O líder e a corporação

Atualmente, é fundamental que um líder entenda o ambiente de negócios em que vive, para perceber as implicações éticas que o rodeia e compreender a responsabilidade de ter uma postura moral, de acordo com os padrões da organização. Mas, inicialmente, o que se entende por ética nas organizações?

Por ser uma questão de visão de mundo, a ética possui historicamente diversas conceituações. O Instituto Ethos, uma referência no assunto, afirma em seu artigo chamado “Reflexão: A Ética nas Organizações, Ano 2 - No. 4, 2001”, que a ética empresarial ou organizacional pode ser entendida como o descobrimento e a aplicação dos valores e normas compartilhadas pela sociedade no âmbito da empresa ou organização, especificamente, no processo de tomada de decisões a fim de aumentar sua qualidade.

A liderança pode ser caracterizada como a capacidade de influenciar pessoas a cooperar, de forma espontânea, com os objetivos de uma determinada instituição. Consiste em persuadir as pessoas, de forma criativa e positiva, para que elas caminhem de encontro aos propósitos e valores estabelecidos pela organização. Nesse contexto, o envolvimento do líder acarreta duas exigências: que a liderança seja digna da confiança dos seus liderados e que os liderados sejam, por sua vez, dignos da confiança do líder.

Porém, o enorme desafio que os líderes enfrentam nas organizações contemporâneas é lidar com a transparência de suas ações e a pressão do universo competitivo dos negócios. Muito se fala sobre as obrigações de um líder, mas raramente discute-se sobre como ele deveria ser e quais aspectos de sua personalidade, de caráter e de competências (cognitiva, automotoras e atitudinais) deveriam ser considerados.

O líder nato influencia pessoas a alcançar um objetivo em comum. Mudanças organizacionais, por exemplo, envolvem processos de gestão da mudança que normalmente causam choques culturais e desconfortos para as equipes. Esse processo pode ser amenizado, se o líder observar, analisar e propor ações estratégicas que minimizem o impacto negativo das mudanças em seus subordinados, e que, ao mesmo tempo, os mantenham alinhados ao novo momento ou modelo de negócio da organização.

Os líderes devem ser responsáveis pela visão motivadora e pela criação de valores organizacionais que incentivem o trabalho e o espírito de equipe, apóiem a criatividade, a aprendizagem e a pró-atividade e desenvolvam a competência emocional. Além disso, eles não devem abrir mão da ética que envolve o processo de decisão em detrimento de objetivos de curto prazo ou resultados financeiros; também devem questionar as práticas pré-estabelecidas que limitam a visão e a evolução da empresa.

O líder deve adquirir o respeito e a confiança dos seus subordinados. A sociedade rejeita o uso manipulador do poder. Por meio de pontos de vista, atitudes, lealdade e outros elementos intangíveis, é possível que ele colabore para a renovação do espírito positivo e colaborativo de sua equipe. As pessoas desejam seguir líderes íntegros e coerentes, o que acaba por atrair para suas equipes, pessoas mais capacitadas, competentes e motivadas.

Por outro lado, torna-se estratégico para as empresas ter instrumentos institucionais que permitam verificar o comportamento dos líderes e balancear a distribuição de poder. Vale ressaltar que o líder talentoso e eficaz também comete erros. Se ele possuir consistência moral em suas ações, mesmo que um erro estratégico, tático ou econômico pareça insustentável para a sua permanência na organização, ele encontrará um ambiente favorável para a auto-correção.

. Por: Ana Paula Bigois, bacharel em Administração de Empresas, especializada em Marketing, pela FGV-SP, pós-graduada em Estratégia de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, pela USP, atualmente cursa MBA na Trevisan Escola de Negócios e é Gerente de Marketing da Trevisan Outsourcing. E-mail: [email protected]