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03/02/2012 - 09:46

SBPT recomenda prescrição de medicamentos de reposição de nicotina

Os medicamentos de reposição de nicotina recomendados para o tratamento do tabagismo devem continuar a ser ministrados aos fumantes, por prescrição médica. A indicação é da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), que se posiciona favoravelmente ao seu uso, após a divulgação de recente estudo norte-americano que questiona sua eficácia para o tratamento do tabagismo.

Esses remédios formulados à base de nicotina, responsável pela dependência química dos fumantes, vêm sendo utilizados desde 1984 em diversos países e com eficácia comprovada por diversos estudos científicos, inclusive com metanálises sistemáticas (comparação de resultados de várias pesquisas) realizadas pela conceituada Revisão Cochrane Internacional.

Em 2008, a Comissão de Tabagismo da SBPT reuniu um grupo de médicos com expertise no tratamento do tabagismo e elaborou o documento “Diretrizes para Cessação do Tabagismo” um dos documentos mais consultados da literatura nesta área – recomendando o uso desse tipo de medicação à base de reposição de nicotina, baseada em diversas evidências científicas, inclusive do seu uso no Brasil. Mais informações em http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v34n10/v34n10a14.pdf

Os pneumologistas recomendam o uso destes medicamentos por duplicar as chances de o fumante parar de fumar (associados ao aconselhamento cognitivo-comportamental), além de reduzir o desconforto dos sintomas da abstinência, por ter eficácia, ser custo-efetivo e facilidade de administração, em diversas situações clínicas cotidianas, inclusive em pacientes hospitalizados ou com distúrbios psiquiátricos.

Esses medicamentos estão disponíveis na forma de adesivos para colocação na pele (ação prolongada, de 16 a 24 horas) e para ação rápida recomendam-se gomas e pastilhas (em casos de fissura). Estes remédios, junto com os comprimidos do antidepressivo bupropiona e da vareniclina, fazem parte do arsenal terapêutico para ajudar o fumante a deixar a dependência.

Desde 2004 o Programa Nacional de Controle do Tabagismo coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, oferece adesivos, gomas, pastilhas e a bupropiona nas unidades do Sistema Único de Saúde, assim como manuais com orientações para as pessoas deixarem de fumar. As taxas de abstinência mantida após 12 meses do tratamento com o uso de medicamentos (quando indicados), associado às técnicas de aconselhamento cognitivo-comportamental, chegam a 35%, de acordo com estudo de Custo-Efetividade em Intervenções para Tratamento do Tabagismo no Brasil (COPPE/UFRJ, 2008).

No entanto, quando o fumante tenta abandonar o vício por conta própria, a taxa de cessação em um ano varia de 3 a 5%. Segundo a Comissão de Tabagismo, esta constatação reforça que se trata de uma doença crônica, neurocomportamental, sujeita a várias recaídas mesmo após tentativas bem sucedidas e tratamentos bem conduzidos.

Em geral o fumante tenta de três a 10 vezes abandonar o cigarro antes de se livrar do vício. Não raro, o fumante precisa de ajuda médica para deixar o cigarro e reduzir os riscos de doenças relacionadas ao tabaco que podem matar, gerar incapacidades definitivas e piorar a sua qualidade de vida. Isto pode ser feito com ajuda profissional – como é feito para qualquer doença – com a oferta de medicamentos para superar os sintomas da abstinência e apoio para as mudanças comportamentais.

Segundo a SBPT, as conclusões do estudo dos pesquisadores norte-americanos são precipitadas e não podem ser extrapoladas para a realidade brasileira e a de outros países. O estudo apresenta diversos problemas metodológicos, desde os critérios para inclusão de pacientes, até não deixar claro como foram feitas as abordagens do tratamento nos diferentes centros onde os pacientes foram tratados.

