Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

27/12/2011 - 08:13

Distúrbio cerebral considerado “raro” pode ser mais comum do que se pensa, dizem cientistas da Mayo Clinic

Jacksonville, Florida— Uma equipe mundial de neurocientistas, liderada por pesquisadores da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, descobriram o gene responsável por um distúrbio cerebral, que pode ser muito mais comum do que se acredita. Na edição online de 25 de dezembro do jornal Nature Genetics, os pesquisadores dizem que identificaram 14 mutações diferentes no gene CSF1R, que levam ao desenvolvimento da leucoencefalopatia difusa hereditária com esferóides (HDLS — hereditary diffuse leukoencephalopathy with spheroids). Esse é um distúrbio devastador da matéria branca do cérebro, que leva pessoas de 40 a 50 anos à morte. Pessoas que herdam esse gene anormal sempre desenvolvem a HDLS.

A descoberta é importante porque os pesquisadores suspeitam que a HDLS é mais comum do que se pensa. De acordo com o pesquisador sênior do estudo, o neurologista Zbigniew Wszolek, uma quantidade significativa de pessoas que, nesse estudo, fizeram testes para identificar o gene anormal e os resultados foram positivos, foram diagnosticadas com uma ampla variedade de outros problemas. Essas pessoas eram parentes, como já se sabia, de pacientes com HDLS e, por isso, seus genes também foram examinados.

“Como os sintomas da HDLS variam largamente — qualquer coisa, desde mudanças de comportamento e de personalidade a convulsões e problemas de movimento —esses pacientes receberam diagnósticos errados, como se sofressem de esquizofrenia, epilepsia, demência frontotemporal, doença de Parkinson, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral (derrame) ou outros distúrbios”, diz Zbigniew Wszolek. “Muitos desses pacientes foram, portanto, tratados com medicamentos que só ofereceram efeitos colaterais tóxicos.

“Em vista dessa descoberta, poderemos ter, em breve, um teste de sangue que poderá ajudar os médicos a diagnosticar a HDLS e eu prevejo que esse caso pode ser muito mais comum do que qualquer um poderia imaginar”, ele diz.

O neurologista Zbigniew Wszolek é conhecido internacionalmente por seus esforços de longo prazo para reunir pesquisadores de todo o mundo para ajudar a encontrar casos de distúrbios cerebrais raros e descobrir suas raízes genéticas.

O interesse do neurologista na HDLS foi despertado quando, em 1995, um paciente gravemente afetado foi a uma consulta e mencionou que outros membros de sua família tinham o problema. Ele não conseguiu diagnosticar definitivamente a doença com base em autópsia do paciente por causa de mudanças na matéria branca. Até então, apenas uma família na Suécia havia sido diagnosticada com HDLS.

Zbigniew Wszolek começou a buscar outros casos e seu colega da Clínica Mayo, o patologista Dennis Dickson, se lembrou de que observou tais mudanças na matéria branca do cérebro, quando em treinamento. O neurologista começou a falar sobre a HDLS em todas as apresentações de pesquisa que fizera em todo o mundo. Em pouco tempo, ele recebeu amostras de cérebro da Noruega, do Reino Unido, do Canadá e de diversas áreas dos Estados Unidos. Ele e sua equipe de pesquisadores e colaboradores publicaram, desde então, diversos estudos descrevendo o distúrbio e realizaram cinco encontros mundiais para discutir a HDLS.

Nesse estudo, que incluiu 38 pesquisadores, de 12 instituições, em cinco países, a autora principal do trabalho, a pesquisadora Rosa Rademakers, Ph.D., liderou os esforços para encontrar o gene responsável pela HDLS. Seu laboratório estudou amostras de DNA de 14 famílias, nas quais pelo menos um parente fora diagnosticado com HDLS, e comparou aquelas amostras com as de mais de 2.000 participantes sem a doença. O gene foi encontrado, no final das contas, usando-se uma combinação de estudos tradicionais de ligação genética com métodos de sequenciamento avançados, descobertos recentemente. Muitos dos membros de famílias estudados — os quais tinham mutações genéticas da HDLS — não haviam sido diagnosticados com a doença, mas com algum outro problema de saúde, o que enfatizou, portanto, a noção de que a HDLS é um distúrbio pouco diagnosticado.

A proteína CSF1R é uma importante receptora no cérebro, que está principalmente presente nas microglias, células do sistema imune. “Nós identificamos uma mutação diferente da CSF1R em cada família com HDLS que estudamos”, diz Rosa Rademakers. “Todas as mutações foram localizadas no domínio cinase da CSF1R, que é crítico para sua atividade, o que sugere que essas mutações podem levar a atividades deficientes das microglias. Como isso leva à perda de células cerebrais nos pacientes com HDLS ainda não está entendido, mas agora temos um fio condutor importante para o estudo”, ela afirma.

“Como nenhuma outra doença encontramos tantas famílias afetadas tão rapidamente”, diz Zbigniew Wszolek. “Isso me diz que essa doença não é rara, mas bem comum”, declarou.

“É fantástico poder começar uma pesquisa com um único caso e terminar, com a ajuda de outros pesquisadores, no que acreditamos ser uma descoberta de nível internacional de um gene”, ele acrescentou.

O estudo foi financiado por um benfeitor da Mayo e pela Fundação Mayo. Além disso, a Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, é um Centro de Excelência de Pesquisa da Doença de Parkinson Morris K. Udall, apoiado pelo Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Acidentes Vasculares Cerebrais.

Para mais informações sobre tratamento da HDLS e de outros distúrbios neurológicos na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 1-904-953-7000 ou envie um email para [email protected].

Perfil da Mayo Clinic- A Clínica Mayo é o primeiro e maior centro de medicina integrada do mundo. Médicos de todas as especialidades trabalham juntos no atendimento aos pacientes, unidos por um sistema e por uma filosofia comum, de que “as necessidades dos pacientes vêm em primeiro lugar”. Mais de 3.700 médicos, cientistas e pesquisadores, além de 50.100 profissionais de saúde de apoio, trabalham na Clínica Mayo em Rochester (Minnesota), Jacksonville (Flórida) e Phoenix/Scottsdale (Arizona). Juntas, as três unidades tratam mais de meio milhão de pessoas por ano. [www.mayoclinic.com].

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira