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28/01/2012 - 08:47

Ensino superior em xeque

A educação está na mesma direção que as empresas que são fusionadas, incorporadas ou adquiridas, dentro de um cenário em que se busca competitividade e novas estratégias para sua manutenção. Só que o risco de se tornar monopólio ou oligopólio pode prejudicar as condições de liberdade de escolha dos consumidores. Por isso, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) tem agido no sentido de minimizar esses problemas não autorizando.

No setor educacional não poderia ser diferente. Várias instituições de ensino em dificuldades financeiras vêm buscando traçar as melhores alternativas em busca de algo emergencial para salvaguardar o patrimônio: seja na busca de parcerias e, na pior das hipóteses, na venda para outros grandes grupos. A abertura de capitais de algumas instituições de ensino facilitou a entrada de recursos financeiros mais baratos e, diante dessa situação, efetuou um planejamento mais enxuto na busca de maximizar alunos por sala de aula, buscando a menor relação custo versus aluno possível.

As principais instituições que abriram o capital e disponibilizaram ações em bolsa buscaram se capitalizar, ganhando um poder de fogo enorme frente a outras que possuem dificuldades financeiras. O MEC (Ministério da Educação) como órgão que regula e fiscaliza as instituições de ensino – públicas e privadas – é responsável pelo diagnóstico da situação operacional e financeira de cada faculdade/universidade, inclusive de atendimento das diretrizes instituídas formalmente pelos seus órgãos. Alguns anos se passaram e se percebe que a busca pela lucratividade a ser paga ao acionista é uma responsabilidade grande e deve ser respeitada. Quem coloca o capital em risco precisa ser remunerado de maneira adequada para evitar possíveis choques com a gestão.

A grande preocupaçãoatual, na contramão da situação econômico-financeira do País, é a demissão de aproximadamente 680 professores de uma grande instituição de ensino superior de capital aberto, justificada pela necessidade de ajuste de grade horária para o próximo semestre. Essa situação é avaliada pelo Sindicato dos Professores de maneira tardia. A entidade deveria ter agido de maneira mais prudente e antecipada, pois é inconcebível.

As instituições de ensino entraram no mercado de capitais e deixaram de ser filantrópicas para ter o lucro como base de sustentação. Quando há compra, fusão ou incorporação de outras instituições, a sinergia – que é a busca de maximizar a lucratividade com redução de custos – barra-se, principalmente, na demissão de profissionais com base salarial muitas vezes acima da média. Se não houver uma atenção mais firme do MEC nessas ações, a qualidade do ensino vai ser cada vez pior, permitindo ainda que haja uma redução do número de instituições de ensino, tirando, assim, a oportunidade do aluno de escolha por aquela que acredita que vai ao encontro de seus interesses. O canibalismo é presente e uma melhor análise deverá ser efetuada para que não aconteça uma situação muito triste – uma quebradeira geral no futuro.

O Brasil, através da presidenta Dilma, que tem demonstrado seriedade, precisa fazer com que o MEC aja para minimizar tais acontecimentos. O problema está acabando com a carreira do professor e criando o risco de que os alunos não tenham conhecimento mínimo para assumir as responsabilidades que o País espera dosprofissionais de nível superior.

.Por: Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.

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