/local. O Projeto Simba, do qual a AEA é representante oficial no Brasil, também terá espaço garantido no simpósio. Trata-se de um programa que visa à criação de uma rede de cooperação internacional entre a União Européia e os mercados emergentes da China, Índia, Brasil e África do Sul, para discutir melhorias no transporte viário.

Programa básico – A programação do SIMEA 2007 contará com especialistas em vários temas, que atuam na indústria automobilística, no governo e em entidades afins. Serão diversas palestras e painéis, além da apresentação dos trabalhos acadêmicos, que este ano terão inscrição gratuita.