Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

02/02/2012 - 10:22

Caso Laerte: há 13 anos, o livro Nicola, um romance transgênero já discutia o crossdresser


Editado na virada do século, bem antes do episódio na pizzaria Real, obra utilizava pela primeira vez na literatura brasileira o termo “transgênero” e tinha personagem crossdresser .“Não entendo muito dessas coisas. Não sei o que é crossdresser.”

O caso - Renato Cunha, sócio da Pizzaria Real, que fica no bairro Sumaré em São Paulo, capital, estava confuso. Confessava a uma repórter que não sabia por que o cartunista Laerte Coutinho, 60 anos, vestia-se de mulher e por que utilizava o banheiro feminino da pizzaria.

Dias antes, a pedido de uma cliente, Cunha havia solicitado para o cartunista não utilizar o banheiro das mulheres. Indignado, Laerte avisava nas redes sociais que iria acionar a Secretaria de Estado da Justiça contra o que qualificava como um “cerceamento” à sua liberdade individual.

O caso aconteceu na noite de 24 de janeiro. Foi publicado no jornal O Estado de S.Paulo em sua edição do dia 26 e na Folha de S.Paulo, um dia depois (27 de janeiro). O telejornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, contou a história e trouxe uma entrevista com Laerte na manhã de segunda-feira, dia 30.

Laerte foi a primeira celebridade brasileira a sair do armário e se declarar crossdresser. O termo inglês significa utilizar as roupas do sexo oposto. Para especialistas, esse comportamento – assim como o travesti e o transexual – são disforias de gênero. Isso significa que existe uma incompatibilidade entre o sexo biológico de um indivíduo e sua identidade de gênero.

Para exemplificar: embora tenha genitais masculinos e possa se relacionar sexualmente com mulheres, Laerte se veste de mulher, porque não se sente à vontade em roupas masculinas.

O livro - O caso que chega agora à mídia foi tratado, em 1999, pelo livro Nicola – um romance transgênero, das edições GLS. O livro tinha um personagem crossdresser e utilizou pela primeira vez, na literatura, o termo “transgênero”.

Nicola/Nicole revela a ambiguidade de um personagem dividido. Um professor universitário, casado, com filhos, gosta de usar trajes femininos. O livro tem até uma passagem muito semelhante ao caso vivido por Laerte. O momento em que o crossdresser Nicola vai ao banheiro e tem de optar entre uma porta e outra:

“Depois de alguns segundos de hesitação – hesitação não, pânico mesmo – Nicola ergueu-se. Puxou o vestido para baixo. Pegou a bolsa e atravessou o salão. Sentia todos os olhares sobre ele. Diante dos dois signos (cartola e leque), entrou na porta onde se via o leque”.

Para o autor, Danilo Angrimani, Nicola – um romance transgênero o livro antecipou um movimento que já era realidade em outros países. “Lembro que o termo transgênero era algo tão novo no Brasil que a então editora das Edições GLS Laura Bacellar decidiu escrever um lembrete, na apresentação do livro.”

Premonitório, o lembrete de Laura Bacellar dizia: “Nicola merece o subtítulo de romance transgênero. É a primeira obra brasileira (de meu conhecimento) a ter uma personagem principal tão fora dos padrões sexuais de nossa sociedade. Acredito, no entanto, que já faça parte de uma literatura, de um pensamento, de uma cultura que estão começando”.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira