Focus: mercado continua ajustando projeções de Selic

Segundo a última pesquisa Focus, a mediana das expectativas para o IPCA em 2012 manteve lenta e gradual trajetória de queda, passando de 5,29% para 5,28%. Para 2013, a mediana do mercado permanece apontando inflação acima do centro da meta, em 5,0%.

Já a mediana das expectativas das Instituições Top 5 de médio prazo para o IPCA 2012 se manteve em 5,41%.

A mediana suavizada das projeções para o IPCA nos próximos 12 meses também permaneceu estável (em 5,30%) nesta última leitura do Focus. As projeções para os IGPs, por sua vez, adotaram movimentos opostos: a mediana do IGP-DI recuou de 4,97% para 4,96%, ao passo que a do IGP-M avançou de 4,98% para 5,01%.

A mediana das expectativas para o crescimento do PIB subiu ligeiramente para 2011 (de 2,84% para 2,85%), mas permaneceu estável em 3,27% para 2012. Para o crescimento da Produção Industrial, as projeções recuaram para 2011 (de 0,55% para 0,49%) e avançaram para 2012 (de 2,94% para 3,00%).

Destaque novamente para a mudança na avaliação acerca dos próximos passos da política monetária. Na semana passada o mercado havia adiado para agosto o encerramento do ciclo de cortes da taxa básica. O orçamento total de ajuste foi mantido (até 9,50%), mas agora foi antecipado para maio. A mediana das projeções aponta para cortes de 50 p.b. em março, 37 p.b. em abril (para 9,63%) e 13 p.b. em maio (para 9,50%).

Frente à perspectiva de retomada da atividade no segundo semestre de 2012, espera-se que o Banco Central retire parte do estímulo monetário dado até então, elevando a Selic além de 10,25% ao final de 2013 (mediana das projeções: 10,38%). Vale notar, no entanto, que as projeções mensais indicam que o juro básico superaria 10,75% até agosto de 2013 (mediana das projeções: 10,88%).

Na semana passada o BC divulgou a ata da última reunião do Copom. O documento trouxe mudanças importantes, principalmente ao expor de forma mais clara a posição da autoridade em relação à trajetória futura da Selic.

Como reforço à sua argumentação, o BC introduziu um parágrafo em que destaca os efeitos, sobre o nível da taxa de juros neutra, de mudanças estruturais ocorridas na economia brasileira. Além disso, alertou que a desaceleração da atividade doméstica no 2º semestre do ano passado foi maior do que se antecipava e que eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira européia. Com efeito, “o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito”.

Essa sinalização, portanto, reforça a projeção da LCA de que a Selic será reduzida para 9,5% ao ano (através de mais dois cortes de 50 pontos-base), enfraquecendo as apostas de que o ajuste das condições monetárias poderia ser encurtado.

Cumpre notar, entretanto, que o BC explicita na ata que suas perspectivas de convergência da inflação para a trajetória das metas estão atreladas ao comportamento das variáveis fiscais. Caso haja alguma frustração na seara fiscal, o ritmo de ajuste da Selic – e, eventualmente, a sua extensão adicional – pode ser diminuído.

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