Brasil-No Brasil, apesar da redução significativa da prevalência de fumantes, ainda existem 25 milhões de dependentes da nicotina, com tendência a se concentrarem nos extratos populacionais de menor renda e escolaridade e nas áreas rurais. Estes dados, de 2008, são do PETAB-IBGE 2008 (Pesquisa Especial sobre Tabagismo) e precisam ser considerados à luz da nossa realidade e do que representa este contingente populacional em termos da dificuldade de acesso aos serviços de saúde e ao menor nível de conscientização para serem impactados pelas políticas públicas para deixar de fumar.

O olhar médico da SBPT, que lida especialmente com enfisema pulmonar e bronquite crônica, além do temível câncer de pulmão, entre outros, é que é imprescindível oferecer ajuda médica, com suporte comportamental e medicamentos para enfrentar esta epidemia. Não se pode deixar os fumantes à própria sorte, pois é sabido que o custo médico-social será elevado para suas famílias, para a atividade produtiva, para a sociedade e o país.

A SBPT apoia as medidas da ANVISA na regulação do fumo e as políticas do governo no tocante ao controle do tabagismo, especialmente o fato de o país oferecer tratamento gratuito com suporte comportamental e medicamentos para os pacientes fumantes. Este programa é fundamental e precisa ser ampliado, estendido para todo o país, como direito inalienável de toda pessoa dependente da nicotina, como, aliás, o governo faz muito bem com a AIDS, tuberculose etc.

“Parar de fumar é um processo longo – fruto de várias tentativas e aprendizados – que envolve a articulação de um conjunto de políticas, mudanças de paradigmas sociais, acesso a informação sobre os riscos, capacitação de profissionais de saúde e, adequado suporte comportamental e medicamentoso para superar o período da abstinência. Também requer por parte da pessoa dependente da nicotina mais do que a força de vontade, a motivação, determinação, o convencimento e a consciência de mudar comportamentos associados ao fumar e, que resistir à primeira tragada aumentará as suas chances de ter uma vida com mais qualidade e de reduzir os riscos de adoecimento e morte”, conclui a SBPT.

Para a entidade, parar de fumar, assim como começar a fumar, não é responsabilidade somente do indivíduo, mas da sociedade: o tabaco foi exposto na mídia à exaustão e é uma droga lícita, mas mortal. Quem fuma precisa ser ajudado a fazer a travessia para uma vida mais saudável. Os médicos podem tratar e o Estado tem obrigação de oferecer assistência aos fumantes, da mesma forma que o faz para o diabetes, a hipertensão arterial etc., para reduzir o impacto das doenças crônicas não-transmissíveis, que tem no tabaco o seu principal vilão, pois é a primeira causa evitável de morte no planeta.

Segundo os pneumologistas, toda verba aplicada contra o tabagismo deve ser tratada como investimento. O tratamento é custo-efetivo, produz grande impacto na redução das doenças e mortalidade causadas pelo tabaco. Para tanto, os recursos devem ser disponibilizados, inclusive os medicamentos à base de reposição de nicotina.

Trata-se de uma epidemia, na qual se conhece o agente, quem o produz, como se transmite até para quem não fuma, o que ele provoca em curto, médio e em longo prazo, e quem efetivamente lucra com isso: a indústria do tabaco. Oferecer o tratamento para os fumantes baseado nas melhores evidências científicas é um dos artigos da Convenção-Quadro para o Controle do Tabagismo e o Brasil precisa garantir esta política, reforçada pelo conhecimento científico e respaldo das sociedades médicas, como a de pneumologia.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) é uma associação médica sem fins lucrativos, de caráter científico, cultural e representativo, fundada em 1937. A SBPT é a associação representativa dos especialistas na área das doenças respiratórias, incluindo os pneumologistas, cirurgiões torácicos, endoscopistas respiratórios e pneumopediatras, representados pelos seus departamentos. A meta da SBPT é a difusão do conhecimento sobre as diversas enfermidades do aparelho respiratório, a atualização sobre a especialidade e a defesa profissional dos seus associados tendo como objetivo a melhora da saúde da nossa população.[www.sbpt.org.br].

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